quinta-feira, novembro 30, 2006

Reciclagem com novas regras

Depois dos bons resultados obtidos na campanha “Recicle em sua casa”, a reciclagem vai ter novas regras.Com esta alteração, as pessoas que já tinham adquirido caixotes de lixo preparados para a anterior campanha (com três divisões para: lixo, papel e plástico) podem começar a pensar em reformá-los. O responsável da campanha afirma: “Agora vai ser tudo diferente. Não faz sentido sermos nós a dividir aquilo que os outros não querem fazer.”Os novos caixotes nunca terão menos de 20 divisões e, caberá às pessoas o trabalho de toda a divisão. Por exemplo, no caso de uma caixa de iogurtes, cada pessoa será obrigada a dividir o lixo da seguinte forma: caixa exterior vai para o caixote “cartão colorido”, o papel que sela o iogurte irá para a secção “papel de cor glossy”, a embalagem para “plásticos moles” e algum resto de iogurte irá para “lixo não classificado”. Existirão ainda divisões para “papel matte”, “metal”, etc. As madeiras serão dividas em 5 categorias diferentes.Questionado sobre a grande dimensão dos caixotes de lixo, Manuela Cuerca afirma: “ As pessoas têm de perceber a importância da reciclagem. Quando se tem um filho é preciso uma nova assoalhada. Não me parece que esta temática seja de menor importância.”Quem se mostrou favorável à nova legislação foi a “Associação Portuguesa de Imobiliárias”.
http://noticiasmentirosas.blogspot.com/

Novas descobertas sobre o sorriso de Mona Lisa

Cientistas sudaneses fizeram recentemente descobertas fabulosas sobre Leonardo da Vinci e a sua obra. A investigação começou devido à descoberta de uns escritos de um amigo íntimo de Leonardo que foram encontrados no Sudão.Esses escritos contêm informação detalhada sobre a obra Mona Lisa e a forma como foi projectada e executada. Segundo os cientistas, a Mona Lisa é um retrato fiel de um transsexual, amigo intimo de Leonardo, que terá sido sodomizado por trás durante toda a feitura da obra.Romrom, cientista responsável pela investigação, afirma: “a sodomização, especialmente a efectuada por de trás, era muito normal em casa de Leonardo. Ele próprio gostava bastante de ser sodomizado e, muitas vezes, por várias pessoas diferentes, durante o seu trabalho. Podemos dizer que a cada uma das suas obras correspondem várias dezenas de sodomizações.”O sorriso maroto de Mona tem assim uma nova explicação.
http://noticiasmentirosas.blogspot.com/

Rapto dos soldados israelitas

O Governo de Israel anunciou hoje que os bombardeamentos na faixa de Gaza e mais recentemente no Líbano foram um equívoco.
Segundo informações recentes dos serviços secretos de Israel, os três soldados israelitas que se pensava terem sido raptados, estiveram de ferias na Europa. O erro, que já vitimou para cima de 100 pessoas, deveu-se a um problema no computador que gere as ferias dos soldados de Israel.
O Primeiro-ministro Israelita já pediu desculpa à Autoridade Palestina e ao Líbano. A resposta foi dada pelos dois países em comunicado conjunto. Pode ler-se: “ Ainda bem que tudo não passou de um erro. Errar é humano, e nós também errámos.”
Está ainda por apurar quem são os três prisioneiros que os radicais islâmicos mantêm em cativeiro.
http://noticiasmentirosas.blogspot.com/

Regeneração cardíaca e células estaminais

Embora na última década, a investigação cardiovascular tenha conhecido um crescimento exponencial que se traduz num melhor conhecimento das alterações moleculares associadas à insuficiência cardíaca, este aumento de informação não teve o resultado esperado na prática clínica, visto que esta doença ainda apresenta um prognóstico sombrio, constituindo presentemente umas das principais causas de morte no mundo industrializado.A insuficiência cardíaca é assim um problema de saúde pública com elevados índices anuais de morbi-mortalidade, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. O tratamento clínico com os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ECA) e os betabloqueadores, melhoraram o prognóstico dos pacientes sintomáticos, mas o tratamento farmacológico apresenta grandes limitações, sendo o número de pacientes refractários muito alto.Esta situação pode mudar em breve graças a descobertas revolucionárias descritas em dois artigos publicados online na revista Cell na passada quarta-feira.Uma equipa de cientistas do Massachusetts General Hospital e da Harvard Medical School em Boston, liderada por Kenneth Chien, identificou células estaminais embrionárias em ratos que se podem transformar nos vários tipos de células que constituem o coração, cardiomiócitos, células endoteliais vasculares e células musculares lisas.Os cardiomiócitos são células altamente diferenciadas que param a sua multiplicação logo após os primeiros anos de vida. A morte dos cardiomiócitos, por exemplo como consequência de um enfarte do miocárdio, faz uma fibrose tissular, que dependendo da extensão pode levar a insuficiência cardíaca.A equipa de Chien tinham descrito num artigo anterior um grupo de células precursoras do músculo cardíaco a que chamaram células islet-1 (isl1+). Estas células, que são definidas pela presença da proteína is11, foram encontradas nos tecidos cardíacos de ratos e humanos recém-nascidos.Neste artigo os cientistas descrevem o que acontece a estas células, que podem ser obtidas de células estaminais embrionárias, que, para sua grande surpresa, são percursoras não apenas das células que constituem o músculo cardíaco mas igualmente de todo o tipo de células cardíacas.Como afirmou Chien, «Este estudo documenta um paradigma para a cardiogénese, em que se mostra que a diversificação das linhagens de células musculares e endoteliais derivam de uma decisão a nível de uma única célula, a célula multipotente isl1+ que é uma célula progenitora cardiovascular».No segundo artigo, a equipa liderada por Stuart Orkin do Howard Hughes Institute em Chevy Chase, Md., isolou células de um embrião de rato que expressam um gene cardíaco específico, o Nkx2.5+. Estas células diferenciam-se espontaneamente em cardiomiócitos e células do sistema de condução cardíaco - que conduzem os impulsos eléctricos que permitem os batimentos do coração. Com alguma surpresa verificaram que algumas destas células - que expressam um segundo gene, o c-kit e a que chamaram c-kit+Nkx2.5+ - se transformavam em células musculares lisas.As células Isl1+ cells estudadas por Chien podem dar origem às células c-kit+Nkx2.5+ descritas por Orkin, mas a relação precisa entre as duas células progenitoras é um tema que necessita ser investigado.«Não se sabe qual é a relação entre estas células, se é que há alguma. Uma pode ser a predecessora da outra ou podem ser linhas separadas» afirmou Orkin apontando que as as células estudadas pelas duas equipas parecem corresponder a campos diferentes de progenitores cardíacos. Estudos anteriores indicam que os campos cardíacos primário e secundário geram estruturas no lado esquerdo e direito do coração, respectivamente.A descoberta destas células mãe específicas para tecidos cardíacos é extremamente promissora para terapias regenerativas de corações doentes. A regeneração usando células estaminais embrionárias totipotentes tem riscos associados à possibilidade de crescimento descontrolado destas dando origem a teratomas, um tipo de tumor.Dada a posição oficial do Vaticano em relação à investigação em células estaminais, e ao facto de que para a Igreja de Roma uma célula estaminal - assim como um óvulo fertilizado e um embrião - é uma pessoa, usar para fins terapêuticos uma célula estaminal embrionária, como ululou Tarcisio Bertone, secretário da Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé «Do ponto de vista ético, é como pôr fim a uma inocente vida humana».Para serem coerentes com a sua «ordem moral natural, isto é, cristã», os fundamentalistas católicos que ululam contra «o comportamento profundamente leviano, promíscuo, debochado e, sobretudo, egoísta» das «homicidas» de vida não nascida dever-se-iam abster deste tipo de tratamento quando ele for disponibilizado. Mas claro, os pró-prisão na realidade estão-se nas tintas para a defesa da vida, apenas querem ver punidas as levianas, promíscuas, debochadas e egoístas mulheres, pelo que neste, como em outros temas, não é de esperar qualquer coerência dos fundamentalistas católicos...
Palmira F. da Silva
http://www.ateismo.net/diario/

Casal adopta menina de 5 anos

O título deste post pareceria inusitado não fora o casal em questão ser constítuido por Vasco Pedro da Gama e Júnior de Carvalho, ou seja, um casal homossexual. De facto, num inédito no Brasil - em que apenas por duas vezes foram confirmados os direitos de adopção por casais homossexuais, mas ambos constituídos por mulheres-, o casal referido, que cohabita há 14 anos, viu confirmada por um tribunal estadual a adopção por ambos de uma menina previamente adoptada por Vasco da Gama.De acordo com o advogado, se os dois homens tivessem inicialmente tentado a adopção como um casal muito provavelmente não a teriam conseguido.
Palmira F. da Silva
http://www.ateismo.net/diario/

Contribuições

(para entender o que se passa no México)
Ditadura, diz o dicionário, é o "Governo que, invocando o interesse público, se exerce fora do quadro das leis fundamentais do país". Os dicionários nem sempre vão a par com a semântica; os factos não se compadecem com as palavras. Em Oaxaca, por exemplo, a população está sujeita a uma ditadura estatal de facto. O Executivo oaxaquenho, encarnado pelo governador Ulises Ruiz, representa um poder autoritário, classista, corrupto, corporativo, racista e caciqueiro que, carecendo de toda a legitimidade, utiliza os meios de repressão ao seu alcance, viola a paz social e agudiza a violência e a desordem em todos os espaços e níveis sociais. Apoiado a nível federal pelo presidente Vicente Fox, pelo seu espúrio sucessor, Felipe Calderón, e pelo Partido Acção Nacional (PAN), o sátrapa Ruiz, com o aval do seu partido, o Revolucionário Institucional (PRI), e contando com aliados no seio do poder empresarial, instaurou um regime de repressão que pratica a tortura, o desaparecimento e o assassinato de opositores pela via da acção violenta de grupos paramilitares e sicários a soldo, usando-os como componentes básicos de uma guerra suja típica do terrorismo de Estado. Com o apoio da Polícia Federal Preventiva, que actua como um exército de ocupação no seu próprio país, [Ruiz] mantém-se no poder mediante leis de excepção, num autêntico Estado de sítio. Na actual conjuntura, Oaxaca espelha a crise do sistema de domínio no México, todas as suas instituições incluídas, porque respondem aos interesses da classe no poder. É uma crise nacional, em que se está a pôr em causa todo um sistema económico, político, jurídico e social, que, fundado na sobre-exploração, na pilhagem, corrupção, impunidade, na fraude eleitoral e na negação da democracia, apenas se pode manter no poder por meio da repressão. Fazendo frente a este estado de coisas, surge há cinco meses a Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO), como um embrião de poder popular que se foi transformando de maneira acelerada, de um modelo de organização originariamente defensivo, numa proposta orgânica de tipo horizontal e de assembleias, onde, tendo por eixo uma ampla política de alianças e órgãos de direcção colectiva, se pratica a democracia directa. Trata-se de um movimento plural e diverso, participativo, autonómico, autogestionário, que, a partir de uma fecunda resistência civil através dos piquetes e barricadas, se foi autodeterminando e ganhando cidadania no exercício concreto da soberania popular. Mas, ao mesmo tempo, a APPO é também o resultado de um longo processo de acumulação de forças, produto das lutas comunais, regionais e sectoriais que se têm vindo a registar no território oaxaquenho. Subindo mais um patamar neste processo de luta, no seu congresso constitutivo, dias 10, 11 e 12 de Novembro, a APPO decidiu transformar a revolta popular numa revolução pacífica, democrática e humanista, tendo-se ainda aí definido o carácter anti-imperialista, anticapitalista e antifascista do movimento. Se bem que os seus objectivos imediatos sejam a queda de Ruiz, o fim da repressão e a saída da PFP do estado [de Oaxaca], a APPO, ao mesmo tempo, propõe-se também dar impulso à transformação profunda e transversal do actual regime autoritário, para que nasçam um novo pacto social e as necessárias reformas que permitam transformar as instituições e assentar as bases para a criação de uma assembleia constituinte que elabore uma nova Carta Magna com garantia da transparência, da prestação de contas e da revogação de mandato. Convém ter em conta que a estratégia de poder da plutocracia e dos seus aliados é impedir uma revolução popular e toda e qualquer mudança, por pequena que seja, que ameace os instrumentos básicos do seu domínio. O continuísmo no plano económico não pode separar-se do continuísmo no plano político, ainda que mudem as tácticas que se empregam dentro dessa mesma estratégia de poder. Tácticas que se resumem em desmobilizar e dividir o movimento popular, de modo a impor a política económica sem ter de recorrer, na medida do possível, ao exercício aberto e permanente da violência. A violência reaparece quando um conflito social ou sindical ataca a dita política, e recrudesce quando o ataque põe em causa os instrumentos do poder. Exemplos disso são a Sicartsa, Atenco e Oaxaca. Nestes casos a classe dominante esquece-se por completo do quadro de legalidade que havia imposto. Não há que confundir governo com poder. E tão pouco ignorar que o mais provável é que a oligarquia se oponha pela violência às mudanças de que Oaxaca e o país necessitam. À medida que o povo for aprofundando os seus objectivos e radicalize as suas movimentações, os senhores do dinheiro aumentarão a violência da repressão. É um processo determinado pelo ascenso da combatividade das massas e pela escalada repressiva que lhe é inseparável. Um processo de mudança radical é sempre um ininterrupto processo de acumulação de forças. Dada a actual correlação, a tarefa e a táctica principal é a de continuar a acumular forças políticas e sociais, não de maneira passiva mas no combate, tratando simultaneamente de fazer brotar a consciência política, de impulsionar formas de organização fundadas na solidariedade e na participação para a defesa dos interesses do povo, de fomentar direcções colectivas. Estas formas organizativas constituem germes de poder popular, tal como os que existem nas autonomias zapatistas e os que se estão a forjar na comuna de Oaxaca. Numa etapa qualitativamente superior, de duplo poder, a multiplicação desses germes, complementada por uma orientação política, possibilitará a constituição de um pólo oposto ao do actual Estado plutocrata, e estará então próxima a possibilidade de construir uma república democrática e humanista tal como a desejam milhões de mexicanos. Só então haverá pátria para todos.
Carlos Fazio
http://resistir.info/

