O leitor PJ enviou-me o texto da participação do professor António Nóvoa, no dia 22 de Maio de 2006, na Assembleia da República a propósito do Debate Nacional sobre Educação.
É um texto de grande qualidade com o qual estou globalmente de acordo, pois resulta de uma reflexão madura de alguém que estuda o sistema educativo há muito tempo. Nesse depoimento António Nóvoa enumera quatro pontos essenciais sobre as questões que considera mais prementes no momento actual, a saber:
À escola o que é da escola, à sociedade o que é da sociedade.
Assegurar que todos os alunos tenham verdadeiramente sucesso.
A liberdade de organizar escolas diferentes.
Reforçar a formação dos professores e a sua profissionalidade.
Neste momento interessa-me sobremaneira o primeiro ponto, pois A. Nóvoa defende exactamente a posição que acho correcta quanto à relação entre Escola e Sociedade, ou seja, que se devem delimitar com clareza as respectivas áreas de influência e acção. Contrariando a tese do transbordamento da escola, em que esta se torna como que um centro social nos meios mais carenciados, defende-se um seu retraimento (apesar das reticências do autor quanto ao uso deste termo, porque pouco esclarecedor em alguns aspectos) e o seu recentramento naquilo que lhe é específico, ou seja, nas actividades especificamente escolares.
Assumindo que esta é uma posição pouco popular, Nóvoa defende, para mim com toda a razão, que a transformação da Escola em outra coisa em certos contextos menos favorecidos, só acaba por agravar as desigualdades já existentes, porque a sua acção descentra-se e perde a eficácia que lhe é exigida.
Para mim, e no mesmo sentido, a Escola quando deixa de ser Escola perde a sua razão de ser mais profunda e perde-se nesse processo, pois deixa de assegurar a sua função e é insuficiente (por falta de meios e instrumentos) na substituição de outras instituições que falham ou estão ausentes do terreno. E depois, ao ser arrastada para esse transbordamento (que para mim até é mais um transbordamento da Sociedade para o interior da Escola) por quem a quer responsabilizar por funções que não são suas, acaba por dar a sensação de falhar em algo que não é, na sua essência, a sua verdadeira razão de existir.
A Escola deve ser assumida enquanto tal e não enquanto uma multiplicidade de outras coisas, pois como afirma Nóvoa
é sempre «mais fácil enviar tudo para dentro da Escola e, depois, culpar quem lá está pelo “desastre da educação”.»
Mas será que todos entenderão isto assim?Penso que não, penso que não…
http://educar.wordpress.com/
É um texto de grande qualidade com o qual estou globalmente de acordo, pois resulta de uma reflexão madura de alguém que estuda o sistema educativo há muito tempo. Nesse depoimento António Nóvoa enumera quatro pontos essenciais sobre as questões que considera mais prementes no momento actual, a saber:
À escola o que é da escola, à sociedade o que é da sociedade.
Assegurar que todos os alunos tenham verdadeiramente sucesso.
A liberdade de organizar escolas diferentes.
Reforçar a formação dos professores e a sua profissionalidade.
Neste momento interessa-me sobremaneira o primeiro ponto, pois A. Nóvoa defende exactamente a posição que acho correcta quanto à relação entre Escola e Sociedade, ou seja, que se devem delimitar com clareza as respectivas áreas de influência e acção. Contrariando a tese do transbordamento da escola, em que esta se torna como que um centro social nos meios mais carenciados, defende-se um seu retraimento (apesar das reticências do autor quanto ao uso deste termo, porque pouco esclarecedor em alguns aspectos) e o seu recentramento naquilo que lhe é específico, ou seja, nas actividades especificamente escolares.
Assumindo que esta é uma posição pouco popular, Nóvoa defende, para mim com toda a razão, que a transformação da Escola em outra coisa em certos contextos menos favorecidos, só acaba por agravar as desigualdades já existentes, porque a sua acção descentra-se e perde a eficácia que lhe é exigida.
Para mim, e no mesmo sentido, a Escola quando deixa de ser Escola perde a sua razão de ser mais profunda e perde-se nesse processo, pois deixa de assegurar a sua função e é insuficiente (por falta de meios e instrumentos) na substituição de outras instituições que falham ou estão ausentes do terreno. E depois, ao ser arrastada para esse transbordamento (que para mim até é mais um transbordamento da Sociedade para o interior da Escola) por quem a quer responsabilizar por funções que não são suas, acaba por dar a sensação de falhar em algo que não é, na sua essência, a sua verdadeira razão de existir.
A Escola deve ser assumida enquanto tal e não enquanto uma multiplicidade de outras coisas, pois como afirma Nóvoa
é sempre «mais fácil enviar tudo para dentro da Escola e, depois, culpar quem lá está pelo “desastre da educação”.»
Mas será que todos entenderão isto assim?Penso que não, penso que não…
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