domingo, março 25, 2007

Salazares de nós

Lamento a minha banalidade, mas estou com muitas ganas de ver a estação pública de televisão a anunciar António de Oliveira Salazar como vencedor do concurso Grandes Portugueses.
Salazar é a alma gémea do português comum. Pobre de espírito, pobre na forma e no estilo, autoritário, revanchista, amargurado, triste e solitário. Quando vamos tomar um café à rua, do outro lado do balcão está um Salazar. No táxi, conduz-nos um Salazar. A repartição de finanças é um silo de Salazares. O empregado de mesa é o Professor Salazar. O polícia é Salazar. É Salazar que apita um jogo de futebol. O patrão é um Salazar, o empregado outro. Nas universidades, é Salazar que dá aulas.
Confirmando-se a vitória de Salazar, no concurso da RTP, é uma grande vitória para a cultura portuguesa contemporânea. Um drama a todos os níveis e uma vergonha inominável, mas uma vitória justa.
Aliás, na próxima semana, cada um de nós vai exercer o seu poderzinho com ainda mais legitimidade.
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