Os bispos não desarmam

Os bispos católicos consideram-se detentores da verdade única e vêem a Europa como coutada da Igreja Católica e um protectorado do Vaticano.Lembram constantemente as origens cristãs do Continente como se não houvesse milhões de homens e mulheres que sentiram na pele a intolerância, as perseguições e as fogueiras purificadoras que bandos de eclesiásticos ateavam aos hereges. Mesmo entre os cristãos não esquecem os protestantes a violência do proselitismo romano e o espírito retrógrado do Concílio de Trento ou do Vaticano I.A identidade da Europa reside na tolerância e no secularismo. A sua coroa de glória é a laicidade. A única bíblia é a Declaração Universal dos Direitos do Homem.A sua vergonha é a inquisição, a reforma, a contra-reforma, as cruzadas e a última teocracia que resiste num bairro mal frequentado de Roma, com 44 hectares de sotainas, muitas arrobas de pias ossadas e imensos tesouros surripiados dos países pobres pelo poder que o Papa exercia ou pelo terror que infundia.Do esclavagismo à tortura, da condenação à morte ao desterro, não houve maldade, infâmia ou crueldade que os sucessivos bandos de eclesiásticos, de mitra e báculo, não praticassem.Os Papas foram quase sempre os responsáveis pelo atraso, ignorância e superstição dos povos. Ainda hoje infantilizam os crentes com milagres que embrutecem, orações que ensandecem e uma catequese que infunde o terror divino.Qualquer referência ao cristianismo não é mera redundância, é um gesto de fanatismo que germina no coração do Papa e o pretexto para o proselitismo que é a tara comum às três religiões do livro.É dessa demência mística, desse negócio da fé, que é preciso libertar a Europa.
Carlos Esperança
http://www.ateismo.net/diario/

Pilhagens nas terras do Paraná brasileiro

A partir da Argentina, a soja transgénica ultrapassa fronteiras e invade o Paraguai e, clandestinamente, o estado do Sul do Brasil que faz fronteira com estes dois países – o Paraná. Os OGM são utilizados em prejuízo dos pequenos produtores e criam novas formas de dependência. Desenha-se assim um modelo de monocultura industrial, rejeitado pelos camponeses sul­‑americanos e controlado pelas transnacionais.

«Terra roxa», uma das mais férteis do mundo... Esta é uma terra abundante no estado do Paraná, no Sul do Brasil. «Um autêntico sonho», entusiasma-se Laércio Trucolo, que administra a produção da Fazenda Chapadão, um paraíso agrícola de 1400 hectares. «Nós aqui temos sem dificuldade duas colheitas por ano, coisa que na Europa bem nos podem invejar!» É um sonho, sem dúvida. Sonho de lucros chorudos para uns, graças a uma agricultura cada vez mais “moderna” e “tecnológica”. Sonho de subsistência e dignidade para os outros – que são muito mais numerosos.

Trinta mil fazendeiros dividem entre si quase 70 por cento dos 16 milhões de hectares cultivados no Paraná, com 100 ou mais hectares por exploração, enquanto cerca de 300.000 pequenos proprietários dispõem entre 5 e 40 hectares na sua maioria, ou seja, cerca de 27 por cento da superfície cultivada. Por último, 300.000 famílias de camponeses sem terra partilham a superfície restante, cabendo a cada uma menos de 5 hectares; e para alimentar uma família de seis pessoas seriam necessários uns 15 hectares.

Estas famílias foram as primeiras vítimas da modernização acelerada da agricultura ocorrida na década de 1980. Eram necessárias grandes superfícies para a expansão do «modelo da agricultura industrial, com o seu cocktail de mecanização, herbicidas, adubos químicos e irrigação intensiva», explica Roberto Baggio, do Movimento dos Sem Terra (MST). Entre 1985 e 1995, anualmente e em todo o país, sumiram-se 100.000 propriedades agrícolas. “Revolução verde”, afirmou-se então. Uma designação irónica, tendo em conta a violência social e os danos ambientais que a dita “revolução” engendrou, a começar por uma maciça desflorestação.

No início do século XX a floresta cobria mais de 16 milhões dos 19 milhões de hectares do Paraná. Desde então, perante os abates empreendidos pelos machados e as motosserras dos imigrantes, o coberto silvestre recuou de tal maneira que hoje mal atinge os 1,5 milhões de hectares, correspondentes a 8 por cento da superfície do estado.

Entretanto, a região conquistou um triste título: o de principal consumidora de pesticidas e fertilizantes químicos do Brasil. Ao mesmo tempo que começa a associar-se a utilização intensiva destes produtos e o outro recorde nacional do Paraná – o dos cancros do fígado e do pâncreas –, cada vez mais pessoas sugerem, juntamente com João Pedro Stedile, da direcção nacional do MST, que na dita revolução verde o que havia era uma «contra-reforma escondida».

Mas embora o processo de concentração da terra se encontre praticamente estabilizado, ele poderá recomeçar com a introdução das sementes transgénicas, em particular através do contrabando oriundo da Argentina, onde elas são autorizadas, e para gáudio da multinacional Monsanto [1]. É certo que a soja geneticamente modificada, ainda há pouco inteiramente desconhecida no Paraná, não atinge aqui «mais do que 2 por cento da produção», como sublinha o governador do Paraná, Roberto Requião. Mas em redor de Francisco Beltrão «quase 70 por cento das pessoas semeiam transgénicos», diz Juan Bedenaski, bem situado para saber do que fala, visto vender herbicidas e adubos químicos aos agricultores da zona. A contaminação progride, podendo então o sistema das royalties – taxa independente do preço de venda final obtido pela Monsanto pela utilização das suas sementes, que a firma obviamente protegeu previamente com férreas patentes – mostrar o seu verdadeiro rosto [2].

Como nos primeiros anos a Monsanto não tentou cobrar essa taxa, muitos agricultores foram seduzidos por sementes “gratuitas” gabadas pelos serviços comerciais da poderosa multinacional – e pela grande maioria dos media. Mas de súbito, em 2004, a Monsanto passou a impor royalties de 0,62 reais por saco de 60 quilos. Cúmulo do absurdo, muitos produtores foram-se aos poucos resignando a pagar o que lhes exigiam, mesmo pela soja “convencional”, preferindo não correr o risco de terem de pagar a multa de 1,5 reais por saco (em 2004) aplicada aos “borlistas”, eles próprios vítimas involuntárias, por vezes, da contaminação espontânea provocado pelas incontroláveis sementeiras transgénicas...

Por seu lado, a multinacional procura ter o apoio garantido das grandes cooperativas, atraindo-as a um rendimento tanto mais lucrativo quanto já foi anunciado para as colheitas de 2005-2006 um aumento de 100 por cento das tarifas! Ao mesmo tempo que a seca faz baixar a produtividade e que a evolução do valor do dólar nada apresenta de favorável [3], o espartilho comprime cada vez mais os “pequenos”, que se vêem ameaçados de exclusão...

E no entanto são eles que geram 80 por cento dos empregos, que garantem a redistribuição dos rendimentos da terra, que consolidam a implantação rural e contribuem para a disponibilidade dos alimentos de base que em nada interessam os agro-exportadores. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de feijão preto – típico da alimentação brasileira – passou de 38 quilos por habitante em 1938 para menos de 10 quilos actualmente, continuando o feijão a ser popular. Mas isso que importa? O facto é que a agricultura industrial consegue impor a sua visão da actividade agrícola... Segundo Roberto Baggio, ela está até em vias de alcançar uma vitória decisiva, considerando este porta-voz dos sem terra que os transgénicos representam «a batalha derradeira pela dominação da terra, já não por um pequeno grupo de latifundiários, mas por um grupo ainda mais restrito de multinacionais».

A eleição em 2002 de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência tinha criado uma esperança, mas à promessa de interdição dos organismos geneticamente modificados (OGM) aconteceu o mesmo que a muitas outras promessas. A própria nomeação de Roberto Rodrigues para o Ministério da Agricultura já tinha valor programático, visto ele fazer parte do conselho de administração da Fundação Bunge, uma das grandes multinacionais do mercado de sementes.

Foi com a autorização da comercialização da soja no estado do Rio Grande do Sul, e da sua cultura transgénica, depois, que em Outubro de 2003 os opositores aos OGM começaram a ter uma longa série de rejeições grosseiras. As suas últimas esperanças desvaneceram-se em 24 de Março de 2005, quando foi aprovada a “lei de bio-segurança” que abriu caminho à comercialização. A constitucionalidade do texto legal foi posta em causa, nomeadamente pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), mas nem por isso deixou de constituir uma vitória importante para a meia dúzia de multinacionais que têm a porta aberta para a obtenção dum monopólio e dum rendimento permanente num mercado ainda há vinte anos inexistente. Quanto ao governo, a sua decisão, em 2003, de aplicar uma sobretaxa de 35 por cento às importações de glifosato [4] chinês sem que o da Monsanto fosse alvo de quaisquer objecções, é coisa que causa perplexidade...

