domingo, setembro 24, 2006

YouTube: 100 milhões de vídeos por dia é uma moda ou um fenómeno imparável?

Partilham-se filmes caseiros, vídeos de música amadores, excertos de programas televisivos, imagens de pequenos e grandes eventos - basicamente, tudo o que possa ser gravado e convertido em formato digital. O YouTube é o destino preferido dos cibernautas que procuram conteúdos audiovisuais e é um dos sites que mais cresceu em todo o mundo no último ano.
Com apenas 19 meses de existência, o site regista diariamente 100 milhões de visualizações de vídeos e é líder no sector, apesar de alguns gigantes on-line, como o Yahoo! e o Google, também estarem na disputa.De acordo com dados do Alexa (um serviço que monitoriza alguns utilizadores dos browsers Internet Explorer e Firefox para estipular a audiência de sites), o YouTube conseguiu este mês chegar diariamente a quase seis por cento de todos os cibernautas. Ou seja, o dobro do atingido pela popular Amazon e três vezes mais do que o site da BBC. Em Janeiro, a audiência do YouTube era irrisória quando comparada com qualquer destes sites.O que tornou o YouTube num tão grande fenómeno de popularidade? Para Célia Quico, docente na Universidade Lusófona e doutoranda em Ciências da Comunicação, vários motivos estão na base do sucesso: "A popularidade dos blogues [onde os vídeos podem ser exibidos], a facilidade em produzir e partilhar conteúdos digitais, a possibilidade de comentar e votar, o acesso permanente aos conteúdos e ainda as diferentes formas de pesquisa."O YouTube baseia-se num conceito simples: qualquer pessoa pode gratuitamente disponibilizar pequenos vídeos on-line (o máximo permitido são 10 minutos), comentar os vídeos disponíveis, atribuir-lhes uma classificação e recomendá-los aos amigos.A organização deste gigantesco arquivo é, à semelhança do que acontece com muitos dos serviços da chamada web de segunda geração, deixada a cargo dos utilizadores. Um sistema de etiquetas (que permite adicionar um qualquer número de palavras-chave a um vídeo) e a existência de grupos temáticos ajudam o cibernauta a encontrar facilmente o que procura e a acompanhar os vídeos que correspondem aos seus interesses.Competir com a televisãoApesar do enorme crescimento, será que o YouTube consegue sequer beliscar a primazia da televisão? Se a este site juntarmos todos outros locais na Web para partilha de vídeos e se a isto somarmos os ficheiros que são trocados em redes peer-to-peer (que permitem o acesso directo aos conteúdos armazenados num computador pessoal) "o termo "beliscar" talvez esteja a pecar por defeito face aos novos hábitos potenciados pela Internet", responde Célia Quico.Estar em casa com os amigos a ver vídeos no YouTube talvez não seja um serão frequente, mas a investigadora afirma que o YouTube e a televisão estão, de facto, em concorrência, "no sentido em que disputam um mesmo bem escasso: o tempo e a atenção que as pessoas dedicam aos conteúdos audiovisuais. Apesar da oferta de conteúdos crescer exponencialmente, o dia continua a ter 24 horas."É sobretudo entre os mais jovens que o YouTube tem sucesso: metade dos utilizadores tem menos de 20 anos. Mas o fenómeno tem atravessado todas as faixas etárias.Um dos utilizadores cujos vídeos são actualmente mais populares identifica-se como "geriatric1927". Aos 79 anos, este veterano inglês da II Guerra Mundial começou a publicar no YouTube pequenos vídeos autobiográficos, que rapidamente ganharam popularidade entre a comunidade de utilizadores. Vários órgãos de comunicação social mostraram interesse pelo caso, mas a maior parte das entrevistas foram recusadas com a justificação de que o único objectivo dos vídeos era comunicar de forma informal com os visitantes do site.Uma causa possível para o grande sucesso do YouTube é precisamente "o interesse crescente por vídeos amadores", explica ainda Célia Quico, que é também gestora de projectos de TV Digital Interactiva e Multimédia na TV Cabo. Há mesmo especialistas, acrescenta, a defenderem que o domínio das formas de cultura produzidas com fins comercias "são uma anomalia histórica" e que se atravessa "um período de correcção, que vai dar mais peso às formas de cultura amadora, popular e não-comercial".
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1271185&idCanal=1453

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