quinta-feira, setembro 14, 2006

Onde estava Osama no dia 11 de Setembro de 2001?

"Ir em busca de bin Laden" serviu, ao longo dos últimos cinco anos, para manter a lenda do "terrorista mais procurado do mundo", o qual "assombra americanos e milhões de outras pessoas em todo o mundo". Donald Rumsfeld afirmou reiteradamente que o paradeiro de Osama bin Laden permanece desconhecido: "É como procurar uma agulha num palheiro". Em Novembro de 2001, bombardeiros US B-52 bombardearam em tapete uma rede de cavernas nas montanhas Tora Bora do leste do Afeganistão, onde alegadamente se escondiam Osama bin Laden e os seus seguidores. Estas cavernas foram descritas como "a última fortaleza de Osama". Analistas de inteligência da CIA concluíram posteriormente que Osama havia escapado da sua caverna de Tora Bora na primeira semana de Dezembro de 2001. E em Janeiro de 2002 o Pentágono lançou uma investigação mundial por Osama e os seus principais lugares tenentes, para além das fronteiras do Afeganistão e no Afeganistão. Esta operação, mencionada pelo secretário de Estado Colin Powell como uma "perseguição a quente", foi executada com o apoio da "comunidade internacional" e de aliados europeus dos EUA. Quanto a isto, as autoridades de inteligência americanas confirmaram que:
"enquanto a Al Qaeda foi significativamente fragmentada, ... o homem mais procurado — o próprio bin Laden — continua um passo à frente dos Estados Unidos, com o núcleo da sua rede de terror mundial ainda a funcionar. (Global News Wire - Asia Africa Intelligence Wire, InfoProd, January 20, 2002)
Durante os últimos cinco anos os militares americanos e o seu aparelho de inteligência, com consideráveis despesas para os contribuintes dos EUA, têm estado a "investigar à procura de Osama". Uma unidade da CIA com um orçamento de milhões de dólares foi montada, com mandato para descobrir Osama. Esta unidade aparentemente foi dissolvida em 2005. "Peritos em inteligência concordam" em que ele está a esconder-se numa área remota do Paquistão, mas "nós não podemos encontrá-lo".
"A maior parte dos analistas de inteligência está convencida de que Osama bin Laden está em algum lugar sobre a fronteira afegano-paquistanesa. Ultimamente tem sido dito que ele está provavelmente na vizinhança do pico Tirich Mir, com 7700 m, no Hindu Kush, na área da tribo Chitral no noroeste do Paquistão". Hobart Mercury (Australia), September 9, 2006)
O presidente Bush prometeu repetidamente "arrancá-lo" da sua caverna, capturá-lo morto ou vivo, se necessário através de assaltos no terreno ou ataques de mísseis. Segundo uma declaração recente do presidente Bush, Osama está a esconder-se numa área remota do Paquistão a qual "é extremamente montanhosa e muito inacessível, ... com montanhas cuja altitude vai de 9000 a 15000 pés [2743 a 4572m]...". Nós não podemos capturá-lo porque, segundo o presidente, não há infraestrutura de comunicações, a qual nos permitiria ir efectivamente atrás dele (citado em Balochistan Times, 23 April 2006) A perseguição de Osama tornou-se um processo altamente ritualizado que alimenta as cadeias de notícias numa base diária. Não só faz parte da campanha de desinformação dos media como também proporciona uma justificação para a prisão arbitrária, a detenção e a tortura de numerosos "suspeitos", "combatentes inimigos" e "cúmplices", os quais alegadamente podem conhecer o paradeiro de Osama. E tal informação, naturalmente, é vital para "a segurança dos americanos". A procura de Osama serve tanto objectivos militares como políticos. Os democratas e republicanos competem na sua resolução por extirpar o "terrorismo islâmico". The Path to 9/11, um assim chamado "documentário" de cinco horas da ABC sobre "a procura por Osama" o qual é estreado nos dia 10 e 11 de Setembro para assinalar o quinto aniversário dos ataques, acusa despreocupadamente Bill Clinton de estar "demasiado ocupado com o escândalo Monica Lewinsky para combater o terrorismo". A mensagem do filme é que os democratas descuidaram da "guerra ao terrorismo". A verdade é que todas as administrações — desde que Jimmy Carter apoiou e financiou a rede do "terror islâmico" criada durante a sua administração no princípio da guerra sovietico-afegã — fizeram-no. (Ver Michel Chossudovsky, Quem é Osama bin Laden , 12 September 2001) ONDE ESTAVA OSAMA NO 11 DE SETEMBRO? Há prova de que os paradeiros de Osama são conhecidos da administração Bush. No dia 10 de Setembro de 2001, o "Inimigo número um" estava num hospital militar paquistanês em Rawalpindi, cortesia do aliado indefectível dos EUA, o Paquistão, como confirmado por um relato de Dan Rather, da CBS News (Ver nosso artigo de Outubro de 2003 sobre esta questão) . Ele poderia ter sido preso imediatamente, o que "nos teria poupado um bocado de perturbação", mas nesse caso não teríamos tido uma Lenda Osama, a qual alimentou as cadeias de notícias bem como os discursos de George W. no decurso deste últimos cinco anos. De acordo com Dan Rather, da CBS, Bin Laden foi hospitalizado em Rawalpindi um dia antes dos ataques do 11/Set, em 10 de Setembro de 2001.
