Se há coisa que me dá um especial gozo é quando uma ideia claramente asinina, toma asas e voa, qual paquiderme inflado de hélio pelos ares.
Se há uns tempos a nossa ditosa Ministra teve a ideia de sugerir que os problemas financeiros da Educação fossem parcialmente resolvidos com a venda de tishértes a preços normalizados - mas com cólidade, claro - e outros materiais que tais, assim como pelo aluguer das instalações para festarolas várias, agora decidiu expandir a ideia e erigi-la em verdadeira “política”. Ou seja, aquilo que devia ter sido disfarçadamente esquecido por causa do óbvio ridículo, não se fala mais nisso e vamos ver se a malta se esquece da parvoeira, tornou-se agora uma coisa aparentemente encarada com seriedade pela equipa ministerial.
Vão assim ser criadas “unidades de negócio” (vá lá, não lhes deu para uma “estrutura de missão”…) em torno de papelarias, reprografias escolares e serviços “de restauração” (pois, é o que está na notícia, não fui eu a caricaturar, acho mesmo que o jornalista levou o tempo todo a rir enquanto fazia a peça). Isto é supimpamente cómico porque se vê que, claramente, alguém anda a comer os cogumelos errados na 5 de Outubro.
Vamos lá a ver se eu entendo: as papelarias, reprografias e bares das escolas que actualmente já deitam pelas costuras normalmente com o serviço interno vão poder passar a receber clientela externa? A sério? Mas como? Passa a poder entrar na Escola quem quiser, alegando que vai ali só tirar umas fotocopiazinhas? Ou comer um pastelinho na “área de restauração”?
Ou é só no período “pós-escolar”? E o que significa isso, mais exactamente? Pós-escolar, pós 18.30-19.00 horas? Em vez de um seven-eleven tradicional, um seven-eleven restrito ao serão? E nas escolas com ensino nocturno, o período pós-escolar é quando? Durante a madrugada? Eu já aventei a hipótese do motel… Ou é “pós-escolar” tipo só nas férias? Mas não há férias, só há interrupções das actividades lectivas, não é? Então no que ficamos? Anda o pessoal em reuniões de avaliação e aparece um simpático ó pcht, pcht onde fica a “área de negócio”? Nas férias, desculpem, nas interrupções do Natal vendem-se pinheiros e renas de plástico, no Carnaval vendem-se milus, digo, máscaras e na Páscoa ovinhos chocolatados?
E já agora, aquela ideia de alugar os espaços para “casamentos e baptizados” pode incluir outros eventos? Já propus que se alugassem os pavilhões para servirem como templos evangélicos. Cobrava-se 10% da dízima recebida e a coisa era capaz de dar lucro. E já agora, no caso daquelas festarolas, claro que se poderão ingerir bebidas alcoólicas, não é? Portanto, a Cátia Vanessa e o Bruno Tadeu de dia só podem beber leitinho e sumol, mas depois, no “pós-escolar” já podem ir apanhar uma bezana daquelas e dizer que se embebedaram perdidamente na escola? Giro! A Ministra é fiche.
E raves? Daquelas porreiras com munta cerveja dada pelos patrocínios, a escorrer a noite toda, e comprimidinhos coloridos e tal? Mmmmm? Todos numa naice? Red Bull dá-te asas? Zzzimmmm????
Há uns tempos na rádio, alguém satirizava esta Ministra, representando-a como alguém que de manhã chegava ao gabinete e se punha a pensar qual seria a ideia disparatada que ia inventar nesse dia.
Bom, neste caso acho que temos a verdadeira mãe de todas as ideias disparatadas e um caso indisfarçável de arma de estupidificação maciça.
Mas o licenciado em Engenharia Sócrates está feliz. O défice está em 3,9% e isso é que interessa. Que tal alugar o Liceu Camões para comemorar? O Teixeira dos Santos a abanar o capacete, o Santos Silva e o José Magalhães a dançarem o mambo, enquanto o Pinho pensa no AllGarve e a nossa Milu se destaca toda rodopiante em alegre parelha dancing com o Lemos.
(é pá, acho que agora exagerei, porque me assustei a mim próprio com a imagem criada… brrr… vou ter pesadelos…)
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