Nota:
“Só a verdade ofende” Provérbio francês
Luís Delgado é daquelas pessoas que basta ler algumas coisas do que escreve para desejar nunca ter a necessidade de o encontrar pela frente. Não por temor, mas por nojo. Uma única vez, e espero que seja a última, cruzei-me por momentos, com tal monumento decadente do género humano. Quando a pessoa que ía comigo me chama a atenção dizendo: “Sabes quem é que aí vem?” a minha reacção foi só esta: “Porra!!!”
Só que como diz o ditado popular “Só a verdade ofende” e Gunter Grass tem muito que explicar e durante estes últimos dias não vi ninguém a não ser as direitas, questionar o escritor, o humanista, o prémio Nobel, o impoluto, o virtuoso, o puro, o imaculado, enfim por analogia, outro Manuel Alegre, mas este de língua alemã.
http://franciscotrindade.blogspot.com/2006/07/manuel-alegre-reformado-com-trs-mil.html
Por isso Gunter toma lá esta do Delgado e amanha-te se puderes!...
De Fidel a Grass
Meu Deus: um esquerdalho puro e duro, do mais radical que existe e existiu, Nobel da Literatura, que após o 25 de Abril era uma das fontes de inspiração de grupos que queriam o modelo estalinista e/ou maoísta em Portugal, e que disse e escreveu prosas intolerantes e delirantes sobre a democracia ocidental, de nome Günter Grass, revelou agora, mais de 50 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, que tinha sido membro das SS, de Himmler.Fantástico. A variação ou deriva mental não é de espantar: passou de um radicalismo para outro, sendo que no primeiro caso é preciso dizer algumas coisas: não entrou nas SS por azar, ou sorteio, mas por escolha e decisão própria, como era obrigatório, prestando um juramento de total e absoluta fidelidade a Hitler, a Himmler e ao regime nazi.Era a "raça" escolhida, a guarda pretoriana do regime, cujo fanatismo perdurou até às últimas horas. Eram eles que guardavam os campos de concentração, autores do Holocausto, que matavam sem arrependimento, e que praticaram os maiores e mais horrendos crimes da Segunda Guerra Mundial, tanto contra a sua própria população como em todos os países que ocuparam e destruíram.Pertencer às SS, na circunstância, e isso Günter Grass tem de dizer e explicar, não foi fruto do acaso, mas uma escolha premeditada, consciente e assumida. Já agora convém saber tudo o que fez, sendo que implicitamente, mesmo que por omissão, ajudou a cometer todos os crimes contra a humanidade que são imputados às SS. Uma vergonha. Jamais teria recebido o Nobel da Literatura, se tivesse tido a grandeza de revelar o seu passado.
Luís Delgado Jornalista
Gunter Grass: autobiografia praticamente esgotada em um dia
A autobiografia de Gunter Grass, onde o escritor alemão revela que se alistou nas SS no final da II Guerra Mundial, ficou praticamente esgotada um dia depois de ter chegado às livrarias, anunciou hoje a editora Steidl.
Cerca de 130 mil dos 150 mil exemplares postos à venda quarta- feira na Alemanha, Áustria e Suiça já foram vendidos, precisou a porta-voz da editora, Cláudia Glenewinkel.
O livro, intitulado «Beim Hauten der Zwiebel» («Ao descascar a cebola») , só devia sair dia 1 de Setembro, mas por causa do escândalo suscitado pela revelações do passado de Gunter Grass, a editora decidiu antecipar o lançamento.
Numa entrevista difundida sexta-feira passada, Gunter Grass confessou, pela primeira vez, que se alistou nas SS, a tropa de elite da Alemanha nazi, em 1945, quando tinha 17 anos.
A confissão está a causar acesa polémica na Alemanha e outros países, nomeadamente na vizinha Polónia, onde vários intelectuais e historiadores lamentaram que Grass tenha escondido esse elemento do seu passado durante tanto tempo.
«Alterámos a data da publicação porque as pessoas iam às livrarias pedir o livro. Houve uma ou duas que o venderam, o que casou de seguida um efeito de dominó, e então dissemos a todas que o podiam vender», disse Cláudia Glenewinkel.
