Apresento algumas opiniões pessoais sobre o modo como os revolucionários deveriam trabalhar para levarem a cabo a sua tarefa.
Desejo centrar-me no movimento anti-autoritário, libertário, anarquista do princípio deste século XXI.
Existem várias abordagens possíveis para este problema. Não pretendo deter a sua exclusividade, nem sequer a melhor opinião sobre ele.
1) A nossa experiência mostrou-nos que o capitalismo do final do século vinte se reorientou para uma tendência mais agressiva, após a queda do império soviético. As políticas ditas neoliberais consistem num constante aumento do domínio dos capitalistas especuladores, parasitários, sobre quaisquer aspectos da vida humana, especialmente nos países que não estavam plenamente integrados nos mercados capitalistas mundiais. Agora, as regiões onde os capitalistas consideram valer a pena investir, são aquelas onde podem obter a mais rápida reprodução do capital investido, e isto significa a mais selvagem exploração dos assalariados e o controlo dos processos tecnológicos por um conjunto de ditas "protecções à propriedade intelectual", de patentes, para o que a OMC está investida do papel de legislador, juíz e polícia. A OMC é uma peça essencial do controlo imperialista sobre a economia mundial.
Os estados-nações (a maior parte são construções recentes, sobretudo dos dois últimos séculos) estão agora consagradas a um novo papel. Antes, funcionavam como meio de garantir o mercado interno à sua própria burguesia, protegendo-a parcialmente da concorrência no comércio, indústrias e investimentos de capitais estrangeiros. Agora, o Estado ficou confinado ao papel de facilitador do investimento externo, dos predadores e especulativos "venture capitalists", dos monopólios mundializados, destruíndo qualquer frágil protecção que as empresas capitalistas locais ainda tivessem, assim como os direitos que os trabalhadores tinham obtido ao longo de dois séculos de duras lutas.
Muitas regiões do Mundo são consideradas não interessantes para o investimento industrial. Estas são abandonadas para serem saqueadas por senhores da guerra locais, como é o caso de uma enorme parte da África sub-saariana, onde o Estado é uma mera ficção, apenas servindo para encobrir a predação das riquezas naturais pelas companhias transnacionais.
A capacidade da classe trabalhadora de cada país resistir a estes ataques foi diminuída pelas concepções, longamente mantidas, dos partidos reformistas e revisionistas que desempenharam um papel hegemónico durante a maior parte da segunda metade do século passado, no período da 'guerra-fria'.
Com a implosão do sistema soviético e a conversão plena da China às regras do mercado capitalista, os ataques aos direitos e rendimentos dos trabalhadores tornaram-se mais agressivos. Somos testemunhas do desmantelamento dos sistemas de segurança social, do aumento forçado dos trabalhadores desempregados e precários, tomando como pretexto a "racionalização" e a "reorganização para fazer face à concorrência", tudo isso resultando num decréscimo dos salários. Também vimos a privatização de redes de água, electricidade, caminhos de ferro, hospitais, escolas e quaisquer indústrias ou serviços pertença do Estado, que pudessem ser tornadas lucrativas para a finança e para o capitalismo especulativo.
Nos países ditos do "Terceiro Mundo", os regimes nacionalistas, herdeiros dos movimentos de libertação nacional dos anos sessenta e setenta, foram ameaçados por movimentos étnicos ou fundamentalismos religiosos, os quais se aproveitaram do desespero dos povos, visto que a promessa de "desenvolvimento" nestes países se transformou numa mera piada de mau gosto.
O nacionalismo do "Terceiro Mundo", ao fazer uma união sagrada, sob a condução da burguesia local, com a finalidade de conquistar a independência formal dos poderes coloniais, foi completamente incapaz de satisfazer as suas promessas de aumento dos padrões de vida, de levar a cabo uma reforma agrária, de construir uma indústria nacional, ou uma organização estatal equivalente à dos países do mundo rico.
Ficaram com o poder militar e com a burocracia estatal, mas perderam a simpatia dos trabalhadores e dos camponeses. Estes foram vítimas durante mais de um quarto de século, após séculos de poder colonial, de exploração brutal, de destruição de qualquer estrutura deixada pelos colonizadores. Eles foram as vítimas das guerras civis, assassinados ou recrutados à força pelos exércitos dos senhores da guerra ou estatais.
O fracasso histórico dos partidos autoritários, as auto-proclamadas 'vanguardas', a maioria seguindo uma ou outra variante do leninismo, conduziu - no seio do povo oprimido - ao descrédito da possibilidade de mudança radical, em direcção a uma sociedade sem classes, em direcção ao que nós chamamos a Revolução Social.
