sábado, janeiro 20, 2007

Milagres há, mas dão Trabalho!

No Público de hoje, Rahool Pai Panandiker, membro do Boston Consulting Group, dá uma visão muito abreviada do sistema educativo indiano, sublinhando que parte do que se afirma ser o “fenómeno indiano” é mito, pompa e circunstância. No entanto, destaca que existem realizações incontornáveis para as quais aponta 3 factores essenciais.
A expansão da rede escolar que, num país de população imensa, leva inevitavelmente á captação de uma grande massa de gente qualificada. A expansão já fizemos, o resto tem a desculpa de sermos poucos e a inteligência parece que surge na base das quotas.
Uma “mudança paradigmática na Educação que passou a apresentá-la como a chave para o sucesso individual, fazendo com que as famílias apostem no sucesso dos filhos e na sua busca da excelência. Cá as mudanças paradigmáticas são outras e acabam em mera retórica pós-modernista inaplicável.
Por fim, um «trabalho árduo permanente». Sobre isto convém ler mais um pouco só para percebermos como por cá se aposta exactamente no inverso, na facilidade e no laxismo, para não traumatizar ninguém, Pelas nossas bandas anda tudo muito preocupado com floreados, balbucia-se algo sobre a excelência, mas é difícil a quem não a conhece de perto tentar fomentá-la, sendo mais habitual que na verdade a receiem.
Mas leia-se, repito, o que afirma o articulista, natural de Goa e um dos responsáveis pela concepção do site da PR sobre a visita à Índia.
O estudante indiano médio “bem sucedido” ao entrar no famoso IIT (Indian Institute of Technology) poderá gastar 14 a 16 horas por dia a estudar durante um ou dois anos, antes de fazer a prova geral de acesso para as instituições de referência. Este é um argumento não muito diferente dos modelos darwinianos - sobrevivência dos mais aptos. Estas instituições e muitas outras estão fornecidas com estudantes de primeira qualidade - inteligentes, trabalhadores e com vontade de desafiar o mundo e logo necessitam pouco de “tratamento”.
Como se pode ver, aqui não me parece existir espaço para “generalidades” e para um ensino assente em professores ”generalistas” e muito preocupado em estabelecer “pontes” ou derrubar “paredes”.
O que há é trabalho, muito trabalho, lá diria Octávio Machado.
http://educar.wordpress.com/

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