quarta-feira, fevereiro 21, 2007

As Redundâncias Tecnológicas

Como em muitas outras matérias, o governo procura também no concurso para provimento de professores titulares demonstrar como é muito moderno e tecnológico, obrigando todos os candidatos a serem-nos através de uma aplicação informática disponibilizada pela Internet (artigos 11º e 14º do documento em “negociação”). No entanto, a comprovação dos elementos constantes no dito formulário é feita mediante fotocópia simples da documentação, a menos que já se encontrem no processo individual do docente.
Posso estar meio baralhado com todas estas modernices mas, se o processo pretende ser todo electrónico, para que servem as fotocópias e de que modo é que elas se integram no processo de candidatura? Existe um formulário electrónico com os elementos apresentados pelo candidatos e outro com a pastinha das fotocópias? Percebo que quando um candidato concorre numa escola onde não está colocado, mas tudo o resto me deixa sempre com a sensação de tudo ser feito a pensar no imediato curto-prazo e sem uma perspectiva mais ampla e alaregada de futuro.
Veja-se o que aconteceu com o concurso nacional de professores. Levou-se um par de anos a acertar um programa que conseguisse gerir cerca de 100.000 candidaturas, o que para uma boa aplicação informática é coisa de amendoins. Quando estava tudo aparentemente afinado, quer acabar-se com o concurso e fica-se sem saber se a base de dados entretanto criada servirá para alguma coisa. Para o regime de contratações directas não serve, pois voltou-se ao sistema do bom e velho maço de papelada fotocopiada e autenticada debaixo do braço.
Como alguém que há quase 20 anos (mais exactamente desde os tempos do dBase III+, sendo que uma das minhas primeiras publicações em co-autoria já foi feita com o dBaseIV+ e levei boa parte dos anos 90 a tentar que um amigo me pusesse a funcionar uma outra base de dados já em Clipper), mal ou bem, procurou usar a informática para a criação de bases de dados com vista à seriação da informação (e tenho os livrinhos e artigos publicados para o demonstrar), confunde-me que não seja criada uma base de dados nacional e global não só de todos os professores integrados nos quadros, mas igualmente de todos aqueles que foram passando pelo sistema de forma mais ou menos episódica. O registo dos dados pessoais, académicos e profissionais funcionaria como uma base de trabalho semelhante à das Finanças - só que obviamente menos complicada, porque com muito menos indivíduos - que só seria alterada em caso de necessidade e poderia funcionar como uma plataforma para todas as necessidades de concursos.
Assim apenas se anda a duplicar informação. A aplicação informática para os concursos para titulares irá sobrepôr-se parcialmente à que já existe para efeitos de concurso nacional. No entanto, o conjunto das duas ainda não corresponderá à totalidade dos docentes em exercício. Para não falar na acumulação dos processos de candidatura à contratação directa pelas Escolas.
Afinal, o afamado Choque Tecnológico não poderia passar, na área da Educação, por uma uniformização dos dados recolhidos ou por recolher sobre os docentes, numa base em rede que pudesse ser acessível em todos os pontos do país e que facilitasse e agilizasse efectivamente os procedimentos administrativo-burocráticos?
Ou será que tal ideia é muito à frente, assim demasiado simplex? Ou será que tudo ficaria excessivamente transparente?
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