A propósito das próximas eleições para a presidência da republica francesa, a candidata do partido socialista francês Ségolene Royal prometeu aumentar o orçamento da educação, designadamente, repor a parte que os actuais governantes de direita cortaram e estão a cortar. São promessas e lá, como cá, todos nós sabemos como as promessas dos políticos de turno no poder não valem nada.
Lá, os actuais governantes de direita, reprovaram ao seu sistema educativo (utilizaram como argumento) o facto de o dinheiro nele "investido" não se ver traduzido em resultados alcançados nem maior equidade (reparem na semelhança com os argumentos da ministra portuguesa). Vai daí e à conclusão teórica seguiu-se a prática dos cortes substanciais nos orçamentos. Cortes nos salários dos professores, que têm perdido poder de compra nos últimos anos na ordem dos dois digitos; cortes nos lugares de professores; congelamento nas progressões nas carreiras, etc. Ainda relativamente aos professores, quem tiver lido nos últimos anos as "opiniões" dos governantes e dos "opinadores" franceses. (tanto do PS como da direita) notou as críticas ao absentismo docente, à malandrice dos mesmos...
Lá em França como cá, em Portugal, o que se passa é uma ofensiva neoliberal, levada a cabo pelos políticos tanto da direita assumida como da direita disfarçada, e que estão a reorganizar o Estado no sentido dos ditames neoliberais: menos estado social, mais privatizações, desregulamentação laboral, etc.
O que se passa de mal com a Educação e com os professores é o facto de serem tradicionalmente públicas e terem interiorizado uma cultura de educação como direito. Por isso, para que a educação saia da esfera dos direitos concedidos pelo estado; para que ela seja vista como uma mercadoria como qualquer outra, cujo consumo seja feito em função do poder de compra dos individuos; para que essa mercadoria passe a ser oferecida numa espécie de mercado com indicadores de concorrência; dois alvos são a abater: a Educação Pública e os Professores com cultura de Educação Pública. Tal faz-se com o arsenal de meios que temos visto: aqui, em França e noutros países bem mais avançados nessa escalada de destruição da Educação como Direito Social.
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