Segunda-feira é um dia em que, com um frémito de antecipação, saboreio o meu momento zen semanal com a coluna de opinião de João César das Neves no Diário de Notícias.
Por vezes o referido autor desilude-me e em vez de um momento zen tenho de contentar-me com uma pausa Kit Kat, devotada a temas sortidos não contaminados com as mais absurdas elucubrações de cariz religioso.
Mas hoje esperava-me um momento de puro nonsense, intitulado «Um Portugal livre e próspero», que só consigo perceber como um episódio de insanidade (temporária?) provocado pela derrota estrondosa da Igreja no referendo da despenalização da IVG.
JC das Neves efabula um cenário completamente obtuso e de desgraça para o Portugal laico do ano 2029, que apenas permite afirmar que o fazedor de opinião católica não terá futuro na ficção científica. Nem terá futuro como sibila já que vaticina um futuro absolutamente imbecil que afirma ser o que nos espera como consequência do avanço da ciência e do conhecimento científico cá no burgo.
Por uma razão qualquer obscura que um psiquiatra poderia eventualmente explicar, a modernidade e a ciência para JC das Neves são sempre associadas ao «deboche», a uma «soberania artificial sobre a natureza»...
Nunca conseguirei perceber o horror que a ciência inspira nas almas mais beatas que suspiram pelos bons velhos tempos do obscurantismo medieval.
Ou pelos bons velhos tempos do Portugal de antigamente, orgulhosamente só mas alheio a modernices pecaminosas, com a Igreja firmemente nas rédeas do poder ...
Palmira F. da Silva
http://www.rprecision.blogspot.com/
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