quinta-feira, dezembro 28, 2006

Leituras

Para além da Educação.
Uma obra muito recente (tem apenas um par de meses) que tenta fornecer um esquema conceptual para explicar a relação entre a estabilidade política, a natureza do regime e a abertura dos países às influências externas.
A explicação de tão simples parece que sempre esteve entre nós nesta fórmula em jeito de “J“: um país pode ser estável tanto em regime autoritário fechado como em regime democrático e aberto. Num caso a estabilidade é normalmente garantida por uma liderança fortemente personalizada e carismática; no outro é a maturidade das instituições democráticas e a confiança geral (interna e externa) na sua capacidade de lidar com as crises que garantem a estabilidade (é dado o exemplo das eleições presidenciais americanas de 2000).
Os países instáveis são aqueles que estão a sair de um período de regime fechado e ditatorial - caso da morte de um líder histórico - em que as novas instituições ainda não funcionam em pleno ou então de nações com uma tradição democrática recente cuja abertura ao exterior provoca convulsões internas instabilizantes.
Para quem entre nós está sempre a clamar pela necessidade de estabilidade governativa, esta é uma leitura extremamente sugestiva porque, de forma indirecta pois o caso português nunca é sequer aflorado como significativo, acaba por dar a entender que essas vozes consideram que após 30 anos de democracia, Portugal ainda não tem instituições suficientemente consolidadas para gerirem crises institucionais.
Por outro lado, coloca em perspectiva muito do que se tem escrito e clamado sobre a natureza e efeitos do período imediatamente posterior ao 25 de Abril de 1974, em especial o ano do chamado PREC, pois apresenta este tipo de convulsões como integradas numa tendência geral e quase que necessária de transição entre uma ditadura autárcica e uma democracia de tipo ocidental. Aliás, se algo pode resultar desta leitura, é que a extensão do período foi razoavelmente curta e o seu dramatismo bastante relativo em termos comparativos com o que se passou em outras paragens.
De qualquer modo, e independentemente das interpretações aplicáveis ao caso nacional, é uma leitura altamente recomendável.
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