terça-feira, janeiro 16, 2007

Ódio a tudo o que é mato cavado

Estou cansado e triste.Meu ódio e o meu temor. Só me resta estas palavras.Pensei que conseguiria, mas não consiguo. Não me encaixo nem mesmo nas estruturas rígidas e limitantes do pouco que me transformaram. A reclusão alimenta a insubordinação, e a minha vida é uma eterna reclusão a tudo o que é cinza, sem sal e comum.Nossos professores nos transformaram em pessoas fracas. A mentira impera por todos os cantos. Não cabe mais falar em espírito, pois nos ensinaram a descrer, nos reduziram a tudo o que é artificial e orgânico, a tudo o que nos ensinaram ser caixa de som e toalha de papel usado.Vocês realmente acreditam que devo me orgulhar? Existe mais verdade no social do que na merda que cai na privada? A formiga, nos dizem, é tão detendora de verdades como o mais humilde entre os homens.Nos banharam em sua insignificância afirmando que nós sim é que éramos insignificantes. Sua frustações se transformaram em nossas frustações. Somos reprodutores de tudo o que não é nosso. Lutamos por batalhas que não as nossas, ouvímos músicas que nos dizem que lutamos por batalhas que não as nossas.Ah! Roubaram minha fé e tentam expropriar a minha alma. Não existe mais cor, tudo é tão desnecessário e bobo. Não existem mais verdades e o politicamente correto é a lei.Títulos? Vocês acham que estes pedaços de papéis me impressionam?Os professores são europeus cinzas, burocráticos.Parte considerável dos europeus alimentam uma crença de superioridade. Acham graça em ver como nas américas as igrejas petencostais crescem, observam este "fenômeno" nas gargalhadas. Eles riem de nossas crenças, acham-se superiores em sua descrença, em seu ateísmo, ainda pensam que podem nos civilizar.É por isso que odeiam tanto os Estados Unidos, uma país tão rico e crente. Crente em deuses, em missões, em conspirações.Na verdade são também eles, estes europeus, missionários, só que estes nos ensinam a adorar a mãe gaia, nos dissolvem em tudo o que é comum e homogêneo, aos tais "novos paradigmas". Estamos, dizem-nos, na "imanência de um novo tempo". Querem nos converter para os seus deuses, mais dignos, mais femininos, mais altruístas, mais ambientais, mas orgânicos, mais coletivos, mais interdependentes etc. Querem nos afastar do "individualismo egoísta estadunidense". Querem nos escravizar, nos renomear.Nietzsche aduterou Stirner. Marx jamais entendeu Proudhon.A placa da pizzaria, a conta de luz e a asa da barata marron, nos reduzimos a tudo o que é comum e existente, nos reduziram a isso. Me vejo se afastando e estendo minhas mãos em prantos. Não quero mais chorar, mas nos ensinaram a chorar a cada pobre sem dente que reclama de sua infelicidade ou desdenha de sua incapacidade.Vocês já repararam como somos chorões? Novelas, filmes, reportagens etc. Nos paralisaram na choradeira, pois dali não saímos, só falamos da falta do estado em suas obrigações sociais e como tudo está, de alguma forma, ligado. Não agimos mais, só choramos.Nos ensiram a falar sempre no e do universal, e não daquilo que os nossos olhos podem alcançar e nossas mãos podem tocar. Nos ensinaram a amar mais a humanidade do que os nossos pais, as massas do que a comunidade. Nos ensinaram a ter nojo dos mendingos, nosso altruísmo se reduzio a chorar por eles quando sai uma reportagem na TV, e pagar impostos para que fiquem distantes de nossos próprios problemas.Jogamos nossos pais nos asilos, porque queremos "curtir a vida". Jogamos nossos filhos nas crenches, pois devemos trabalhar para "curtir da vida". Jogamos nossos pobres nos alberques, porque não queremos ninguém sujando nossa paisagem quando formos "curtir a vida".Esquecemos dos homens como pessoas singulares para tratá-los como humanidade abstrata. Nos afastamos do homens como únicos pois os reduzímos as coletividades exparsas e distantes, a massa homogênea e falida.O agir foi transferido para instituições distantes de tudo aquilo que nos é próprio, compartilhável, para instâncias que pretender falar pelo "espírito coletivo" e guiar a todos rumo ao progresso. Faróis avançados.Jamais entenderam que nem tudo é superável.A cada dia, a cada momento, minha alma se afasta um pouco mais. Só me resta um bigmac, só me resta chorar pelos pobres.Eu não sou de plástico e não sou apenas e tão somente um cidadão, um contribuinte, um reservista, um consumidor, um trabalhador, um eleitor, um brasileiro etc., eu não posso ser tão pouco, eu não quero ser tão pouco.Tenho ódio a tudo o que é mato cavado, mas parece só me restar estar palavras.
http://anarcoeso.blogspot.com/

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