A perigosa possibilidade de vir a constituir-se um monopólio atirou para a arena o governador do Paraná, Roberto Requião. Ao mesmo tempo que por pressão dos consumidores a procura dos grandes importadores (Europa e Ásia) passou a orientar-se cada vez mais para os produtos não-OGM, as exportações de soja dos Estados Unidos, principalmente transgénicas, diminuíram drasticamente (menos 41,5 por cento em 2004) em proveito da produção brasileira. E esta é uma competição que incomoda o Norte. Neste contexto, Roberto Requião não pode tolerar que a «soberania nacional» se veja submetida a patentes que são propriedade dum punhado de multinacionais cujos interesses são amiúde afins dos de Washington. «Se eles conseguirem generalizar a utilização dos transgénicos, conseguirão controlar a nossa produção». Vemos aqui, por assim dizer, a arma alimentar ao serviço dos problemas geopolíticos...

O Paraná, depois de em Outubro de 2003 ter tentado – sob a pressão dos movimentos sociais – declarar­‑se “zona livre de transgénicos”, teve de concentrar a sua luta no porto de Paranaguá, principal porto cerealífero da América Latina, cuja gestão detém. Com base em argumentos técnicos, este porto foi fechado aos produtos transgénicos. «Dispomos apenas de um silo», explicou o governador. «Se introduzirmos soja transgénica no circuito, dar-se-á uma contaminação e toda a soja do Paraná será considerada transgénica». No entanto, estava então em construção um segundo silo, destinado aos cereais “convencionais”. Denunciando uma tentativa de manipulação, a oposição – próxima das multinacionais do mercado das sementes e favorável a uma abertura do porto aos transgénicos – inicia uma série de lock­‑outs e investigações parlamentares com vista a que o governo federal volte a controlar as instalações. Uma “federalização” que, na grande maioria dos casos, ocorridos noutros lugares do Brasil, revelou ser uma etapa intermédio rumo à privatização dos portos... e à sua abertura aos transgénicos.

PRAGMATISMO ECONÓMICO

Paraná escorou-se na defesa do princípio de precaução, inscrito na Constituição de 1988, mas o determinante foi a firmeza dos consumidores europeus e asiáticos no sentido de recusarem ter na sua alimentação produtos modificados geneticamente. Com efeito, embora o director comercial do porto de Paranaguá, Ruy Alberto Zibetti, fizesse alarde de bons sentimentos, por detrás da “ética” a que tanto se referia transparecia o “pragmatismo” económico e a necessidade de o Paraná se destacar com um produto diferenciado, economicamente viável no mercado internacional. Em contrapartida, esta mesma lógica de integração no mercado em nada põe em causa a lógica produtivista.

«Nós precisamos duma agricultura de massas», assevera Requião. Por seu lado, a Secretaria da Agricultura gosta de lembrar que o Paraná continua a «bater recordes», estimulado por grandes «êxitos de produtividade» [5]. É verdade que com os seus 2,3 por cento do território nacional o Paraná se encontra à cabeça dos estados cerealíferos, com 23 por cento da produção brasileira em 2004. A agricultura industrial tornou-se ali a principal actividade económica (cerca de um terço do produto interno bruto) e concentrou-se nas grandes culturas – milho, trigo, cevada, aveia (o Paraná é o primeiro produtor no Brasil), mas também, obviamente, soja (segundo produtor), cujo peso relativo aumenta sem cessar. Entre 1990 e 2003, a superfície ocupada por estas culturas aumentou 14 por cento, ultrapassando os 8 milhões de hectares. Quanto à produção, esta passou de 12 milhões para mais de 30 milhões de toneladas... E este aumento não vai parar.

«É preciso produzir, produzir, produzir... », repete com insistência Marcos Prochet, representante da União Democrática Ruralista do Paraná (organização criada pelos grandes proprietários para “responder” ao surgimento do MST), batendo com o punho fechado no volante do seu carro. «Não sei se está a ver», diz ele com um sorriso conivente, «os pobres recebem dinheiro quando têm filhos, de maneira que nós temos de produzir para que haja bastante comida!» Porém, sendo certo que a floresta está a recuar, o mesmo não acontece com a pobreza e a fome. Segundo a rede Ecovida [6], um tal argumento produtivista não tem pés nem cabeça. «A fome é uma questão social e política, não é um problema tecnológico», e não será resolvida pela «modernização conservadora, poluente e não igualitária da agricultura».

De resto, este modelo está longe de ter dado provas de viabilidade. Um estudo mostra que a «modernização conservadora» da agricultura implica um aumento duas vezes mais rápido dos custos do que da produtividade, saldando-se numa redução do valor bruto acrescentado da produção [7]. Por outro lado, nas análises começou a juntar-se ao custo da poluição dos lençóis freáticos (causadores, no Paraná, desde 1993, de mais de 6000 casos de intoxicação reconhecidos e de 30.000 outros casos em estimativa) [8] o custo do esgotamento dos solos associado à muito frequente monocultura da soja (à qual foram atribuídos 20 por cento das receitas agrícolas, em 2002, na Argentina, onde as avaliações foram feitas) [9]. Segundo João Pedro Stedile e frei Sérgio Gorgen, deputado do Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio Grande do Sul, as contas são fáceis de fazer: a agricultura industrial «só sobrevive actualmente graças aos subsídios e facilidades que o Estado brasileiro lhe concede».

Um exemplo: a Lei Kandir, que entrou em vigor em 1997 e é considerada o acelerador que tornou possível o desenvolvimento da agricultura industrial, exonera os exportadores de matérias-primas do pagamento do imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS), um imposto de 13 por cento sobre o valor acrescentado que os estados brasileiros cobram. O governo federal tinha-se comprometido a cobrir a parte que os estados não cobrassem, mas nunca o fez inteiramente. Só no respeitante ao Paraná, «é um presente no valor de mais de 4 mil milhões de reais [mais de 1,5 mil milhões de euros], feito desde a aplicação da lei», afirma Roberto Baggio. A passagem para o modelo intensivo opera assim uma transferência de riqueza dos “pequenos” agricultores para as “grandes” empresas (da agroquímica, entre outras), e da esfera pública para a esfera privada. As conhecidas receitas do neoliberalismo...

PROBLEMAS AMBIENTAIS E SOCIAIS

Os movimentos sociais opõem a este sistema um outro, mais respeitador dos seres humanos e do ambiente, baseado em dois conceitos: a reforma agrária e um modelo agrícola sustentável e ecológico. O famoso «produzir menos para produzir melhor»... «e para o mercado interno!», acrescenta Vanderley Ziger, director da cooperativa Cresol-Baser, criada em 1996 nas regiões do Sudeste e do Centro-Oeste do Paraná. O seu objectivo consiste em permitir que os pequenos agricultores tenham «acesso ao crédito cooperativo, às tecnologias de exploração biológica e sustentável». Trata-se também de criar «um sistema de comercialização que saia da rede capitalista das grandes cooperativas», de voltar a encontrar circuitos curtos de aprovisionamento e de acabar com os «alimentos turísticos» que saem do país para lá voltar depois de enriquecerem os intermediários. O objectivo declarado consiste apenas em ajudar os agricultores a «voltarem a ter nas suas mãos as suas próprias vidas e o seu meio ambiente», com isso afirmando a sua identidade. Como explica Gilmar Ostrovski, da Ecovida, «a reapropriação da agricultura é uma reapropriação política e social». Programa um pouco louco, irreal? «É o único que nos pode levar a resolver, tanto os nossos problemas ambientais e sociais, como o desemprego e o êxodo rural», afiançam-nos na sede da Cresol-Baser. De resto, «o projecto já está inscrito na lei».

De facto, a Constituição de 1988 estabelece que é «da competência da União expropriar (...), na óptica da reforma agrária, as terras que não cumpram a sua função social». Por função social entende-se a «utilização adequada dos recursos naturais e a preservação do ambiente», o «respeito pelas disposições que regulamentam as relações de trabalho» e a protecção do «bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores».

Mas num retirado gabinete de Curitiba, o director-geral da Secretaria da Agricultura, Newton Ribas, afasta essa ideia com um gesto. «No Paraná a reforma agrária já foi feita; já temos bastantes pequenos agricultores! Além disso, aqui não há terras disponíveis. (...) O Brasil é grande, os sem terra podem ir para outros sítios!» Juntando­‑se às legiões de trabalhadores explorados no Cerrado [10], por exemplo? Todavia, segundo o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), faltam no cadastro oficial do Paraná 2,6 milhões de hectares de terra, provavelmente ocupados de forma ilegal por agricultores que se “esqueceram” de os declarar. Motivo suficiente para serem expropriados... «De qualquer maneira», explica o agrónomo Christophe Lannoy, «mesmo que se duplicassem as superfícies ocupadas pelas pessoas que hoje têm apenas 25 hectares, ainda sobravam terras no Paraná. O problema reside na vontade política». Nesta matéria, com efeito, é grande a decepção de todos quantos esperavam que o Brasil de Lula abrisse uma via para alternativas ao modelo liberal.

O governo federal não soube desfazer a visão duma “agricultura de classe” alicerçada nas próprias instituições. A impossibilidade de dar uma resposta estrutural às questões agrícolas manifesta-se no facto de haver, por um lado, o Ministério da Agricultura de Roberto Rodrigues e, por outro, o do Desenvolvimento Rural, que tenta corresponder às necessidades dos agricultores familiares. Nos estados prevalece a mesma bicefalia. Ao mesmo tempo que na maior parte das secretarias do governo dizem querer «defender os pequenos» e «proteger o ambiente», nomeadamente com o lançamento duma escola de agro-ecologia em parceria com Caracas e Havana, o governador Roberto Requião afirma que «a agro-ecologia não passa de uma utopia».

Por seu lado, o secretário de Estado do Orçamento, Reinhold Stephanes – oriundo do Partido da Frente Liberal (PFL) e implicado na preparação do Plano Real [11] –, congratula-se com o seguinte facto: «A ajuda que os agricultores familiares recebem não nos fica cara, provém principalmente da União e do Banco Mundial»... Do mesmo Banco Mundial a respeito do qual Frei Betto (membro demissionário do governo por criticar a sua política) explica que ele «interdita ao Brasil qualquer reforma estruturante» [12].

Deste modo, entre outras medidas, a União propõe créditos submetidos aos desideratos do Banco do Brasil (que gere todos os fundos em conformidade com uma agenda que favorece os seus clientes mais solventes) e que mantêm o encadeamento da dívida. Por seu turno, o Estado constrói granjas (para que os agricultores «armazenem e vendam os seus cereais pelo melhor preço») e “certifica” a produção para facilitar as exportações, sendo assim perpetradas as próprias bases do modelo vigente. Deverá ver-se nisto uma falta de ambição política ou a demonstração duma crise estrutural impeditiva duma mudança no país? Na hora dos balanços, revela-se violento o debate entre os decepcionados do Partido dos Trabalhadores (PT) e os “lulistas” encarniçados.

Toma ou retoma de empresas estratégicas cuja actividade se circunscreve às fronteiras do estado (caso da COPEL, Companhia de Electricidade do Paraná), renegociação dos “contratos imorais” que ligavam o Paraná a empresas predadoras, reforma profunda da educação, participação na Telesur [13] (através duma parceria com a televisão pública Paraná Educativa), etc. Comparativamente, é inegável que a amplidão das medidas do governador do Paraná sugere haver no Estado federal uma grande inércia, em particular no âmbito da agricultura, sector estratégico para a classe dominante brasileira, uma elite que é sobretudo agrária.

