O urânio 238 é instável, e de vez em quando um átomo perde um pedaço do núcleo e transforma-se em tório 234. Muito de vez em quando; demora quatro mil e quinhentos milhões de anos para desaparecer metade do urânio 238 desta forma. Outros isótopos são mais radioactivos. O carbono 14, por exemplo, tem um tempo de meia vida de 5730 anos. Com estes tempos, vários isótopos diferentes, e conhecendo os produtos destas reacções nucleares, podemos calcular a idade de alguns materiais pela sua composição.
Os criacionistas têm um problema com isto. Esta técnica dá valores de milhares de milhões de anos para a idade da Terra, mas eles têm um livro que diz que a Terra só tem seis mil anos. Por isso propõem que a taxa de decaimento radioactivo era maior no passado. É mesmo por isso: por causa do livro. Não há mais nada que precise desta hipótese como explicação.
Para muitos isto é um mero detalhe. Se calhar os criacionistas até têm razão, sabe-se lá. Mas o decaimento radioactivo não é um mero detalhe. É o calor gerado por este processo que mantém líquido o núcleo da Terra. A Terra tem seis mil quilómetros de raio, dos quais só meia dúzia é rocha sólida. É como uma camada de tinta numa laranja. Agora imaginem que o aquecimento no interior da Terra aumenta um milhão de vezes. Puf, lá se vai a laranja.
Além disso o decaimento radioactivo está relacionado com constantes fundamentais da física. Esta proposta é simplesmente absurda. É como ler num livro que as pirâmides foram construídas por meia dúzia de pessoas num fim de semana, e por isso propor que no tempo dos egípcios as pedras pesavam muito menos, e só se tornaram pesadas mais tarde. Não é porque lemos num livro que se justifica assumir que os aspectos mais fundamentais da matéria mudam de um dia para o outro.
Ludwig Krippahl
http://ktreta.blogspot.com/
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