Os hospitais portugueses são a coutada predilecta do proselitismo com especial destaque para a religião católica.
A presença do capelão é paga pelo erário público a 100%, enquanto os medicamentos e os serviços médicos, cujo valor terapêutico não é inferior, têm taxa moderadora.
Nas enfermarias diz-se a missa e distribui-se a comunhão aos crentes, à hora das visitas, impedindo os amigos e familiares dos outros doentes, por respeito ou intimação, de falar com os acamados que foram visitar.
As paredes de algumas enfermarias parecem montras de quinquilharia sacra decoradas com cruzes, imagens pias e fotos da Irmã Lúcia, como se os micróbios se afastassem da iconografia santa como os administradores do Estado se afastam do cumprimento da lei.
Os Hospitais da Universidade de Coimbra previram um espaço para reflexão de crentes e não crentes, despojado de adereços pios e alfaias litúrgicas. Algum tempo depois apareceu uma enorme cruz sem que alguém tenha reclamado o milagre ou reparado o abuso.
Depois, chegou a Virgem, posteriormente a imagem do santo patrono do hospital, um hospital sem patrono é como um cão sem dono, e finalmente o lugar transformou-se na capela católica com o espaço público apropriado de forma permanente e definitiva (?) por uma confissão religiosa.
É este proselitismo provocatório, a mansa e beata penetração do incenso e da água benta pelos interstícios da nossa indiferença que vai minando a liberdade religiosa e impondo o totalitarismo católico.
Até os médicos do Opus Dei começam o dia de trabalho com uma oração naquele local. É uma forma de darem público testemunho da fé e justificarem a apropriação do espaço.
Carlos Esperança
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