VONTADE DE EMANCIPAÇÃO

Num país onde o determinismo neoliberal se encontra de tal modo interiorizado que em termos de ortodoxia económica «o poder da União sobre os estados é mais forte que o do FMI sobre a União» [14], o recuo dos poderes públicos perante os interesses privados é para muita gente uma fatalidade. A crise que afecta o PT não ajuda a ter esperança numa mudança estimulada pelo poder político [15]. Neste contexto, fala-se no nome de Roberto Requião para representar a “esquerda” no caso de Lula não se recandidatar. Mas não tropeçará o seu “nacionalismo musculado” nas mesmas limitações, impostas por mandatos muito curtos e por instituições pervertidas pela corrupção e pelo clientelismo? Além disso, a sua visão de um «capitalismo não especulativo» baseado em políticas «compensatórias» [16] que se limitariam a suavizar os eleitos dum sistema estruturalmente injusto acaso poderá estar em sintonia com a profunda vontade de emancipação dos agricultores familiares, dos sem terra, de todos quantos decidiram sair do estatuto de dominados a que o modelo actual os condena?

Seja como for, para estes vai ser preciso agir depressa – antes de a soja transgénica contaminar todo o país.

[1] A soja transgénica, proibida no Brasil, foi introduzida no país dessa maneira. Em 25 de Setembro de 2003 foi contemplada com uma «medida provisória» que autorizou a sua colheita na campanha agrícola de 2003­‑2004. E desde então o provisório continua a estar vigente...
[2] Jean-Jacques Sevilla, Chancelante résistance aux OGM [ed. brasileira: A vacilante resistência aos transgénicos], Le Monde diplomatique, Dezembro de 2003.
[3] Na “super-colheita” de 2003-2004, o saco de soja valia à volta de 17 dólares e o dólar valia 4 reais. Em 2005, a soja evoluiu para cerca de 11 dólares por saco e o dólar passou a valer cerca de 2,5 reais. Fonte: EMATER/PR, Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Expansão Rural, informações orais recolhidas pelo autor.
[4] Herbicida. A soja transgénica fabricada pela Monsanto é concebida para lhe resistir.
[5] Brochura da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, Curitiba, 2004.
[6] Rede de apoio à agro-ecologia no Sul do Brasil.
[7] Estudo realizado pelo Sistema Cresol 2002, citado no “Terceiro Encontro Estadual – Paraná – Brasil”, Jornada de Agroecologia, Lance Livre Design – Produções e editora Ltda., Curitiba, 2004.
[8] Fiocruz/Sinitox e Organização Mundial da Saúde, citados por Jelson Oliveira em “Os agrotóxicos e a poluição das águas”, Jornada da Agroecologia, Editora Gráfica Popular Ltda., 2004.
[9] Ver o documentário de Marcelo Viñas intitulado Hambre de soja, Icaro, Buenos Aires, 2004.
[10] Região de savana arborizada e principalmente brasileira, com mais de 2 milhões de quilómetros quadrados, que se estende ao longo de vários estados, das terras do interior aos limites da Amazónia.
[11] Tentativa de dolarização da economia levada a cabo em 1994 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, etapa­‑chave da viragem neoliberal operada na política económica brasileira.
[12] Declarações no Fórum Franco-Brasileiro da Sociedade Civil, 12 e 13 de Julho de 2005, no Conselho Económico de Paris.
[13] Canal latino-americano de televisão criado por iniciativa do presidente venezuelano Hugo Chávez para contrariar em matéria informativa a influência dos canais comerciais e da CNN. São seus accionistas a Argentina, Cuba, o Uruguai e a Venezucla.
[14] Declarações de Reinhold Stephanes.
[15] Ignacio Ramonet, Brasil, o atoladeiro, Le Monde diplomatique, Outubro de 2005.
[16] Entrevista, Caros Amigos, Vila Madalena, Julho de 2005.
Renaud Lambert
Le Monde diplomatique
http://www.infoalternativa.org/ecologia/ecologia041.htm

A Comida, as Compras e a Engenharia Genética

Ninguém esperava encontrar dificuldades. Nos Estados Unidos os resultados confirmavam o sucesso dos planos, os governos europeus mostravam-se deslumbrados, os produtos estavam a postos e o lucro em perspectiva excedia o dos melhores períodos da história destas empresas. Por isso a surpresa foi ainda maior quando o desastre se materializou. Falamos das plantas geneticamente modificadas (OGM), ou transgénicas. E quais os 'culpados' pelo desaire que levou ao colapso deste mercado na Europa? Nada mais nada menos que os consumidores anónimos, apoiados na fundamentação técnica de algumas estruturas ambientalistas e de agricultores. O resultado? Actualmente 27 dos 30 maiores retalhistas europeus (incluindo o Carrefour, Auchan, etc) assumiram políticas de exclusão dos OGM. Estas 30 empresas representam um total de vendas que atinge os 500 mil milhões de euros. Por outro lado, das 30 principais empresas da área alimentar e bebidas (Nestlé, Unilever, Danone...), cujas vendas anuais representam cerca de um quarto do total de vendas deste sector na Europa, 22 têm igualmente o compromisso de não empregar ingredientes transgénicos. Tais números significam que o mercado para os OGM dirigidos ao consumidor encontrou um verdadeiro beco sem saída. Esta história teria um final rápido e feliz se todos os OGM fossem sujeitos à escolha do consumidor, mas tal não é o caso. Mais de 90% dos OGM em circulação têm por destino as rações animais, e aqui os consumidores compram produtos (leite, ovos, carne) não rotulados - a não ser que tenham certificação biológica, ninguém sabe se os animais foram ou não alimentados com rações transgénicas (o mais provável é que tenham sido). Este aspecto da ausência de rotulagem de produtos animais não é o único 'buraco' da legislação europeia nesta matéria, mas é certamente o mais grave e vai directamente contra o artigo 153 do Tratado que institui a Comunidade Europeia onde se estabelece o direito dos consumidores à informação. Como consequência desta falha fica também em causa o direito à escolha, uma vez que sem a devida rotulagem os produtos não se distinguem e o acto de comprar vai ser 'às cegas'. A rotulagem, tal como está legislada a nível europeu, só se aplica aos produtos vegetais directamente adquiridos pelo consumidor. Por exemplo: se comprarmos Corn Flakes transgénicos no supermercado a embalagem tem de indicar a presença de milho geneticamente modificado. Mas se os mesmos Corn Flakes forem comidos no restaurante de um hotel ou numa cantina, o consumidor já não tem acesso a qualquer informação. Absurdo? Pois é. A pouca rotulagem existente apresenta um pecado adicional: quando a lista de ingredientes não refere matérias geneticamente modificadas, isso não equivale a 0% de OGM. Por muito que seja essa a interpretação normal dos consumidores, na verdade é permitida a presença de contaminação até aos 0,9%. Ou seja, na verdade os consumidores estão a ser convidados a escolher... entre produtos muito ou pouco contaminados. Esta contaminação 'aceitável' ou 'inevitável' é um sintoma de um dos males piores dos OGM: são incontroláveis. Contaminam, espalham-se, inviabilizam outras formas de produção - é uma tecnologia de má qualidade! Infelizmente, reconhecendo a inevitalibilidade e a irreversibilidade da contaminação por OGM, os poderes europeus optaram por a aceitar e legalizar, em vez de a proibir até que se demonstrasse a viabilidade de uma segregação permanente. Os OGM representam o oposto do que qualquer cidadão deseja para a sua comunidade. Todos defendemos a soberania e segurança alimentar, preponderância de mercados locais e regionais (assim como os respectivos postos de trabalho), menos agrotóxicos, livre troca de sementes, conservação do património agrícola, etc. Mas os OGM arrastam-nos para o mundo das patentes, da monocultura e uniformização global, das tecnologias de alto risco, do controlo hegemónico de toda a cadeia alimentar por menos de 10 mega-empresas mundiais, da manipulação da química da vida sem respeito pela sua complexidade e equilíbrios naturais. O desafio é vasto mas, tal como os europeus já têm vindo a mostrar, o destino não está traçado. Depois do desaparecimento dos OGM da esmagadora maioria dos produtos alimentares vegetais à venda no supermercado, é fundamental agora conseguir igual vitória para os produtos animais. Isto não é uma campanha - terá de ser um esforço de fundo, permanente, do tipo 'água mole em pedra dura'. E cada um de nós, consumidores, tem um papel fundamental e, ao mesmo tempo, muito simples: trata-se de preencher as fichas de sugestões/reclamações disponíveis nos supermercados com o fim de perguntar... ... se os produtos animais, da marca própria desse supermercado, vêm de animais alimentados com rações transgénicas; ... quais as marcas comerciais onde os produtos animais têm garantia de ausência de rações transgénicas. As empresas portuguesas podem usar legalmente as rações transgénicas - e só se os consumidores fizerem ouvir a sua voz colectiva é que deixarão de o fazer. No dia em que se apela ao não-consumo, tome a decisão de não consumir produtos transgénicos, directa ou indirectamente! E se além disso também ajudar a acabar definitivamente com o mercado dos OGM na Europa, é a agricultura, o ambiente e as gerações futuras que agradecem. Para mais informações e para nos mostrar as respostas dos supermercados às suas perguntas, contacte-nos:
Plataforma Transgénicos Fora do Prato
info@stopogm.net
www.stopogm.net
Margarida Silva
http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=111871&cidade=1

A proibição do véu na Turquia

«No meu campus, ninguém pode aparecer com uniforme religioso. Se hoje levantássemos a proibição do lenço, amanhã apareceriam de chador e no dia seguinte de burqa. No fim, estariam a bater nas jovens com vestidos modernos. Vimos no Irão como pode acontecer depressa.»

(Ural Akbulut, reitor da Universidade Técnica de Ancara, no Público de 26/11/2006.)
Ricardo Alves
http://www.ateismo.net/diario/

Amor, Liberdade e Poesia - o programa dos surrealistas

"Para a pátria, a igreja e o estado a nossa última palavra será sempre... MERDA" ( Mário Cesariny )
Texto-poema de Cesariny que fala de Émile Henri, célebre anarquista francês:
PASSAGEM DE EMILE HENRIEra no tempo da palavra papelda pluma bem comida lançando ideias de justiça aos chinesesda espingarda de ar podre ao ombro de cada umDepois de ver com os seus próprios olhos como é que o ratazana toma o sei chazinhoEmile Henriescritor da literatura da dinamitelança a segunda bomba à porta do Café Términusdado que: da má distribuição da riqueza e das coisas boas da TerraTODOS SEM EXCEPÇÃO TÊM A MÁXIMA CULPA»[in Mário Cesariny, Pena Capital: Lisboa, Assírio e Alvim, 1982e também in Paulo da Costa Domingos, Judicearias, o Álbum dos Glórias: Lisboa, frenesi, 2000]
retirado daqui
http://pimentanegra.blogspot.com/

O capitalismo global e as lições do caso Enron

Documentário sobre a derrocada de uma das maiores empresas dos EUA, que pulverizou a poupança e a aposentadoria de milhares de pessoas, mostra que não se tratou de um caso isolado. Executivos da empresa levaram às últimas consequências as brechas do sistema capitalista global. Pode acontecer de novo.

Em 2001, os EUA sofreram dois grandes golpes: o ataque terrorista ao World Trade Center e ao Pentágono, e a revelação da maior fraude corporativa da história, que teve a Enron como protagonista. Sobre esse último episódio, já está disponível em DVD o documentário Enron: Os mais espertos da sala (Enron: the smartest guys in the room), um filme indispensável para quem quiser entender um pouco sobre o que aconteceu com a corporação. Não se tratou de um caso isolado de ganância e falcatrua. O filme escrito e dirigido por Alex Gibney mostra a rede de cumplicidade que possibilitou à empresa praticar as fraudes contabilísticas que praticou. Rede de cumplicidade esta que envolveu grandes bancos, empresas de contabilidade, de advocacia e grande parte da mídia. Além dos desvios legais e morais, o que os executivos da empresa fizeram foi aproveitar e levar às últimas consequências algumas brechas abertas pelo capitalismo financeiro globalizado.

