Mais de 60 por cento das notícias sobre política dos quatro maiores diários portugueses são induzidas por fontes profissionais, revela um estudo recentemente apresentado na Universidade do Porto.
O estudo, correspondente à tese de mestrado do docente da Universidade do Porto Vasco Ribeiro, indica que apenas 28 por cento das notícias das secções de política são resultado de iniciativa dos jornalistas, enquanto nas 11 por cento restantes não foi possível identificar quem motivou a cobertura noticiosa.
Vasco Ribeiro, que foi assessor de comunicação do ex-presidente da Câmara do Porto Nuno Cardoso e do candidato socialista à mesma autarquia Francisco Assis, analisou as secções de política do Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Correio da Manhã e Público em semanas interpoladas de quatro anos: 1990, 1995, 2000 e 2005.
O investigador concluiu que cerca de 60 por cento do noticiário político é dominado pelas fontes do Governo e dos partidos representados na Assembleia da República, dando os jornais analisados a mesma visibilidade às forças políticas no poder e na oposição.
«Prova-se, assim, que os quatro grandes diários portugueses tratam com equidade jornalística os dois grandes pesos da balança política: poder e oposição, embora esta última esteja dividida em vários partidos», salienta Vasco Ribeiro.
O agora director de comunicação da Reitoria da Universidade do Porto concluiu também que «os jornalistas portugueses são cuidadosos e comedidos no que concerne aos graus de confidencialidade utilizados na construção de notícias», dado que 80 por cento do noticiário político impresso tem fonte atribuída.
Diário de Notícias e Público «são os que mais recorrem a fontes anónimas», o que, para o investigador, significa que estes dois jornais «de referência» são os que mais «procuram fugir à informação intencionalmente colocada no espaço público».
Estes dois diários são também os que apresentam maior índice de cobertura noticiosa por iniciativa própria, evidenciando «menor predisposição para o “jornalismo de secretária”, que consiste na recepção passiva da informação proveniente das fontes profissionais».
Vasco Ribeiro concluiu ainda que mais de 90 por cento dos «fornecedores» de informação identificados são fontes oficiais, registando-se um «exíguo protagonismo» do cidadão anónimo, enquanto fonte, no noticiário político dos quatro diários.
«A população praticamente só é alvo de exposição mediática durante as campanhas eleitorais e por motivos pouco lisonjeiros», afirma, salientando que, tal como na televisão, os cidadãos anónimos surgem na imprensa «tão‑só para ornamentar e ritmar as notícias».
Outro dado resultante do estudo é a «incapacidade do consumidor das notícias de detectar a intervenção dos técnicos de comunicação e relações públicas na construção das mesmas», porque «só em 1,3 por cento do total das notícias analisadas foram identificadas fontes profissionais de informação».
«É fácil imaginar, a partir do que conhecemos do funcionamento das redacções e dos dados obtidos nesta investigação, que, quando prepara a agenda para o dia seguinte, o editor rodeia-se de uma imensa pilha de notas de imprensa, comunicados, convites e dossiês que chegam, sofisticadamente, aos jornais», refere Vasco Ribeiro.
O investigador realça que «a assessoria de imprensa tem vindo, progressivamente, a apurar as suas técnicas e ferramentas de trabalho», cruzando-se com áreas como o marketing, gestão, multimédia, audiometria, linguística e o próprio jornalismo, tornando mais eficazes as estratégias de persuasão.
Lusa; retirado de RTP
http://infoalternativa.org/midia/midia058.htm
O estudo, correspondente à tese de mestrado do docente da Universidade do Porto Vasco Ribeiro, indica que apenas 28 por cento das notícias das secções de política são resultado de iniciativa dos jornalistas, enquanto nas 11 por cento restantes não foi possível identificar quem motivou a cobertura noticiosa.
Vasco Ribeiro, que foi assessor de comunicação do ex-presidente da Câmara do Porto Nuno Cardoso e do candidato socialista à mesma autarquia Francisco Assis, analisou as secções de política do Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Correio da Manhã e Público em semanas interpoladas de quatro anos: 1990, 1995, 2000 e 2005.
O investigador concluiu que cerca de 60 por cento do noticiário político é dominado pelas fontes do Governo e dos partidos representados na Assembleia da República, dando os jornais analisados a mesma visibilidade às forças políticas no poder e na oposição.
«Prova-se, assim, que os quatro grandes diários portugueses tratam com equidade jornalística os dois grandes pesos da balança política: poder e oposição, embora esta última esteja dividida em vários partidos», salienta Vasco Ribeiro.
O agora director de comunicação da Reitoria da Universidade do Porto concluiu também que «os jornalistas portugueses são cuidadosos e comedidos no que concerne aos graus de confidencialidade utilizados na construção de notícias», dado que 80 por cento do noticiário político impresso tem fonte atribuída.
Diário de Notícias e Público «são os que mais recorrem a fontes anónimas», o que, para o investigador, significa que estes dois jornais «de referência» são os que mais «procuram fugir à informação intencionalmente colocada no espaço público».
Estes dois diários são também os que apresentam maior índice de cobertura noticiosa por iniciativa própria, evidenciando «menor predisposição para o “jornalismo de secretária”, que consiste na recepção passiva da informação proveniente das fontes profissionais».
Vasco Ribeiro concluiu ainda que mais de 90 por cento dos «fornecedores» de informação identificados são fontes oficiais, registando-se um «exíguo protagonismo» do cidadão anónimo, enquanto fonte, no noticiário político dos quatro diários.
«A população praticamente só é alvo de exposição mediática durante as campanhas eleitorais e por motivos pouco lisonjeiros», afirma, salientando que, tal como na televisão, os cidadãos anónimos surgem na imprensa «tão‑só para ornamentar e ritmar as notícias».
Outro dado resultante do estudo é a «incapacidade do consumidor das notícias de detectar a intervenção dos técnicos de comunicação e relações públicas na construção das mesmas», porque «só em 1,3 por cento do total das notícias analisadas foram identificadas fontes profissionais de informação».
«É fácil imaginar, a partir do que conhecemos do funcionamento das redacções e dos dados obtidos nesta investigação, que, quando prepara a agenda para o dia seguinte, o editor rodeia-se de uma imensa pilha de notas de imprensa, comunicados, convites e dossiês que chegam, sofisticadamente, aos jornais», refere Vasco Ribeiro.
O investigador realça que «a assessoria de imprensa tem vindo, progressivamente, a apurar as suas técnicas e ferramentas de trabalho», cruzando-se com áreas como o marketing, gestão, multimédia, audiometria, linguística e o próprio jornalismo, tornando mais eficazes as estratégias de persuasão.
Lusa; retirado de RTP
http://infoalternativa.org/midia/midia058.htm
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