domingo, novembro 26, 2006

E neste(s) ca(s)os, a culpa será de quem?

Desculpem lá as trocadilhices do título, mas descaiu-me a mão para a facilidade.
Só que há situações que a única maneira de as encarar é não as levar a sério. E no caso da Educação que vamos tendo elas vão-se acumulando, mas com escassa divulgação. A imprensa anda desatenta ou tem outras prioridades. Mesmo assim - e talvez apenas por causa da notoriedade de alguns dos autores de certos protestos - a TLEBS é que tem merecido mais atenção. Mas, se repararem, já andam a jogar a coisa para trás, para o Ministério de Maria do Carmo Seabra que, tendo sido absolutamente para esquecer, estará muito longe de ser o principal responsável pela criatura, que já estava em formação e que foi mandada sozinha para a rua já em pleno consulado socrático-rodriguiano. Hoje pelo Público parece que apareceu novo protesto de monta, com gente de “primeira” e não docentes “anónimos”, mas ainda não arranjei a versão em papel e por isso vou passar mais adiante.
Vamos pois a duas iniciativas que mereceram grande aparato comunicacional quando foram lançadas, mas que parece que agora que o vigor falta e a implementação falha em larga escala, ninguém parece ter excessivo interesse em destacar, não se vá aborrecer os spin-doctors governamentais.
Em primeiro lugar o Plano de Acção para a Matemática que, três meses dentro do ano lectivo, nem anda nem desanda, entre avaliações de projectos, reavaliações e outras considerações. Muitas escolas viram os seus projectos voltarem atrás para uns retoques, mas sem que se percebesse que retoques eram exactamente necessários. O resultado é um impasse e o primeiro período completamente perdido, com os serviços competentes (?) a bombardearem a escolas com instruções desconexas e a confissão de trabalho, muito trabalho e pouca gente, muito pouca gente para dar conta dele. Claro que no final do ano lectivo os resultados vão ser escassos, mas a culpa morrerá solteira ou casada com algum parente afastado, porque a mater ou o pater familiae não estará disponível para tais ligações.
Outro enorme flop está a ser o apetrechamento das escolas com computadores portáteis, pois após quase 6 meses sobre o anúncio dos resultados há muitos estabelecimentos de ensino onde nem vê-los, quanto mais usá-los. Agora ouvem-se coisas dispersas que apontam para falta de dinheiro para o fornecimento das duas dúzias de HP’s e que é necessário reduzir a dose anunciada por razões orçamentais. Só que há quem já recebeu o pacote e não possa devolver o material como novo. No meu caso chegava-me vê-los pois na minha Escola houve uma equipa a trabalhar no projecto muitas horas no ano lectivo passado e até agora, nicles vezes zero foi o resultado. Mas claro que a pompa do anúncio da chuva de portáteis ficou para a posteriadadee na retina de quem (ou)viu ou leu. Só que estamos, também neste caso, a finalizar o primeiro período e se quiser usar um data-show na sala de aula, eu que forneça o material informático.
É mais do que óbvio que para a equipa ministerial isto serão meros amendoins, coisas sem importância de maior, incapazes de ofuscar o brilhos da “reforma profunda” em curso no sistema educativo. Pois, legislação é fácil de produzir, é deitar verborreia sobre papel. Nisso somos especialistas. Há exemplos nesta matéria nos últimos 250-300 anos que dariam para encher volumes e volumes antológicos. Agora concretizar de forma mais específica as orientações para a a implementar ou fornecer os meios a tempo e horas, já é assim como que um tiquinho mais difícil.
Mas acredito que em todas estas situações, a responsabilidade seja mesmo é dos sindicatos subversivos e do absentismo docentismo.
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