Nos países pobres do Sul, alguns movimentos populistas, nacionalistas ou de inspiração religiosa, exploraram o desespero trazido pela globalização imperialista-capitalista para desafiar os seus governos estabelecidos, mas de um modo contra-revolucionário. Naqueles países em que tais elementos nacionalistas ou fundamentalistas religiosos conseguiram tomar o poder, a liberdade de expressão ou de organização, assim como os direitos sociais, desapareceram completamente. A probabilidade de serem reconquistados, num futuro não muito longínquo, é frequentemente baixa.
Esta situação é mantida graças a uma rede de laços pós-coloniais e aos extremamente disruptivos "programas de ajustamento estrutural" sob supervisão do FMI/Banco Mundial.
O agravamento das opressões tornam o trabalho de organização e de educação mais difícil para os revolucionários. No entanto, também isolam a classe governante das populaçoes e verifica-se a emergência de novos movimentos, criando novas frentes na multiforme guerra de classes, desenhando-se uma nova coalizão anti-capitalista.. Esta escapa frequentemente ao controlo dos partidos de "esquerda" ou "esquerdistas" e das burocracias sindicais.
Os movimentos contra o trabalho precário e os baixos salários e a resistência à privatização da segurança social estão em crescendo e já conseguiram algumas vitórias parciais na U.E. Esta resistência aumentou o descrédito da burocracia sindical e dos partidos "de esquerda", pois se tornou bastante claro que estes não tinham nenhum empenhamento real em lutar para o quer que fosse, excepto para obter votos em eleiçoes. No entanto, os libertários europeus ainda não se tornaram, por agora, suficientemente fortes para pôr o sistema em risco. Podemos prever que - à medida que a crise dentro dos partidos de "esquerda" se vai tornando mais profunda - novas organizações, emergindo das coalizões informais originadas nas mobilizações 'anti-globalização' (dentro e fora da Europa) irão desempenhar um papel crescente nas lutas sociais do quotidiano.
À medida que o comportamento do imperialismo mais forte está forçando os outros poderes a conformarem-se com a sua hegemonia mundial, vai tambem tornando-se cada vez mais frágil e sujeito a ataques. mesmo dos seus prévios aliados, financiados, treinados e armados para combater contra a União Soviética, tal como foi ilustrado em 11 de Setembro de 2001. O comportamento caótico do capitalismo global vai tornar-se cada vez mais destruidor. O ecossistema global já está correndo serios riscos e os problemas derivados da degradação do ambiente, do aquecimento global, do abastecimento em água, da erosão dos solos, do êxodo rural, etc. irão causar crises sociais severas e guerras.
2) A parte mais sofredora do Mundo não tem meios para se auto-emancipar dos países ricos e depredadores do Norte. Será difícil imaginar como poderão fazê-lo os países mais frágeis. Para poderem seguir uma via não-capitalista, estes países teriam que possuir capacidade técnica autónoma; no entanto, o seu sistema de ensino está longe de satisfazer, em muitos casos, esses requisitos. A globalização capitalista está aí para extrair os custos do trabalho mais baixos, nem que seja trabalho infantil, para maximização dos lucros. Neste contexto, não se pode excluir a hipótese de um declínio importante em toda a espécie de "padrões civilizacionais", com uma viragem acelerada para ditaduras cada vez mais autoritárias, até mesmo nas ditas democracias ocidentais (sobretudo América do Norte e Europa Ocidental). A "Fortaleza Europa" está sendo construída, por etapas, como se ela corresse o risco de ser 'invadida' por 'hordas de pobres' provenientes dos países do Sul e do Leste.
Este Mundo, crescentemente violento, está sujeito a ser destruído por causa da impossibilidade de superaçao do capitalismo, seja por que meio for. Daí que seja necessário construir ou reconstruir sem descanso as relações não-capitalistas a todos os níveis. Subtrair à gula capitalista tudo o que lhe pode ser subtraído, desde as compras do dia a dia, até à educação das crianças. Mas como? Existem várias vias para se construir cooperativas e associações e para as fazer funcionar de modo igualitário autêntico.
Existe um enorme trabalho para fazer que nos espera aqui mesmo, à porta de casa. Podemos preencher um papel muito positivo na nossa comunidade, no nosso emprego, na nossa família, se assumirmos a responsabilidade de trabalhar de forma não-competitiva, antes com amor e com partilha. O heroísmo nas barricadas pode ter sido uma expressão de altruísmo da era romântica; agora, é apenas o devaneio confrangedor de bem nutridos filhos do mundo rico.
É, pelo contrário, necessário adoptar um comportamento simultaneamente pragmático e com princípios, algo que se poderia expressar como:
- Estar neste mundo, mas sem lhe pertencer, ou seja: estar dentro da sociedade capitalista mas sem termos a mentalidade capitalista, tentarmos ser coerentes e não 'reverenciar' os 'não-valores' que esta sociedade segrega.