"Paquistão. A Inteligência Militar do Paquistão (ISI) contou à CBS que bin Laden havia recebido tratamento de diálise em Rawalpindi, na sede do Pak Army. DAN RATHER, âncora da CBS: Quando os Estados Unidos e os seus aliados na guerra ao terrorismo intensificam a caçada a Osama bin Laden, a CBS News esta noite tem informação exclusiva acerca de onde estava bin Laden e o que estava a fazer nas últimas horas antes de os seus seguidores atacarem os Estados Unidos no dia 11 de Setembro. Isto é o resultado de uma intensa reportagem investigação feita por uma equipe de jornalistas da CBS News, e por um dos melhores correspondentes estrangeiros no assunto, Barry Petersen, da CBS. Aqui está o seu relato: (PRINCÍPIO DO VIDEOTAPE) BARRY PETERSEN, CORRESPONDENTE DA CBS (voz de um narrador): Toda a gente recorda o que aconteceu no 11 de Setembro. Aqui está a estória do que pode ter acontecido na noite anterior. É uma história tão retorcida quanto a caçada a Osama bin Laden. A CBS News foi informada de que na noite anterior ao ataque terrorista do 11 de Setembro Osama bin Laden estava no Paquistão. Ele estava a receber tratamento médico com o apoio dos próprios militares que dias depois juraram apoiar a guerra americana ao terror no Afeganistão. Fontes da inteligência paquistanesa informaram a CBS News que bin Laden foi removido secretamente para este hospital militar em Rawalpindi para tratamento de diálise dos rins. Naquela noite, afirma este trabalhador médico que quis proteger sua identidade, eles retiraram toda a equipe regular do departamento de urologia e enviaram uma equipe secreta para substituí-la. Ela afirma que isto era tratamento para uma pessoa muito especial. A equipe especial obviamente até nem era boa.
"Os militares haviam-no rodeado", afirma este empregado do hospital que também quis manter sua identidade oculta, "e eu vi o misterioso paciente sair ajudado de um carro. Desde aquele momento tenho visto muitas fotos do homem. É o homem que conhecemos como Osama bin Laden. Também ouvi duas oficiais do exército a conversarem um com o outro. Eles estavam a dizer que Osama bin Laden tinha de ser observado cuidadosamente e cuidado". Aqueles que conhecem bin Laden dizem que ele sofre de numerosos padecimentos, nas costas e problema de estômago. Ahmed Rashid, que tem escrito extensamente sobre os Taliban, afirma que os militares estavam muitas vezes ali para assistência antes do 11/Set. (...) PETERSEN (frente à câmara): Médicos no hospital informaram a CBS News que não houve nada de especial naquela noite, mas recusaram mostrar quaisquer registos como pedimos. Responsáveis do governo negaram na noite passada que bin Laden tivesse tido qualquer tratamento médico naquela noite. (voz do narrador): Mas foi o presidente Musharraf, do Paquistão, que afirmou em público o que muitos suspeitam, que bin Laden sofre de doença dos rins, considerando que bin Laden pode estar prestes a morrer. Sua prova, a observação deste vídeo mais recente a mostrar um bin Laden pálido e emaciado, com a mão esquerda imóvel. Responsáveis da administração Bush admitem não saber se bin Laden está doente ou mesmo morto. DONALD RUMSFELD, secretário da Defesa: Quanto à questão da saúde de Osama bin Laden, simplesmente não tenho qualquer conhecimento. PETERSEN: Os Estados Unidos não têm maneira de saber quem entre os militares e a inteligência do Paquistão apoiava os Taliban, ou seja, Osama bin Laden pode ter ido aquela noite antes do 11/Set pois arranjaram-lhe a diálise a fim de o manter vivo. Desse modo, os Estados Unidos podem não saber se aquelas mesmas pessoas o terão ajudado outra vez a continuar livre. Barry Petersen, CBS News, Islamabad. (Fim do videotape)
(CBS News, 28 de Janeiro de 2002, ênfase acrescentada. O vídeo com a reportagem da CBS encontra-se em http://www.cbsnews.com/stories/2002/01/28/
eveningnews/main325887.shtml )
