domingo, março 18, 2007

E Quem Deforma os Formadores?

Há 50 anos, já a ONU fazia conferências que sublinhavam a necessidade de investir na qualidade na formação de professores, não propriamente dos professores primários (agora será dos professores básicos ou generalistas), mas daqueles que os iriam formar.
Porque uma matéria que vai ficando sempre por abordar com seriedade, quando tanto se critica aos professores, é a da qualidade, competência e tudo o mais daqueles outros docentes que formam esses professores sem que eles próprios saibam muitas vezes ao que andam e nunca tenham tido uma experiência directa relevante do trabalho pedagógico para que teoricamente devem preparar os seus alunos.
Porque é muito bonito dizer que a partir de agora todos os docentes deverão ter mestrados e ser super-hiper-ultra-mega qualificados, mas depois ignorar que muita dessa formação foi feita até agora por gente que não tem essa formação.
Basta o meu exemplo. Alguns dos docentes que me deram aulas durante a profissionalização tinham as mesmas habilitações que eu e nenhum tinha mais de uma mão cheia de anos de contacto directo com o ensino não-superior, desconhecendo por completo a orgânica de uma EB 2+3, entre outras desconhecenças básicas. Mas estavam ali a “ensinar-nos”. E continuaram e pelos vistos continuarão com funções acrescidas. Já sei que não é preciso ter feito uma ponte para ensinar as técnicas necessárias para projectar uma, mas convenhamos que lançar sobre os professores dos Ensinos Básico e Secundário um relambório brutal quanto à sua competência e mérito e depois esquecer tudo isso quanto aos docentes que vão formar esses professores é, numa expressão tão cara à ministra, uma “caricatura”.
E a este respeito o depoimento incluído no Jornal de Letras desta semana do antigo secretário de Estado José Manuel Canavarro tem o seu manifesto interesse (e a ele voltarei).
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