- Ser tão 'reformista' quanto necessário e tão 'revolucionário' quanto possível, ou seja: há muitas coisas concretas que podemos fazer aqui e agora, mesmo se não são acções 'revolucionárias'. Elas são susceptíveis de dar-nos confiança na nossa força e experiência para os tempos em que a revolução tiver chegado e tivermos de gerir nós mesmos todas as coisas.
Só então terá o sonho de "liberdade-igualdade-solidariedade" oportunidade de se tornar realidade.
3) Com efeito, muitas pessoas de círculos anarquistas ficam satisfeitas consigo próprias realizando tais actividades supostamente "revolucionárias", significando com isso exibicionismo de dissidência em relação à sociedade capitalista e uma ameaça simbólica a instituições como FMI, G8, OMC. No entanto, essas actividades não são nada revolucionárias se usarmos "a mudança" como critério: isto muda alguma coisa irreversivelmente e na via de uma maior justiça social? O mesmo se poderá dizer se usarmos o critério "acção directa": estas manifestações atacam os símbolos da riqueza, dos interesses das grandes corporações económicas, mas - na medida em que se trata de símbolos - não é acção directa nenhuma. Acção directa significa que se aborda os nossos problemas (em geral, colectivos) e se tenta encontrar soluções sem usar poderes ou instâncias intermediários, quando não se remete a solução para uma "terceira parte" (como o Estado ou agências estatais) supostamente "neutral". Esta abordagem pode ser, e é de facto na maior parte das vezes, conflitual, mas a coisa importante é que os trabalhadores reunidos em assembleia são e permanecem a última instância de decisão.
Deveríamos privilegiar um modo flexível de organização, aproveitando as realidades locais, não confinados a estritas afinidades ideológicas, propiciando que pessoas de várias correntes anti-autoritárias se encontrem, troquem pontos de vista, trabalhem juntas sempre que seja possível e desejável, que se mantenham em contacto umas com as outras. Deveríamos sair do gueto onde nos colocámos a nós próprios. Estes pequenos círculos de pessoas partilhando basicamente a mesma identidade cultural até ao pormenor da moda... como se isso fosse a coisa mais importante, como se usar uma determinada convenção ou código no vestir ou no comer fizesse qualquer diferença no que toca à transformação profunda do indivíduo. Isto, de facto, não tem nada que ver com o comprometimento nas lutas sociais, é apenas anarquismo 'de estilo de vida', adoptado por pessoas que não se dão ao trabalho de ir às raízes da nossa teoria de transformação social.
Igualmente, existe uma atitude incorrecta no que toca a "organizações de massas" e em relação a pessoas sob influência do pensamento e práticas autoritárias. É bastante comum, em tais casos, cairmos na armadilha de uma forma especial de elitismo e de mitos de vanguarda, tanto mais perigosa quanto perversa, fazendo-se passar pelo oposto.
Não que devamos cooperar dentro das organizações de massas com os autoritários; isto seria a melhor forma de sermos manipulados e derrotados. Mas, pelo contrário, combatê-los dentro de tais organizações. Mostrando a todos os associados do sindicato que a auto-perpetuação na direcção e na burocracia é um claro abuso de poder. Que estes se mantêm apenas para assegurar que as lutas não sairão fora dos eixos, que os patrões os vêem com bons olhos porque reconhecem isto mesmo, etc. Não se deve temer discutir com militantes das suas fileiras, com argumentos, não com slogans rígidos, nem palavras condescendentes ou agressivas: tal como imaginamos uma conversa entre irmãos e irmãs com diferentes pontos de vista sobre muitos aspectos importantes, no entanto, conservando amor recíproco. Posso dizer pela minha própria experiência, que isso é irresistível e que tem efeitos duradouros na mentalidade da outra pessoa.
E, ao fim e ao cabo, que é que nós havemos de recear, mostrando abertura de espírito, tolerância, modéstia? Não será esta a disposição mental de alguém realmente comprometido com a nossa visão da sociedade?
A primeira coisa a fazer é levar a cabo a nossa auto-educação para termos tantas capacidades e autonomia quanto possível, num certo espaço e tempo. Não devemos excluir a possibilidade de nos organizarmos em cooperativas apenas porque isso seja impossível ou quase, nalguns lugares. Tal pode ser o caso hoje, mas amanhã podera ser totalmente diferente. As pessoas que, erradamente, desprezam estes métodos de auto-organização poderão dizer que eles nunca irão mudar a relação de poder nas nossas sociedades, que nunca porão em causa a dominação capitalista, e, caso isso viesse a acontecer, seriam destruídas num ápice. Isto é uma forma de evitar olhar para as coisas tal como elas são, de adiar o trabalho que é possível fazer-se hoje, em nome de uma nebulosa era de insurreições, a qual ninguém sabe quando virá, se é que jamais venha a acontecer.