Entre outras revelações, o documentário mostra o ataque promovido por funcionários da Enron contra o governo da Califórnia, durante a gestão do democrata Gray Davis. Após praticar um poderoso lobby para aprovar a desregulamentação do sector de energia do Estado, os executivos da Enron aproveitaram-se do novo modelo para provocar apagões no sistema energético da Califórnia, aumentando brutalmente o preço da energia e causando um prejuízo de milhões de dólares aos cofres públicos. Desgastado politicamente pela crise de abastecimento, o governador Gray Davis acabou sendo derrotado pelo actor republicano Arnold “Exterminador” Schwarzenegger, que contou com o apoio da Enron na sua campanha. A sordidez política da actuação da empresa e as suas ligações promíscuas com o governo de George W. Bush são apresentadas no filme com fartura de dados e testemunhos.

Mas o mais importante é conhecer as ideias dos executivos da empresa, que mesclavam um idealismo fundamentalista sobre a possibilidade de transformar ideias e expectativas de sucesso em lucros existentes apenas em balanços forjados. Eles realmente acreditavam que, ao se ter uma grande ideia sobre um novo produto, era lícito incluir na contabilidade a expectativa de lucros futuros com a sua comercialização. O problema era quando essas grandes ideias não saíam do papel ou fracassavam no teste de realidade. O que havia sido projectado como lucro nos balanços transformou-se em prejuízos de milhões de dólares. O saldo dessas operações foi trágico para milhares de funcionários que perderam tudo o que haviam aplicado em fundos de poupança e aposentadoria da empresa. No final do filme, uma ex-executiva da empresa adverte: não foi à toa que aconteceu o que aconteceu; e pode acontecer de novo com outras empresas.

CONDENAÇÕES INDIVIDUAIS E CULPAS GLOBAIS

Considerando o impacto devastador que a fraude teve na vida de milhares de funcionários e investidores da empresa, as sentenças judiciais estão a ser brandas com alguns dos principais envolvidos. No dia 17 de Novembro deste ano, as autoridades judiciais dos EUA condenaram à prisão dois ex-executivos da empresa. Num tribunal de Houston, Texas, o juiz Ewing Werlein condenou a pouco mais de três anos de prisão Michael Kopper, principal assessor do ex-director financeiro da Enron, Andrew Fastow, responsável pelas “maquilhagens” contabilísticas que inventaram lucros inexistentes. Segundo o argumento da procuradoria, de Maio de 1997 a Setembro de 2001, Kooper aproveitou-se destes truques de maquilhagem para desviar milhões de dólares para a sua conta particular, para as contas de Fastow e de outros ex-altos executivos da Enron, com plena consciência de que isso prejudicaria fortemente a saúde financeira da empresa e dos seus accionistas.

O outro condenado foi Mark Koenig, ex-director de serviços para o investidor da Enron, sentenciado a 18 meses de prisão por ter contribuído com a elaboração de relatórios financeiros falsos, com a permissão dos seus superiores, com o objectivo de ocultar a verdadeira situação financeira da corporação. Os dois ex­‑executivos da Enron tiveram sentenças menores do que se esperava em função de terem colaborado com a procuradoria. Kopper devolveu cerca de US$ 12 milhões desviados de forma ilícita. Koenig declarou-se culpado, em Agosto de 2004, de ter participado na construção da fraude. Ambos prestaram testemunhos contra outros executivos da Enron. Já o ex-contabilista da empresa, Richard Causey, foi condenado a cinco anos e meio de prisão por ter aprovado a contabilidade falsa que levou a empresa à falência em 2001. Também foi beneficiado com um acordo que evitou que ele fosse condenado a uma pena de mais de 20 anos de prisão.

Causey assumiu a culpa pela fraude em Dezembro de 2005, semanas antes de ir a julgamento juntamente com o fundador da Enron, Ken Lay, e com o director executivo Jeff Skilling, ambos considerados culpados em Maio. Lay acabou “escapando” da prisão, pois morreu vítima de um ataque cardíaco no dia 5 de Julho. Ele e Jeff Skilling são personagens centrais do filme de Alex Gibney. Skilling acabou sofrendo a pena mais dura, sendo condenado a 24 anos e três meses de prisão pelo papel que desempenhou na fraude. Segundo o juiz Sim Lake, que sentenciou Skilling, as provas mostraram que o ex-executivo mentiu repetida e sistematicamente aos investidores e funcionários da empresa. Ele foi o último alto executivo da empresa a ser condenado pelo escândalo contabilístico que transformou em pó mais de US$ 60 mil milhões em acções da empresa e mais de US$ 2 mil milhões que compunham os fundos de pensão dos funcionários.

CRIMINALIZAÇÃO DO GLOBO E GLOBALIZAÇÃO DO CRIME

As condenações individuais de alguns dos principais envolvidos no escândalo não atingem, porém, a rede de colaboradores activos ou passivos pertencentes a grandes bancos, empresas de auditoria e à imprensa especializada no sistema financeiro que durante muitos anos incensou a Enron como modelo de um novo tipo de empresa, uma empresa ousada e inovadora que deveria servir de exemplo a todo o mundo. Elas não penalizaram tampouco as consequências políticas da actuação da Enron, como a que ocorreu na Califórnia e que acabou ajudando a levar o “exterminador do futuro” ao poder. O documentário sobre o caso ilustra uma reflexão do sociólogo polonês Zigmunt Bauman, no seu livro Vidas desperdiçadas (Wasted Lives, 2004), publicado no Brasil pela Jorge Zahar, sobre a face sombria do actual estágio do capitalismo financeiro. Uma face caracterizada, entre outras coisas, por relações promíscuas com o crime organizado.

Ao tratar do que chama de “refugo da globalização”, Bauman afirma: «Uma consequência bastante espectacular e potencialmente sinistra dos erráticos processos globalizantes, descontrolados e descomedidos como têm sido até hoje é a progressiva criminalização do globo e globalização do crime. Parte considerável dos milhares de milhões de dólares, libras e euros que todo o dia mudam de mão provém de fontes criminosas e destinam­‑se a fontes criminosas. Todos os outros – parceiros e jogadores menores – não têm opção a não ser bajular os poderosos. Na melhor das hipóteses, o sistema jurídico global é constituído de patronos e dependentes, e hoje apresenta (de facto, se não na teoria) uma manta de retalhos de privilégios e privações. São os jogadores mais poderosos que distribuem, de maneira esparsa, e de olho na preservação do seu monopólio, o direito de buscar a protecção da lei».

Não se trata apenas, prossegue o sociólogo, do facto de que as máfias globais operam aproveitando-se de brechas nas estruturas jurídicas e institucionais. O importante, destaca, «é que, uma vez libertas de restrições legais e efectivas e dependendo unicamente do diferencial de poder em vigor, todas as operações no espaço global seguem (segundo o planeado ou por falha) o padrão até aqui associado às máfias, ou à corrupção das normas da lei ao estilo mafioso». A história do colapso da Enron fornece fartos exemplos de como isso funciona.

É particularmente marcante a história da desregulamentação do sector energético na Califórnia, em 2006, a defesa fundamentalista que Ronald Reagan faz do livre mercado (só há “salvação” aí, segundo ele) e o modo como operadores da empresa actuaram para provocar apagões no Estado e aumentar assim os seus lucros com a elevação do preço da energia para a população. Os vínculos políticos dessa operação com o Partido Republicano ficam escancarados numa cena onde, durante a campanha eleitoral, Arnold Schwarzenegger, chama o governador democrata Gray Davis de “exterminador do futuro”. O que estava a ser exterminado, na verdade, eram fundos de poupança e de aposentadoria, a soberania de uma unidade federada e, principalmente, a confiança num modelo que prometia o paraíso e entregou o inferno na porta de milhares de funcionários e investidores.
Marco Aurélio Weissheimer
Carta Maior
http://www.infoalternativa.org/cultura/cinema011.htm

quarta-feira, novembro 29, 2006

Maçonaria com novas regras

Segundo notícias recentes, Mário Soares e outras figuras importantes da nossa sociedade, foram excluídos da Maçonaria por falta de pagamento de quotas.
A maçonaria está em mudança. Esta revisão é importante e faz parte da nova estratégia de algumas lojas da Maçonaria, nomeadamente da Grande Oriente Lusitano. O grão-mestre esclareceu anonimamente que, a maioria das lojas está bastante envelhecida e que é preciso mudar.
Com base neste pressuposto, a nova estratégia da Maçonaria será a de abrir algumas lojas em regime de franchising, bem como o lançamento de um Kit Novo Sócio. O novo cartão de maçom será também cartão de crédito e débito e terá descontos no Automóvel Clube de Portugal, na Livraria Bulhosa, Repsol e outros.
Todas estas acções serão feitas dentro do maior secretismo.
http://noticiasmentirosas.blogspot.com/

Bloco de Esquerda e “Marcha pelo emprego”

Terminou mal a iniciativa, amplamente divulgada, do Bloco de Esquerda. O que se previa ser uma marcha pacífica pelo emprego, que correria o país de lés a lés, acabou por ser uma verdadeira “Marcha do desemprego”.
Mais de 30 pessoas que participaram activamente na marcha, foram despedidas com justa causa, devido a terem faltado ao emprego durante esses dias.Francisco Louçã, economista e líder do Bloco de Esquerda, afirmou em conferência de imprensa: “As pessoas gostam de ver tudo pelo lado negativo. Para mim, não foram despedidas 30 pessoas, foram criados 30 postos de trabalho e, nesta perspectiva, a marcha teve resultados positivos. Portugal não pode continuar a dar importância apenas aos factos maus, temos antes de olhar para os factos positivos.”
http://noticiasmentirosas.blogspot.com/

Conversa de ministro

Desde pequenos, na escola, aprendemos que a meteorologia tem um grau baixo de previsibilidade. Podemos calcular se amanhã vai estar sol ou neve, mas não conseguimos prever o estado do tempo daqui a cinco meses. Os meteorologistas fazem previsões de dois, três ou quatro dias. Mais do que isto é difícil.Porém, o nosso ministro do Ambiente, o eloquente Nunes Correia, disse que o pior já passou, referindo-se aos recentes temporais. Com isto, Nunes Correia voltou a legitimar uma frase batida: Nunes Correia só diz disparates.O ministro fala para o país como se estivesse a mandar conversa fora com a sua porteira, lá no elevador do pardieiro. O pior já passou – comenta então, entre o segundo e o terceiro, quase a chegar ao rés-do-chão. Assim, eu espero que, caso surja uma rajada de vento mais forte que as restantes, o ministro do Ambiente se demita imediatamente.