Diário Digital / Lusa
O misterioso mundo de Günter Grass
Günter Grass ganhou em 1999 o Prémio Nobel de Literatura mas, não fossem as confissões de um passado nazi a poucos dias de sair a autobiografia (‘Descascando Cebolas’), pouco ou nada sabíamos deste homem de 79 anos, de natureza pacífica, formação humanista e alguns segredos…
‘Descascando Cebolas’, o título da autobiografia, não podia ser mais feliz, atendendo a esta vida de muitas camadas.De acordo com Günter Grass foi a necessidade de fazer as pazes com a vida que ditou a escrita da obra numa altura em que já tudo podia estar escrito. Sem riscos. Mas não.Conhecer Grass é ler Grass e, entre nós, não falta por onde começar, apesar da dispersão a que nem o Nobel pôs ordem... Nem a propósito, tome-se a exemplo, ‘O Linguado’ (ed. Inquérito), ‘O Meu Século’ (ed. Casa das Letras, Círculo de Leitores, Planeta Agostini), ‘A Ratazana’ (ed. D. Quixote, Planeta Agostini), ‘Mau Agoiro’ (ed. Bertrand), ‘Com Aguarelas’ (ed. Casa das Letras), ‘A Passo de Caranguejo’ (ed. Casa das Letras) e ainda ‘Uma Longa História’ (ed. Presença).Este último romance, cuja edição original data de 1995, foi mesmo aclamado acontecimento literário do ano e o autor um dos maiores do seu tempo. Contudo, contactada a editora portuguesa, a autobiografia foi descartada. “O único livro que temos de Günter Grass (‘Uma Longa História’) não teve grande carreira comercial e, apesar do prestígio que é ter um Nobel no catálogo de uma editora, nem sempre compensa. Por isso, em princípio, não estamos interessados”, disse ao CM fonte da Presença.Com uma carreira feita de obras de constestação das ideias nazis que o (a)traíram enquanto jovem, Grass é, desde a primeira obra (‘O Tambor’, ed. Estúdios Cor), para muitos “o melhor romance sobre o dilaceramento do mundo alemão do pós-guerra”, tido como o porta-voz de uma geração que cresceu com e contra o nazismo. Resta esperar pela autobiografia para conhecer o homem e a sua circunstância. Até lá, sabemos que, paralelamente à literatura, se dedica às artes plásticas e tem um centro cultural em Almancil, Algarve, além de um amigo muito especial... Após a II Guerra Mundial, no campo de Bad Aibling, Grass travou amizade com um refugiado com quem jogava dados: Joseph Ratzinger, hoje, Papa Bento XVI. PERFILGünter Grass nasceu em 1927 na cidade polaca de Gdansk, antiga Danzig, da qual detém o título de cidadão honorário, agora sob forte contestação devido à recém-revelada militância nazi da sua juventude... Depois de estudar em Danzig, aos 16 anos, alistou-se na juventude hitleriana, fascinado pelos submarinos e não pelas forças de elite, segundo alega.Ferido e detido em 1945 na Checoslováquia, foi libertado no ano seguinte e voltou ao estudo das artes. Instalou-se em Paris como escultor e escritor e, em 1956, publicou o primeiro livro, ‘O Tambor’, posteriormente, adaptado ao cinema.Em 1999 venceu o Prémio Nobel de Literatura.ADMIRADOR CONFESSO'QUE SIRVA DE EXEMPLO' (Gonçalo M. Tavares, escritor)“Conheço muito bem a sua obra e gosto sobretudo do uso da parábola na tradução de um olhar não muito lisonjeiro sobre os homens, a sua violência... Daí o choque da revelação: a instituição a que terá pertencido está nos antípodas de tudo o que ele representa mas ainda bem que o assumiu e que sirva de exemplo! Foi demasiado juiz em causa não própria e faltou-lhe o olhar impiedoso sobre si próprio que teve sobre os outros mas, porque não conhecemos as circunstâncias, o melhor é resistir à tentação do julgamento.”