Deve-se observar que o hospital está directamente sob a jurisdição das Forças Armadas Paquistanesas, as quais têm laços estreitos com o Pentágono. Conselheiros militares americanos baseados em Rawalpindi trabalham em contacto estreito com as Forças Armadas Paquistanesas. Mais uma vez, nenhuma tentativa foi feita para prender o mais conhecido fugitivo dos EUA, mas pode ser que bin Laden estivesse a servir outro "finalidade mais importante". Rumsfeld afirmou na altura que não sabia da saúde de Osama (CBS News, 28 de Janeiro de 2002). A reportagem da CBS é uma peça crucial de informação para o nosso entendimento do 11/Set. Ela refuta a afirmação da administração de que o paradeiro de bin Laden é desconhecido. Ela aponta para uma conexão paquistanesa, ela sugere um encobrimento aos mais altos níveis da administração Bush. Dan Rather e Barry Petersen deixaram de retirar as implicações da sua reportagem de Janeiro de 2002. Eles sugerem que os EUA foram deliberadamente enganados pelos responsáveis da inteligência paquistanesa. Eles deixaram de fazer a pergunta:
Por que a administração americana diz que não pode apanhar Osama?
Se eles verificarem sua reportagem, a conclusão é óbvia. Se a reportagem da CBS é exacta e Osama foi na verdade admitido no hospital militar paquistanês em 10 de Setembro, por cortesia do aliado dos EUA, ele tanto ainda podia estar no hospital em Rawalpindi no 11 de Setembro, quando ocorreram os ataques, como ter sido libertado do hospital nas últimas horas antes dos ataques. Por outras palavras, o paradeiro de Osama era conhecido de oficiais americanos na manhã de 12 de Setembro, quando o secretário de Estado Colin Powell iniciou negociações com o Paquistão tendo em vista prender e extraditar bin Laden. Estas negociações, conduzidas pelo general Mahmoud Ahmad, chefe da inteligência militar do Paquistão, em nome do governo do presidente Pervez Musharraf, tiveram lugar em 12 e 13 de Setembro no gabinete do vice-secretário de Estado Richard Armitage. A administração está a mentir. O paradeiro de Osama bin Laden era conhecido. Ele podia ter sido preso rapidamente a partir de 10 de Setembro de 2001. Mas nesse caso nós não teríamos sido privilegiados com cinco anos de estórias dos medias relativas ao Osama. A administração Bush precisava desesperadamente da ficção de um "inimigo externo da América". A al Qaeda de Osama bin Laden, bem conhecida e documentada, é uma fabricação do aparelho de inteligência dos EUA. Sua função essencial é dar uma cara à guerra ao terrorismo. A imagem deve ser vivida. Segundo a Casa Branca, "A maior ameaça para nós é esta ideologia de extremismo violento, e o seu maior proponente público é Osama bin Laden. Bin Laden continua a ser o alvo número um, em termos dos nossos esforços, mas ele não é o único objectivo". Declaração recente do assistente da Casa Branca para Segurança Interna, Frances Townsend, 5 de Setembro de 2006). A doutrina da segurança nacional repousa sobre a ficção de terroristas islâmicos, conduzidos pelo Osama, que são retratados como uma "ameaça para o mundo civilizado". Nas palavras do presidente Bush, "Bin Laden e os seus aliados terroristas tornaram suas intenções tão claras quanto Lenin e Hitler o fizeram antes. A questão é: será que ouviremos? Será que nunca prestamos atenção ao que dizem estes homens maus? Estamos na ofensiva. Não descansaremos. Não recuaremos. E não nos retiraremos do combate até que esta ameaça à civilização tenha sido removida" (citado pela CNN, September 5, 2006) A "perseguição a quente" de Osama nas ásperas áreas montanhosas do Paquistão deve continuar, porque sem Osama – mencionado ad nauseam nos noticiários e nas declarações oficiais – a frágil legitimidade da cruzada da administração Bush entrará em colapso como um castelo de cartas.

Michel Chossudovsky
http://resistir.info/

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