http://www.lobi-do-cha.blogspot.com/

Corpo estranho

Ontem, ao aprovar em conselho de ministros um "novo" estatuto à revelia de todas as organizações sindicais e da esmagadora maioria dos professores portugueses, que pressentem as gravosas consequências na profissão e na qualidade da educação, o ministério da Educação e o governo escreveram uma página negra.
Sobre uma apreciação em pormenor remeto para posições da plataforma sindical.
Para uma apreciação pessoal sobre o que todo este processo me provoca, quase visceralmente, eu direi:
-com governos destes, com maioria absoluta, que se dão luxo de rasgar promessas e enveredar por políticas que nunca anunciaram, cuidado, povo português!
-de governos destes, que se dizem de esquerda e praticam políticas cuja matriz está nos manuais da direita e que são elogiados pelos mais "desinteressados" representantes desta, livrai-nos, povo português!
-de governos destes, cujo líder, na campanha eleitoral e em debates televisivos demonstrava uma arrogância e uma falta de sentido de diálogo democrático e que depois neste pleno consulado mostra toda a sua prepotência, enganos são imperdoáveis, povo português!
-de governos destes, cuja "coragem" cai em cima de todos os que trabalham e sobretudo em cima de quem tinha alguns direitos conquistados, praticando um nivelamento por baixo que é exemplo para os de baixo mas neles procura apoios baseados em sentimentos mesquinhos, poupai-nos, povo português!
-de governos destes que se baseiam na mais reles demagogia, na manipulação e no insulto sobre classes profissionais que não se conformam com o conteúdo e a forma das suas "reformas", livrai-nos, povo português!
-de governos destes, que fecham escolas, maternidades, urgências, etc, que fazem pagar mais impostos a quem já paga bastante e não lhes pode fugir e que mantém livres deles aqueles que já deles fogem, poupai-nos, povo português!
-mas de governos de direita que defendem com mais coerência a prática destes governos ditos de "esquerda", livrai-nos também, povo português!
Eu não me sinto enganado por este governo. Ele nunca me enganou. Penso que enganou imensos professores que lhe passaram um cheque em branco.
Por muitas razões não é fácil a luta contra este ministério e este governo. Os seus aliados têm peso, tem poder.
Sei que há muitos professores que estão a pensar simplesmente neste momento (alguns sempre fizeram só isso) adaptar-se a este estatuto, da forma menos lesiva para si próprios. É "humano" dirão. Eu direi antes: é compreensível. O que é Humano e fez esta nossa espécie verdadeiramente conseguir vingar no mundo foi a sua capacidade de o transformar e de cooperar com os seus semelhantes para tentar tornar a vida melhor.
Amanhã e depois de amanhã é dia de continuar a lutar para que alguns senhores não consigam transformar as pessoas em "coisas" insultáveis, desvalorizadas e desvalorizáveis, ignoradas e ignoráveis, exploráveis, descartáveis.
É próprio dos professores ensinar e transmitir os valores humanos. E que tal se, como professores tentássemos ensinar a estes senhores valores como "Verdade", "Jogo Limpo", "Honrar compromissos", "Democracia". Estou convencido que com eles não teríamos a mínima chance de sucesso na aprendizagem. Mas se, como professor acredito que só quando os meus alunos aprendem é que eu realizo o meu ensino, aqui bastaria que se torne bem claro a todos quem é que não quer aprender. É que estes senhores que nos governam, a única coisa que podem aprender de nós é a dignidade de não sermos como eles.
Por favor colegas professores,
com memória, com paciência, com persistência, com criatividade e com união: como um corpo biológico, façamos tudo por rejeitar este "corpo estranho".
http://edutica.blogspot.com/

Aversão à blogosfera é patologia de herança genética

Cientistas consideram a “aversão às novas tecnologias” uma patologia que se adquire por via genética. O caso do famoso jornalista português Miguel de Sousa Tavares que defendeu recentemente e passamos a citar que «a Internet é perfeitamente inútil» suscitou a curiosidade da comunidade científica internacional. Vários cientistas de Stanford e Berkeley analisaram o caso à lupa e chegaram à conclusão que as posições do referido periodista são causadas pela inexistência do cromossoma MW (responsável pela aquisição de prazer em dominar as novas tecnologias) na família Sousa Tavares há várias gerações. Esta tese é também corroborada por vários historiadores das universidades de Coimbra, Lovaina e Heidelberg que afirmam a existência de relatos da Mogúncia datados de 1455 a indicar que Bensafrim de Souza Thavares terá “partido à paulada a famosa tipografia de Gutemberg” irado com esta inovação tecnológica que «facilita a difusão de informação escrita por gente medíocre e invejosa». Vários egiptólogos de Salamanca, Cambridge e da Sorbone afirmam também que já em 50 a.C. o escriba Amenhotep Deçousa Taafares, tentou incendiar a famosa Biblioteca de Alexandria indignado com a profusão do papiro em detrimento da sólida e resistente tábua de argila, «muito mais indicada para o registo da poesia e de toda a escrita produzida pelas castas superiores», terá alegado Amenhotep às autoridades faraónicas.
http://bibliotecarioanarquista.blogspot.com/

Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres II

Pelas razões indicadas no post anterior, não é de espantar que a argumentação recorrente dos pró-prisão - que se desdobram em regurgitações «moralistas» sobre os motivos que levam as mulheres a abortar - assente implicita ou explicitamente no paradigma católico da mulher, um ser sem direitos que se deve «sacrificar» por um qualquer óvulo fertilizado, sendo as que não o fazem seres imorais em quem não se pode confiar a decisão sobre o futuro de uma gravidez indesejada!De facto, sem se aperceberem que essa argumentação deixa claro que não é a defesa da vida por que militam os pró-prisão, mas sim a recusa em reconhecer direitos à mulher, os que consideram ser a prisão o lugar das mulheres que abortam por motivos «fúteis» ou «egoístas» ululam:«o que está em causa e o SIM autorizará, é que a grávida possa decidir, sem qualquer justificação ou outra motivação, abortar»Ou seja, o problema não é abortar, o problema é que a mulher possa abortar por decisão própria sem autorização de moralistas que julgarão os seus motivos! O que subentendem os defensores do NÃO ao referendo que se aproxima é que a mulher não tem qualidades morais para que se possa deixar a decisão sobre a interrupção de uma gravidez indesejada em mãos femininas!Como ironiza Fernanda Câncio no Glória Fácil - de leitura diária recomendada - «a ideia primordial de quem defende o não» é assim «a ideia de que a uma mulher que rejeita a gravidez não tendo sido violada ou não lhe tendo sido detectada qualquer malformação no feto não se reconhecem 'justificações'para abortar» .Isto é, contrariando todos os axiomas em que deveria assentar o Direito num estado moderno, os pró-prisão consideram perfeitamente legítimo que o Código Penal nacional criminalize um crime sem vítimas - o embrião não é uma pessoa, como eles próprios admitem ao considerar perfeitamente «morais» os abortos permitidos pela lei actual - , isto é, que se mande para a prisão as «desavergonhadas» que pensam serem pessoas de plenos direitos que podem decidir por si próprias!A criminalização do aborto é uma forma de violência contra as mulheres e «atenta contra os valores da sua autonomia e dignidade enquanto pessoas humanas». Hoje é um dia em que os adeptos do NÃO deveriam reflectir sobre os motivos porque não só toleram como acham justificada a manutenção desta violência contra as mulheres!
Palmira F. da Silva
http://www.ateismo.net/diario/

Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres

A incapacidade de compreender e conviver com a diversidade e de aceitar que os direitos do Homem se referem também à mulher, mesmo quando disfarçadas por manobras de marketing, são o apanágio da Igreja de Roma. A Inquisição, uma das fontes privilegiadas para tipificar a intolerância, preservada na congregação dirigida durante décadas pelo actual Papa, especializou-se em difundir na sociedade civil o pensamento único e em perseguir ou estigmatizar todos os que ousassem questionar os ditames do Vaticano.De facto, durante séculos fomos educados para a intolerância e para o radicalismo. Dogmas religiosos foram pacientemente secularizados como peças estratégicas para a preservação de grupos e sistemas ideológicos. Urge quebrar paradigmas, ousar, como fizeram os demolidores de preconceitos de todas as épocas, sair do espírito de rebanho cultivado pelos que não toleram críticas ou divergências.A sexualidade é o tema em que a influência nefasta do cristianismo, em todas as suas vertentes, especialmente a misoginia e a homofobia, contamina com mais virulência a nossa sociedade. Uma das faces da misoginia cristã, a relegação da mulher a um sub-humano sem direitos, é o tema onde os monolíticos preconceitos cristãos - de que muitos não percebem as origens - se têm demonstrado mais difíceis de erradicar da nossa sociedade, completamente condicionada até há escassos 30 anos pelos representantes locais da Igreja de Roma!Hoje, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, deveríamos reflectir porque razão, como é apontado por Dulce Rocha, vice-presidente da Associação Portuguesa das Mulheres Juristas, «Bater na mulher é um comportamento que é tolerado na sociedade».Porque razão a PSP e a GNR registaram, apenas no primeiro semestre de 2006, 10.308 queixas por violência doméstica , o que significa que em seis meses pelo menos o mesmo número de homens considerou ser perfeitamente justificada a punição física de qualquer comportamento menos «próprio» da respectiva mulher/companheira.Condicionadas pelo paradigma mariano da mulher que permeia a sociedade nacional, quantas mais mulheres não se queixaram por considerarem que o espancamento foi «merecido»?De facto, a nossa é uma sociedade em que permanece anacronicamente o modelo cristão da mulher subjugada ao marido, aos filhos e à casa, uma sociedade que faz julgamentos de valor sobre os comportamentos das mulheres e que desdenha como «egoístas» e epítetos ainda menos simpáticos as que não seguem esse paradigma.Modelo inculcado pelo matraquear incessante da Igreja de Roma, que não reconhece direitos - a que chama «exigências 'para ela mesma'»- à mulher, apenas deveres, nomeadamente o dever de morrer por um qualquer óvulo fertilizado ou às mãos de um marido mais violento.Igreja que santificou a violência conjugal ao apontar como exemplo a seguir Isabella Canori Mora, que preferiu morrer às mãos de um marido abusivo a «violar a santidade do matrimónio». Igreja que nega o direito à vida da mulher ao canonizar como «santa Mãe de Família» Gianna Beretta Molla, que preferiu morrer a abortar.
Palmira F. da Silva
http://www.ateismo.net/diario/

O conflito entre Ciência e Religião

O vigia num navio de guerra avista uma luz entre o nevoeiro. Avisa o comandante, que manda o imediato ordenar ao outro navio que mude de rota. O imediato tenta várias vezes, mas pelo rádio recebe apenas um pedido idêntico. Irritado, o comandante pega no microfone: «Daqui fala o Comandante Silva. Este é um navio da Marinha, e não alteramos o nosso rumo! Saiam da nossa rota!». Do outro lado vem a resposta paciente «Aqui fala o Martins, e isto é um farol. Faça lá o senhor Comandante como achar melhor...»O conflito entre ciência e religião faz me lembrar esta anedota. A religião traz a autoridade da tradição, duma coisa séria e importante, mas a ciência está limitada pela realidade e daí não pode sair. Se a astronomia, a geologia, ou a biologia contradizem uma certa interpretação de um dos muitos livros sagrados não é a ciência que tem que mudar. E o humor em si ilustra outro ponto de divergência. Para uma piada ter graça temos que a compreender, mas não precisamos de acreditar. O gozo de fazer ciência é essa compreensão, associada a uma dúvida que antecipa algo ainda mais fascinante. A religião é o oposto. A Santíssima Trindade ou a hóstia que se transforma no corpo de Jesus são ideias incompreensíveis, que a religião quer que se acredite sem reserva, sem compreensão. Sem humor. A ciência tem piada; a religião é séria e sisuda.E isso vê-se nas atitudes. Em todos os laboratórios vemos piadas ou cartoons com sátiras à ciência. A prestigiosa universidade de Harvard atribui anualmente os prémios Ig-Nobel, uma crítica sardónica às argoladas dos cientistas. Mas basta um desenho de um papa com um preservativo no nariz ou de um profeta com um turbante em forma de bomba e ficam milhões de crentes ofendidos. O humor é uma forma poderosa de crítica, que suscita a exploração de outros pontos de vista. Enquanto a ciência se alimenta deste diálogo crítico, a religião não quer nada com isso.E a maior diferença é na reacção a outras ideias. Os cientistas que discordam colaboram para determinar quem tem razão. Quando crentes discordam não há nada a fazer. Nunca Católicos e Judeus vão colaborar num projecto para determinar objectivamente a divindade de Jesus. Há quem queira resolver o conflito entre ciência e religião isolando os campos, com a ciência encarregando-se dos factos e a religião dos valores. Mas o problema não é o conflito de ideias. Há conflitos de ideias na ciência, na arte, e na filosofia sem qualquer problema. Pelo contrário, este conflito de ideias é bom porque estimula o diálogo, o progresso, e novas ideias. O problema é que certas ideologias não toleram o conflito de ideias. Os nacionalismos, ideologias políticas, e religiões tendem a reagir muito mal a ideias contrárias, e a transformar conflitos de ideias em conflitos de pessoas.Não é o farol que tem que sair da frente, e não são as ideias diferentes que criam o conflito entre ciência e religião. O que causa este conflito é basear uma ideologia na certeza absoluta que é Verdade. Quem tem esta certeza está fechado a posições contrárias, nega a possibilidade de mudar de ideias, e não tem interesse em manter o diálogo. Interessa-lhe suprimir a oposição em vez de aprender com ela, desde a subversão do ensino científico por meios políticos até aos atentados bombistas.
João Vasco
http://www.ateismo.net/diario/