A verdade é que, apenas experimentando e participando na luta de classes, o trabalhador toma consciência da forma como esta sociedade está organizada. Analogamente, a capacidade de funcionar dentro de um colectivo não-hierárquico, de estabelecer relacionamento de igual para igual, sem leaders, também se aprende com a prática. Muitos anarquistas gastam as suas energias confrontando-se entre si por motivos fúteis; melhor fariam se reorientassem esse espírito de luta para combater o autoritarismo e os autoritários, estejam eles onde estiverem. Não se deve mostrar qualquer medo, qualquer respeito, deve-se desmascará-los em frente dos trabalhadores, do povo. Com efeito, a aparência de legitimidade que eles conservam aos olhos de muitas pessoas pode ser um factor importante no bloqueamento de uma saída revolucionária.
Dito isto, é importante não pôr no mesmo saco os chefes e os burocratas dos partidos e sindicatos autoritários, e os respectivos militantes de base. Se construirmos cooperativas, sindicatos, ou colectivos com uma finalidade específica, importa nao apenas que sejam estruturas não-hierárquicas e autónomas, mas tambem não sectárias, caso contrário, serão como as 'organizações de massas' que servem de fachada aos autoritários.
Não estou a referir-me, acima, às organizações específicas. Os libertários devem fazer a sua propaganda e educação com independência total, será portanto muito natural a existência de organizações específicas. O problema surge quando nós nos pomos a misturar este seu papel com o das organizações de massas.
Nós, anarquistas, deveríamos ter um modo diferente de nos relacionarmos uns com os outros e com qualquer ser humano. Nós somos a favor da cooperação e rejeitamos a competição. Somos pelo acordo livre e mútuo no processo de tomada de decisões. Negamos legitimidade de um grupo em forçar um indivíduo a realizar qualquer coisa contra a sua consciência. Queremos pôr em prática a igualdade de direitos, algo que naturalmente favorece a liberdade de escolha individual. Porque somos livres, aceitamos as responsabilidades e sermos permanentemente responsáveis perante o colectivo. Se tal comportamento for assumido, não só em teoria, mas também na prática, que grande potencial para a transformação social possuiremos nos, individual e colectivamente!
4) Para nós, a tarefa mais urgente e necessária é a Revolução Social. Isto significa a destruição dos fundamentos da sociedade de classes e a emergência de um modo de organização não-hierárquico, auto-gestionário, em todos os aspectos da vida social. Não se trata portanto de algo que possa ser concluído num curto período de tempo.
Temos portanto de ser capazes de conceber as estratégias mais apropriadas para realizar estas tarefas. Não nos podemos contentar com ficarmos sentados, construindo teorias muito bonitas sem aplicabilidade de qualquer espécie. Devemos ter a capacidade para reavaliar permanentemente os nossos conceitos, estratégias e tácticas. Não menos importante, devemos ser capazes de persuadir a vasta maioria, de que este é o caminho para a felicidade, para a verdadeira justiça social, para um futuro decente para toda a Humanidade. Não conseguiremos alcançar nenhum destes objectivos se nos confinarmos a estreitos círculos, incapazes de comunicar com a maioria não-anarquista. Tão pouco, se não formos capazes de fazer uma experiência real, mesmo que limitada no seu âmbito e área, dos modos de levar a prática os nossos conceitos sobre autogestão e organização.
Eu defendo, portanto, que construamos e façamos reviver todo o tipo de 'instituições' nossas, 'instituições' no sentido de estruturas organizacionais permanentes que respondam e tentem fornecer alternativas, a todo o tipo de problemas a que temos de fazer face na sociedade de hoje. Ser audacioso nos conceitos teóricos não dispensa, antes impõe, a sua contrapartida de experimentar novos e frescos processos de alagarmento da base de adesão esclarecida aos nossos ideais.
Podemos ver na História do Anarquismo a tentativa de realizar isso. Nós sabemos que muitas instituições de hoje (cooperativas, sindicatos, centros culturais, etc.) e muitos aspectos das nossas sociedades foram 'inventados' e desenvolvidos pelos anarquistas, pelos socialistas libertários, anti-autoritários. Esquecemos frequentemente que nos países ocidentais, durante a maior parte ou todo o século XIX, não existiam direito de associação, liberdade para a nossa imprensa, segurança social, nem sequer igualdade formal entre homens e mulheres, etc. Claro que estes exemplos históricos são aqui evocados apenas no sentido de pôr em evidência a necessidade de inventarmos as nossas instituições contemporâneas.
Podemos e devemos recolher lições do passado, porém temos de estar conscientes de que a melhor maneira de nos organizarmos na actualidade, da forma mais eficaz e significativa, deverá emergir do interior da sociedade tal como ela é hoje, não como foi há séculos, ou mesmo há décadas atrás.
Manuel Baptista
http://www.ainfos.ca/02/apr/ainfos00507.html
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