… não sei o que faça depois de estar presente pela 1ª vez em muitos, muitos anos numa reunião sindical. Entrei já em andamento, quando a coisa já não estaria a correr pelo melhor, mas ainda seguia com compostura.
Não interessam aqui detalhes sobre quem, ou sobre de que sindicato, mas apenas a evidente insatisfação que cada vez mais grassa na classe docente, em especial entre aqueles que se dão ao trabalho de se interrogar e pensar sobre estas questões e sobre os melhores modos de agir, quanto ao Ministério mas também quanto à acção sindical, que continua reactiva e, embalada pelo sucesso das últimas greves e manifestações, parece não ver que, apesar disso, os tempos são outros.
O resultado de hoje foi a presença de uma pessoa, claramente a carecer de calo nisto, com uma formação académica na exposição de discursos formatados com o apoio de acetatos, e incapaz de sair do seu registo perante questões incómodas.
Dando voz ao que muitos pensamos, a nossa Presidente do CE questionou a pessoa em causa quanto às propostas alternativas, concretas, dos sindicatos enquanto Plataforma e daquele sindicato em particular apresentadas ao Ministério para se proceder a uma avaliação efectiva e justa do pessoal docente. Sublinhando que os docentes não são todos maus (como o Ministério pretende fazer passar, legislando de forma cega contra todos), nem todos bons (como alguma demagogia sindical pretende fazer crer), a nossa colega perguntou se existe alguma ideia sobre como erradicar os males que existem sem atingir quem cumpre de forma escrupulosa as suas obrigações.
Estranhamente, a pessoa do sindicato torneou repetidamente a questão, evitando declarar desconhecimento ou tomar qualquer posição. À segunda tentativa, nesse caso de minha responsabilidade que procurei concretizar de forma ainda mais específica a questão colocada, a reacção começou a ser de impaciência e mesmo alguma agressividade, começando a inquirir os presentes sobre qual era a sua sindicalização. À terceira tentativa, de novo pela Presidente do CE, a atitude foi de completa desorientação e corte de qualquer diálogo, com base numa espécie de raspanete aos incómodos inquiridores, suscitando o abandono generalizado dos docentes.
E é assim que os sindicatos se afastam dos docentes, apresentando discursos pré-formatados, não conseguindo entabular diálogo e com evidentes lacunas de formação. Sei que esta não é uma situação aplicável a todos os casos e este até poderá ter sido uma excepção. Mas a verdade é que a revolta e desânimo entre as dezenas de colegas que estavam presentes foram enormes. Eu sei que os sindicatos ainda são os nosso representantes perante o ME nestas negociações e que a sua acção não deve ser minada. Mas antes de mais não deve ser minada a partir de dentro; se existe uma plataforma sindical, não adianta virem gabar os scuessos e ideias passadas deste ou daquele sindicato. Ou estamos unidos e damos ouvidos a todos os contributos, mesmo que apenas para análise, ou o futuro é sombrio.
Assim não vamos lá. Algo precisa de mudar.
(resta sublinhar que nesta Escola e Agrupamento os níveis de adesão à greve foram sempre superiores a 80% em todos os turnos dos dois dias e que se algum problema existe é de interesse em participar e questionar… assim como a pessoa em causa tinha sido avisada antecipadamente a cerca do ambiente dominante.)
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