Recolher obrigatório em Bagdad

Bagdad é desde ontem à noite uma cidade fantasma, depois da série de atentados mais sangrentos desde o início da guerra, que causou 202 mortos e cerca de 250 feridos, ter levado o governo a impor um recolher obrigatório sem fim prevísivel.O aeroporto de Bagdad assim como o de Bassorá e os portos no sul do Iraque encontram-se fechados. O massacre em Sadr City, uma área densamente populada por iraquianos shiitas que foi o palco da série de atentados bombistas de ontem, ocorreu momentos depois de helicópteros americanos e o exército iraquiano terem sido obrigados a intervir num ataque ao Ministério da Saúde - dominado por shiitas.Desde o ataque em Fevereiro último a Samarra - que atingiu um dos lugares mais sagrados dos muçulmanos shiitas, o santuário al-Askari - que o Iraque tem assistido a um escalar da violência entre shiitas e sunitas. Segundo a ONU, foram vítimas mortais desta violência cerca de 3 709 civis iraquianos em Outubro, o número mais alto de mortes civis verificado desde o início da guerra há 44 meses, um número que se prevê ser eclipsado em Novembro.As Nações Unidas indicaram igualmente que fogem mensalmente do país cerca de 100 000 iraquianos, perfazendo um total de 1.6 milhões de refugiados desde Março de 2003, data em que a guerra «divinamente ordenada» se iniciou.Desenvolvimentos: Enquanto em Bagdad se desenrolavam os funerais das vítimas dos atentados de ontem, em que os que quiseram prestar homenagem às vítimas foram autorizados pelo governo a quebrar o estrito recolher obrigatório na cidade, um atentado com um carro armadilhado fez mais 22 vítimas mortais na cidade de Talafar, perto da fronteira com a Síria. O grupo shiita liderado por Moqtada Sadr, que tem apoiado o governo do primeiro-ministro Nouri Maliki, ameaçou retirar-se do governo e do parlamento se Maliki se encontrar na próxima semana, como está previsto, com G. W. Bush.
Palmira F. da Silvahttp://www.ateismo.net/diario/

Fundamentalistas cristãos contra Wal-Mart

A história do Wal-Mart, a maior rede grossista ou de «discount stores» do mundo, confunde-se com a história do seu fundador, Samuel Moore Walton, mais conhecido como Sam Walton, nascido em 1918.Sam Walton era um devoto cristão, tão devoto que institui em 1991 o prémio Sam e Helen R. Walton, destinado a premiar as igrejas que promovam formas criativas de espalhar a fé. Os fanáticos cristãos americanos, para além de se acharem no direito de decidir o que as lojas devem ou não vender -especialmente os abominados contraceptivos - esperam ainda que a companhia, que emprega mais de um milhão e meio de pessoas, siga o exemplo do seu fundador e seja não só prosélita mas reflicta todos os preconceitos e ódios indissociáveis do cristianismo mais jurássico.Depois de no ano passado a Catholic League for Religious and Civil Rights,um grupo de pressão fundamentalista católico, ter feito um boicote ao Wal-Mart por este supostamente ter entrado na inventada «guerra ao Natal», isto é, se ter arrogado à heresia de admitir que existem não cristãos no mundo, a rede volta a ser alvo de boicote dos fundamentalistas cristãos.Desta vez o que levou os ululantes cristãos a paroxismos de ódio foi o facto de o Wal-Mart, horror dos horrores, reconhecer que os homossexuais são pessoas e têm direitos!Assim, a empresa é acusada pelos fanáticos cristãos de ser dominada pelo mafarrico, algo que é dever cristão impedir que continue. «O Diabo está a forçar as nossas escolas, empresas e igrejas a reconhecer coisas que são abominações a Deus. Os cristãos não podem deixar que isto aconteça».Os fanáticos cristãos inspiram-se no seu livro «sagrado e inerrante» para preconizar o modus operandi contra os possuídos pelo Demo:«David não teve qualquer problema em cortar a cabeça a Golias porque sabia que Golias era um inimigo de Deus e um inimigo do povo de Deus. Ele sabia os estragos que Golias faria se fosse permitido viver».Aparentemente os «defensores incondicionais da vida» consideram que vida é sinónimo de cristão... os não cristãos não são vida: são inimigos de Deus e como tal não têm quaisquer direitos!Algo que sempre me intrigou é o facto de, embora ululando ser a sua uma religião de «amor(?)», as únicas campanhas, para além de espalhar a fé, em que estes cristãos mais fundamentalistas se empenham são campanhas de ódio: ódio contra homossexuais, ódio contra as mulheres que abortam, ódio contra ateus e os que não aceitam os ditames do cristianismo, etc..
Palmira F. da Silva
http://www.ateismo.net/diario/

A UE quer destruir a viticultura europeia

Não a uma Europa da bagalhoça

Há cento e um anos atrás, aqui mesmo em Maraussan, diante duma multidão reunida a convite da então bem jovem Sociedade Cooperativa dos Vinhateiros Livres, Jean Jaurès declarou "O que dá a todo este Sul da vinha uma beleza incomparável é que a força alegre da vida nele se exprime". Hoje sem dúvida temos a força. Mas não estamos alegres. Estamos aqui reunidos para exprimir a nossa cólera e manifestar a nossa determinação. Há algumas semanas numa comissão do Parlamento Europeu o representante da Comissão Europeia declarou: "O que desejamos é uma desregulação completa do mercado do vinho". E é essa mesma a intenção dessa máquina de destruir o património europeu, que é a Comissão Europeia. Pretendem defender a viticultura europeia, mas recusam-se a protegê-la e esforçam-se por dissolvê-la no mercado mundial dum vinho desnaturado já bautizado, em inglês pois claro, de "world wine". Qual é o problema? Desde há seis anos a oferta de vinho é superior à procura. Isto porque a Europa quase que importa tanto vinho como o que exporta. Porquê? Duas razões. A primeira: estamos num país onde se estigmatizou quase ao absurdo o consumo de vinho. Os poderes públicos fizeram-se aliados da Coca-Cola no lugar dos vinhateiros, os quais, desde há 60 anos, empregam esforços enormes para privilegiar a qualidade. Como consequência há menos um milhão de consumidores de vinho que à seis anos atrás e 30% menos que há 25 anos. Segunda razão: a concorrência mundial num sistema onde, especialmente por iniciativa da Europa, o mercado mundializado e desregulado é a lei. Fora da Europa onde as exigências de qualidade não são objecto de regulamentação e onde os direitos de plantação são ilimitados, as superfícies de vinhedo aumentaram consideravelmente no decurso dos últimos vinte anos: na África do Sul 29%, na Austrália 169%, nos Estados Unidos 26%, no Chile 48%, na Nova Zelândia 240%, enquanto que diminuíram 16% na Europa dos Quinze. Isto traduz-se por um aumento espectacular das exportações de vinho desses países: África do Sul + 770%, Austrália + 500%, Chile + 270%, Estados Unidos + 160%. Quais são as consequências? Na presença duma oferta maior que a procura, na ausência de protecção contra a concorrência desleal com vinhos que não estão submetidos aos mesmos critérios, os preços disparam e o trabalho deixa de ser remunerado de maneira satisfatória. Todos vós sabeis como cada ano faltam pelo menos 1.000 euros por hectare, não para viver decentemente, mas para cobrir os custos de exploração. No nosso Languedoc Roussillon, a primeira região da Europa em superfície vitícola em relação à superfície agrícola, há mais de 24.000 explorações; 30.000 pessoas vivem directamente da vinha. Mas pode-se chamar viver a isto? Que propõe a Comissão Europeia? Fazer conforme satisfaça aos Estados Unidos que desejam ver desaparecer os nossos critérios de qualidade e às grandes companhias, especialmente francesas e italianas, que desejam vender na Europa vinhos de domínios vitícolas de que são proprietárias nos países que já citei e onde não há nenhuma exigência de qualidade. A Comissão Europeia avança com quatro propostas que não são senão quatro agressões: Primeira agressão: Uma vez que a produção europeia é a maior do mundo é necessário diminuí-la e arrancar em cinco anos 400 mil hectares de vinha! Como se propõe ligar os subsídios de arranque à situação económica dos viticultores, não será sequer privilegiado o arranque onde os solos sejam menos bons. Esta estratégia de arranque cego vai desperdiçar força de trabalho, reorientar o regime fundiário em direcção à especulação imobiliária e modificar os terrenos. Inevitavelmente deixaremos de exportar mais que importamos. Sendo o saldo actual das nossas exportações de vinho ainda equivalente à venda de 100 Airbus! É assim que, em nome do liberalismo, se liquida uma das riquezas do património agrícola e cultural da Europa. Porque a supremacia do vinho europeu estaria ameaçada, a Comissão não propõe nada mais que lhe pôr fim. Segunda agressão: A supressão dos mecanismos reguladores do mercado. Na mais pura lógica liberal é preciso renunciar a qualquer intervenção reguladora. A UE propõe então suprimir os apoios à destilação, ao armazenamento e aos mostos para fabricação de sumos de uva. Resultará daí que, mais que hoje, será o mercado a fixar a cotação do vinho e que uma estabilidade de preços se tornará quase impossível. É preciso lembrar que a União Europeia não contraiu nenhuma obrigação jurídica forçando-a à supressão das subvenções à produção e à exportação do vinho europeu e que invocar as regras da OMC revela a falsidade do discurso. Terceira agressão: Renunciar à prova de qualidade da etiquetagem. A Comissão Europeia ajusta a viticultura europeia à nomenclatura da OMC. Quer suprimir as categorias que definem a qualidade, como a AOC (Appelation d'Origine Contrôlée), e substituí-las por duas categorias: os vinhos com indicação geográfica e os vinhos sem indicação geográfica. Isto significa que a Europa deveria renunciar às qualificações que não só indicam a origem mas também garantem o respeito por um caderno de encargos no qual se obriga a critérios como a cepeira (encépagement), a fiscalização dos rendimentos, os métodos de vinificação, de armazenamento e de envelhecimento do vinho. Renuncia-se às regras existentes para facilitar a venda de vinhos não europeus, fazendo desaparecer a possibilidade de identificar a sua qualidade. Mas que belo brinde para os contrabandistas. Para uma União Europeia que não se cansa de declarar quanto trabalha no interesse dos consumidores, eis a prova do contrário. Quarta agressão: Renunciar aos critérios de qualidade. A Comissão outorga-se a competência, até aqui detida pelos governos, de definir as práticas enológicas. Ela quer que os viticultores europeus adoptem os métodos de vinificação dos seus concorrentes. Quer que se permita ajuntar ao vinho aparas de carvalho, aromas sintéticos, leveduras e cultivar bacelos aromáticos criados por modificação genética. Quer que se possa misturar vinhos europeus com vinhos vindos de outros continentes. Quer pôr fim à interdição de vinificar mostos importados. É um verdadeiro plano de desnaturação dos vinhos europeus o que a União Europeia quer pôr em prática. Renunciam, para agradar aos Estados Unidos, a tudo quanto faz a qualidade dos nossos vinhos, insultando assim o trabalho de gerações de viticultores que, incansavelmente, procuraram uma qualidade cada vez superior. O vinho, o nosso vinho, encerra em si um sentido e uma originalidade. E é isso que eles querem destruir. Sublinho que não existe actualmente nenhuma obrigação pelas regras da OMC de negociar o abandono daquilo que faz a originalidade do vinho europeu: um vinho proveniente exclusivamente da fermentação do sumo da uva, seguida pelo trabalho engenhoso e paciente do vinhateiro. A esta formidável agressão contra a civilização europeia do vinho qual é a resposta possível? A crise que atinge a viticultura é, em bastantes aspectos, comparável à da de 1907. Os nossos antepassados conseguiram fazer ouvir o brado de desespero que lançaram. E conseguiram obter as reformas indispensáveis. Por terem chamado à greve contra os impostos e pela demissão das autarquias, os que se chamavam a si mesmos de "pobres" enfrentaram os soldados de Clémenceau antes que estes últimos pudessem fraternizar com os vinhateiros. É graças a eles que a definição do vinho como produto natural foi conseguida. Foram eles que iniciaram o movimento das adegas cooperativas. Hoje a agressão é europeia, mas é europeia porque tem cúmplices nacionais. Com efeito, o que quer que a Comissão Europeia proponha, tem que ter o assentimento dos governos. Alguns dentre nós sugerem um "Grenelle da viticultura". Não creio que isso baste, porque o problema é ao mesmo tempo nacional e europeu. Não nos podemos concentrar em soluções nacionais de eficácia limitada, se não houver ao mesmo tempo um confronto com as instituições europeias. Eu disse bem, um confronto. Não há nada a esperar duma Comissão Europeia que em todos os domínios pretende fazer desaparecer o primado do interesse geral. Não há nada a esperar duma Comissão Europeia que propõe, como política única, a desregulação e a lei do mercado. Se há uma ruptura que hoje se impõe, é a que consiste em dizer: acabou, não aceitamos mais a ditadura duma Europa que se constrói contra nós. Outros já o fizeram e com bom sucesso. Lembrai-vos dos estivadores de todos os portos da Europa. Deram-nos uma formidável lição de combatividade; mostraram-nos que, unidos e determinados, podemos parar esta máquina infernal. Serão os viticultores menos determinados, menos numerosos ou a sua causa menos justa que a dos estivadores? A tal questão, é aos próprios vinhateiros que cabe dar a primeira resposta: é necessário unir a viticultura camponesa europeia e organizar uma resposta a nível europeu com uma determinação sem falhas. A segunda resposta, cabe a nós todos, vinhateiros e defensores da civilização do vinho, dá-la. Temos que pedir explicações aos eleitos nacionais e europeus, pedir explicações ao governo francês e às instituições europeias. Podemos pedir-lhes explicações individual ou colectivamente: visitemos os parlamentares e visitemos os governadores civis que são as orelhas do governo. Organizemos concentrações como esta e manifestações em Paris, Bruxelas e em Estrasburgo. Não esperemos que os jornalistas venham a nós, eles não virão. Vamos visitá-los às redacções dos jornais, das rádios e das televisões para dizer uma verdade que eles passam em silêncio. Não nos contentemos com falsas respostas. Exijamos uma verdadeira protecção da viticultura europeia. Proteger-se é um direito. Hoje, em nome da mais selvagem das livres trocas, pretendem interditar-nos a protecção. Uma União Europeia que não protege as especificidades da Europa tem que mudar. Se não o fizer, prova que não serve para nada. Jaurès, aqui mesmo, regozijava-se com a jornada "radiante de esperança" que passara em Maraussan. Que este 17 de Novembro seja também para o país da vinha uma jornada de esperança. Porque esta é uma jornada na qual, todos juntos, pretendemos ser dignos dos nossos antepassados de 1907.
19/Novembro/2006
[*] Investigador altermundialista, Membro do comité de proposta do Apelo contra os piratas naufragistas do vinho, Maraussan, 17 de Novembro de 2006.
Apelo contra os piratas naufragistas do vinho
De que se trata? Nada menos que legalizar a nível europeu o "arranjo" dos nossos vinhos de forma a torná-los compatíveis com uma norma de consumo imaginada por especialistas de marketing das grandes alcooleiras internacionais. Poder-se-á aromatizar o vinho, retirar-lhe o álcool, ajuntar-lhe glicerol, fermentar na Europa mostos concentrados da Argentina ou até mesmo importar sumo de fruta para fabricar "vinhos" suecos! Poder-se-á misturar os continentes e pôr em concorrência as misérias a fim de lucrar com a exploração dos trabalhadores dos novos países produtores para pagarmos mais barato pelo vinho no supermercado . Apelo último contra os piratas naufragistas do vinho! Ler, assinar a petição: http://www.contrelesnaufrageursduvin.org/