Dina Gusmão, com agências
“Só a verdade ofende” Provérbio francês
Luís Delgado é daquelas pessoas que basta ler algumas coisas do que escreve para desejar nunca ter a necessidade de o encontrar pela frente. Não por temor, mas por nojo. Uma única vez, e espero que seja a última, cruzei-me por momentos, com tal monumento decadente do género humano. Quando a pessoa que ía comigo me chama a atenção dizendo: “Sabes quem é que aí vem?” a minha reacção foi só esta: “Porra!!!”
Só que como diz o ditado popular “Só a verdade ofende” e Gunter Grass tem muito que explicar e durante estes últimos dias não vi ninguém a não ser as direitas, questionar o escritor, o humanista, o prémio Nobel, o impoluto, o virtuoso, o puro, o imaculado, enfim por analogia, outro Manuel Alegre, mas este de língua alemã.
http://franciscotrindade.blogspot.com/2006/07/manuel-alegre-reformado-com-trs-mil.html
Por isso Gunter toma lá esta do Delgado e amanha-te se puderes!...
De Fidel a Grass
Meu Deus: um esquerdalho puro e duro, do mais radical que existe e existiu, Nobel da Literatura, que após o 25 de Abril era uma das fontes de inspiração de grupos que queriam o modelo estalinista e/ou maoísta em Portugal, e que disse e escreveu prosas intolerantes e delirantes sobre a democracia ocidental, de nome Günter Grass, revelou agora, mais de 50 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, que tinha sido membro das SS, de Himmler.Fantástico. A variação ou deriva mental não é de espantar: passou de um radicalismo para outro, sendo que no primeiro caso é preciso dizer algumas coisas: não entrou nas SS por azar, ou sorteio, mas por escolha e decisão própria, como era obrigatório, prestando um juramento de total e absoluta fidelidade a Hitler, a Himmler e ao regime nazi.Era a "raça" escolhida, a guarda pretoriana do regime, cujo fanatismo perdurou até às últimas horas. Eram eles que guardavam os campos de concentração, autores do Holocausto, que matavam sem arrependimento, e que praticaram os maiores e mais horrendos crimes da Segunda Guerra Mundial, tanto contra a sua própria população como em todos os países que ocuparam e destruíram.Pertencer às SS, na circunstância, e isso Günter Grass tem de dizer e explicar, não foi fruto do acaso, mas uma escolha premeditada, consciente e assumida. Já agora convém saber tudo o que fez, sendo que implicitamente, mesmo que por omissão, ajudou a cometer todos os crimes contra a humanidade que são imputados às SS. Uma vergonha. Jamais teria recebido o Nobel da Literatura, se tivesse tido a grandeza de revelar o seu passado.
Luís Delgado Jornalista
Gunter Grass: autobiografia praticamente esgotada em um dia
A autobiografia de Gunter Grass, onde o escritor alemão revela que se alistou nas SS no final da II Guerra Mundial, ficou praticamente esgotada um dia depois de ter chegado às livrarias, anunciou hoje a editora Steidl.
Cerca de 130 mil dos 150 mil exemplares postos à venda quarta- feira na Alemanha, Áustria e Suiça já foram vendidos, precisou a porta-voz da editora, Cláudia Glenewinkel.
O livro, intitulado «Beim Hauten der Zwiebel» («Ao descascar a cebola») , só devia sair dia 1 de Setembro, mas por causa do escândalo suscitado pela revelações do passado de Gunter Grass, a editora decidiu antecipar o lançamento.
Numa entrevista difundida sexta-feira passada, Gunter Grass confessou, pela primeira vez, que se alistou nas SS, a tropa de elite da Alemanha nazi, em 1945, quando tinha 17 anos.
A confissão está a causar acesa polémica na Alemanha e outros países, nomeadamente na vizinha Polónia, onde vários intelectuais e historiadores lamentaram que Grass tenha escondido esse elemento do seu passado durante tanto tempo.
«Alterámos a data da publicação porque as pessoas iam às livrarias pedir o livro. Houve uma ou duas que o venderam, o que casou de seguida um efeito de dominó, e então dissemos a todas que o podiam vender», disse Cláudia Glenewinkel.
