Questões como "Qual é a concepção de Deus de Lisa?" ou "O mau comportamento de Bart pode ser visto à luz de Nietzsche?" colocam-se, quando vistas à lupa, sob um ponto de vista filosófico, numa das séries de televisão mais conhecidas e populares entre todos os escalões etários, nos últimos anos -"The Simpsons". Um livro denominado exactamente "The Simpsons and Philosophy" dá conta da componente filosófica que atravessa a série animada, que é baseada na vida de uma cidade e dos seus habitantes com uma dose de ironia em trejeitos intemporais.O autor da série, Matt Groening, estudou Filosofia, e assume, naturalmente, a influência que esta teve na criação dos conteúdos de "The Simpsons".Dezoito ensaios, uns mais detalhados que outros, de vários filósofos, explicam a relação entre a série animada norte-americana e as teorias que fazem a história da filosofia. O livro, já utilizado para estudo na universidade, estabelece, por exemplo, comparações entre Bart Simpson e Nietzsche, pelo seus retratos de ética anarquista. Associa Maggie Simpson a Lao Zi pela valorização do silêncio, e ainda Homer Simpson com Aristóteles, por viver uma "vida cheia".Os ensaios exploram a tese de Homer ser moralmente inapto como parece. Se Lisa nos pode ensinar alguma coisa sobre a intelectualidade na América, bem como se os "Simpsons" actualmente oferecem uma tradicional (conservadora) visão da família, entre uma série de outros decentes tópicos. Há sempre o pretexto de uma personagem ou circunstância de "The Simpsons" para apresentar ao leitor o pensamento de um importante filósofo. Por exemplo, "Thus spake Bart" é uma óptima breve introdução a Friedrich "God is Dead" Nietzsche e, simultaneamente, uma das mais fortes análises do livro. "A (Karl, not Groucho) marxist in Springfield", que trata com detalhe a possibilidade de "The Simpsons" serem ao mesmo tempo marxistas críticos das sociedades capitalistas, é outro dos ensaios similarmente engajados.A obra pretende atrair os que gostam da filosofia para a animação ou então o contrário. A partir da série também se pode aprender algumas das coordenadas mais importantes da arte do bem pensar.Foi nos anos 70 que o humor cáustico dos "Monty Phyton" se tornou centro da cultura popular. Agora é visto numa perspectiva filosófica em "Monthy Python and Philosophy" . No livro que estende o reconhecimento cultural ao mundo da filosofia, 50 especialistas em temas como mitologia, budismo, feminismo, lógica, ética apresentam a sua análise sobre os "Python". "Os Sopranos" também tiveram direito a um livro. É Tony Soprano um homem bom? É Carmela uma feminista? Moralmente, quem é a pessoa mais má dos 'Sopranos'? Tudo questões exploradas pelos 17 ensaios do livro que analisam as aventuras e as personalidades da série, pelas suas possibilidades metafísica, epistemológica, filosófica ocidental e contemporânea pós-moderna.
http://jn.sapo.pt/2006/06/12/televisao/
the_simpsons_vistos_como_tratados_fi.html
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