Ler também Quand le "world wine" coulera à flots... , por Thierry Brun, Politis. Raoul Marc Jennard
http://resistir.info/

Provado cientificamente

A palavra provar tem dois significados diferentes. A demonstração, como na matemática ou na lógica. E testar, como provar um fato ou prestar provas. Parece-me que uma grande dificuldade em compreender a ciência vem de confundir estes dois significados.
Um leitor deste blog (João Silveira) comentou que não posso provar cientificamente que a minha mãe gosta de mim. Engana-se. A minha mãe deu já muitas provas de gostar de mim, em muitas ocasiões que testaram o seu amor por mim. É assim que a ciência prova: testando. Está provado cientificamente que a minha mãe gosta de mim.O problema é pensar que a ciência prova as coisas como a matemática. A prova dedutiva é útil na manipulação de modelos simbólicos (equações, proposições lógicas, e assim por diante), mas não é uma forma de adquirir conhecimento. Se todos os mafaguinhos são calafráticos, e se o Jibidim é um mafaguinho, então prova-se que o Jibidim é calafrático. Mas o que é que isso adianta? Para tirar algum partido desta prova tenho que encontrar mafaguinhos, determinar se são todos calafráticos, e verificar se o Jibidim é um mafaguinho. E para isso preciso de provas no outro sentido. Preciso de definir os termos, especificar hipóteses, confrontar previsões com o que observo, para pôr à prova a adequação do modelo à realidade. Sem isto fiz apenas um jogo de palavras sem utilidade nem sentido, mesmo que provado por demonstração lógica. É por isso que a ciência nos dá modelos da realidade que são rigorosos, precisos, e úteis: tudo na ciência é para provar, no sentido de por à prova, e toda a ciência está provada, no sentido de ter prestado provas.O Bernardo Motta revelou a mesma dificuldade quando propôs que a diferença entre esta abordagem e a fé (a Católica, pelo menos) é uma diferença de «visão do mundo»:«A virgindade de Maria, para mim, é algo de perfeitamente natural e normal, porque tenho uma visão do Mundo que não é positivista. [... O] crente instruído não acredita num dado dogma "porque sim". Acredita porque esse dogma faz todo o sentido dentro da "weltanschauung" católica. Perfaz um todo coerente de uma beleza que nos convence da sua veracidade.»Isto é apenas um passo do processo científico: a construção do modelo. Criar uma representação simbólica coerente, elegante, mesmo bela. Pode ser o dogma Católico, pode ser a economia de Marx, pode ser a psicologia de Freud ou a mecânica Newtoniana ou a Relatividade de Einstein. São modelos; palavras e símbolos encadeados duma forma lógica e estruturada. Mas, como disse Thomas Huxley, mesmo a teoria mais bela pode ser morta por um facto feio. Podemos dizer que o nosso modelo vem da intuição, ou é revelado, ou é metafísico, transcendente, o que quisermos. Mas enquanto não prestar provas de que corresponde à realidade não é mais que o Jibidim e os mafaguinhos calafráticos.A crença e a ciência não se distinguem pelas suas visões diferentes do mundo. Visões do mundo tem a ciência às dúzias, e muda-as regularmente. Até o dogma Católico já fez parte da ciência ocidental, e nenhum Católico rejeitaria provas científicas da virgindade de Maria ou da ressurreição de Jesus por virem de outra visão do mundo. Apenas o faria se as provas fossem contrárias à sua doutrina. E aqui é que está a diferença. A ciência quer modelos para compreender a realidade, por isso além de os construir também os testa, corrige, rejeita, melhora, e substitui. A religião quer modelos para acreditar que são realidade, por isso limita-se a enfeitar um modelo com palavras sonantes. Aceita tudo o que facilite a crença. Rejeita tudo o que indique erros no modelo. Como adora o modelo, nem percebe a necessidade de o pôr à prova. Não se testa; tem-se fé. Mistério. Milagre.Treta.
http://ktreta.blogspot.com/

terça-feira, novembro 28, 2006

Israel testa míssil inteligente

Israel vai testar na próxima sexta-feira um míssil inteligente. Este projéctil é o culminar de vários anos de estudos do exército israelita, e tem o nome de código “Happy Killing”, em português “ Matança Feliz”.
Os objectivos propostos neste projecto são: Fazer uma míssil que, ao embater no chão, faça uma analise da área. Seguidamente o míssil processará os resultados e mandará pequenos projécteis de teor assassino aos guerrilheiros do Hezbolá. Depois enviará pequenos bouquet de flores às mulheres que estiverem na zona atingida, bem como alguns brinquedos para as crianças.
Futuramente pensa-se que este míssil poderá transportar robots de limpeza e reconstrução das zonas atingidas. O director do projecto afirma: “ O nosso objectivo presente é que o míssil seja disparado, mate os criminosos e distribua flores e brinquedos pelas mulheres e crianças afectadas pelo disparo. Futuramente desejamos que seja o próprio míssil a limpar e a reconstruir as áreas afectadas de forma a que fique tudo como estava antes do projéctil ter sido disparado.”
A tecnologia ao serviço da guerra.
http://noticiasmentirosas.blogspot.com/

Valentim Loureiro na luta contra a fome

Valentim Loureiro, ex-Presidente do Boavista Futebol Clube, ex-Presidente da liga de clubes e presidente da Câmara Municipal de Gondomar, vai ajudar na luta contra a fome.Já não é novidade que Valentim gosta de ajudar pessoas. Ajudou uma série de dirigentes desportivos e os seus clubes a ganhar, ajudou dezenas de árbitros a progredir na carreira, ajudou prostitutas trazendo-as para o mundo desportivo e, enquanto presidente de câmara, continua a ajudar dezenas de construtores civis nas suas obras. Desse espírito de entreajuda surgiu o convite da Comissão de luta contra a fome em Portugal. Como embaixador deste organismo, espera-se muito do Major, nomeadamente que consiga acabar de vez com esse flagelo que é a fome no nosso país.Valentim já comentou esta sua nova missão: “Quem me conhece sabe do que eu sou capaz. Já meti um árbitro estreante a actuar na primeira liga em apenas um ano. Já legalizei obras em Gondomar que nem os engenheiros civis pensaram ser possível meter em pé. Com a minha ajuda o FCP foi campeão 5 anos. Acham que, com os meus conhecimentos não consigo acabar com a fome neste pais? Não brinquem com o Major.”É esperar para ver. Força Loureiro.
http://noticiasmentirosas.blogspot.com/