terça-feira, janeiro 02, 2007

FHC afirma: O Brasil não gosta do capitalismo

Em seu recém publicado livro “A Arte da Política: A História que Vivi”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso torna clara a ojeriza do brasileiro à economia de mercado e seu apego ao dirigismo estatal.

A sabatina de Armínio Fraga:

Em seu livro “A Arte da Política: A História que Vivi”, recém lançado pela editora Civilização Brasileira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conta uma passagem em que ele adverte Armínio Fraga do que o esperava na “sabatina” a que seria submetido no Senado.

FHC transcreve no livro, gravação de sua própria conversa com o futuro presidente do Banco Central:

“Você vai fazer esse debate no Senado. Não se impressione, você tem que ser aprovado [...] Você vai ser. Mas não se esqueça também do seguinte: o Brasil não gosta do sistema capitalista. Os congressistas não gostam do capitalismo, os jornalistas não gostam do capitalismo, os universitários não gostam do capitalismo. E, no capitalismo, têm horror aos bancos, ao sistema financeiro e aos especuladores.

Então o ponto fraco vai ser a sua relação com [George] Soros. Eles não sabem que não gostam do sistema capitalista, mas não gostam. Gostam do Estado, gostam de intervenção, do controle, do controle do câmbio, o que puder ser conservador é melhor do que ser liberal.

Essa é uma dificuldade imensa que temos, porque estamos propondo a integração do Brasil ao sistema internacional. Eles não gostam nem do capitalismo nacional, quanto mais do internacional, desconfiam de nossa ligação com o sistema internacional. O ideal, o pressuposto, que está por trás das cabeças é um regime não-capitalista e isolado, com Estado forte e bem-estar social amplo. Isso tudo é utópico, as pessoas não tem consciência (...) Um governo que se propõe a fazer a integração do Brasil à nova divisão internacional do trabalho é visto como neoliberal. Isso é xingamento, e quer dizer na prática que o governo tem distância ou ojeriza ao social”.

A citação está na página 428.

A “conversão” de Lula e do PT:

“Os fundamentos do real voltaram a ser testados em 2002, ano delicado para a economia por causa das conseqüências imaginadas pelo mercado com a eventual eleição de Lula para Presidente da República. Àquela altura o país não sabia o quanto o PT e seu candidato haviam mudado. Mesmo porque eles não se deram ao trabalho de informar ao seu eleitorado que iriam seguir, e com a paixão dos recém-convertidos, as linhas fundamentais do que fomos estabelecendo, com muito esforço, desde 1993”.
A citação está na página 430.
http://lauromonteclaro.sites.uol.com.br/

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