Diário Digital / Lusa
O misterioso mundo de Günter Grass
Günter Grass ganhou em 1999 o Prémio Nobel de Literatura mas, não fossem as confissões de um passado nazi a poucos dias de sair a autobiografia (‘Descascando Cebolas’), pouco ou nada sabíamos deste homem de 79 anos, de natureza pacífica, formação humanista e alguns segredos…
‘Descascando Cebolas’, o título da autobiografia, não podia ser mais feliz, atendendo a esta vida de muitas camadas.De acordo com Günter Grass foi a necessidade de fazer as pazes com a vida que ditou a escrita da obra numa altura em que já tudo podia estar escrito. Sem riscos. Mas não.Conhecer Grass é ler Grass e, entre nós, não falta por onde começar, apesar da dispersão a que nem o Nobel pôs ordem... Nem a propósito, tome-se a exemplo, ‘O Linguado’ (ed. Inquérito), ‘O Meu Século’ (ed. Casa das Letras, Círculo de Leitores, Planeta Agostini), ‘A Ratazana’ (ed. D. Quixote, Planeta Agostini), ‘Mau Agoiro’ (ed. Bertrand), ‘Com Aguarelas’ (ed. Casa das Letras), ‘A Passo de Caranguejo’ (ed. Casa das Letras) e ainda ‘Uma Longa História’ (ed. Presença).Este último romance, cuja edição original data de 1995, foi mesmo aclamado acontecimento literário do ano e o autor um dos maiores do seu tempo. Contudo, contactada a editora portuguesa, a autobiografia foi descartada. “O único livro que temos de Günter Grass (‘Uma Longa História’) não teve grande carreira comercial e, apesar do prestígio que é ter um Nobel no catálogo de uma editora, nem sempre compensa. Por isso, em princípio, não estamos interessados”, disse ao CM fonte da Presença.Com uma carreira feita de obras de constestação das ideias nazis que o (a)traíram enquanto jovem, Grass é, desde a primeira obra (‘O Tambor’, ed. Estúdios Cor), para muitos “o melhor romance sobre o dilaceramento do mundo alemão do pós-guerra”, tido como o porta-voz de uma geração que cresceu com e contra o nazismo. Resta esperar pela autobiografia para conhecer o homem e a sua circunstância. Até lá, sabemos que, paralelamente à literatura, se dedica às artes plásticas e tem um centro cultural em Almancil, Algarve, além de um amigo muito especial... Após a II Guerra Mundial, no campo de Bad Aibling, Grass travou amizade com um refugiado com quem jogava dados: Joseph Ratzinger, hoje, Papa Bento XVI. PERFILGünter Grass nasceu em 1927 na cidade polaca de Gdansk, antiga Danzig, da qual detém o título de cidadão honorário, agora sob forte contestação devido à recém-revelada militância nazi da sua juventude... Depois de estudar em Danzig, aos 16 anos, alistou-se na juventude hitleriana, fascinado pelos submarinos e não pelas forças de elite, segundo alega.Ferido e detido em 1945 na Checoslováquia, foi libertado no ano seguinte e voltou ao estudo das artes. Instalou-se em Paris como escultor e escritor e, em 1956, publicou o primeiro livro, ‘O Tambor’, posteriormente, adaptado ao cinema.Em 1999 venceu o Prémio Nobel de Literatura.ADMIRADOR CONFESSO'QUE SIRVA DE EXEMPLO' (Gonçalo M. Tavares, escritor)“Conheço muito bem a sua obra e gosto sobretudo do uso da parábola na tradução de um olhar não muito lisonjeiro sobre os homens, a sua violência... Daí o choque da revelação: a instituição a que terá pertencido está nos antípodas de tudo o que ele representa mas ainda bem que o assumiu e que sirva de exemplo! Foi demasiado juiz em causa não própria e faltou-lhe o olhar impiedoso sobre si próprio que teve sobre os outros mas, porque não conhecemos as circunstâncias, o melhor é resistir à tentação do julgamento.”
Dina Gusmão, com agências
Sem comentários:
Enviar um comentário