Ainda não li o documento em si, ou as alterações que efectivamente irão ser feitas ao estatuto do Aluno, pois apenas acedi à versão para propaganda comunicacional.
Mas pelo que vejo comentado e pelo que ouço de quem andou pelas reuniões com a tutela, o que vai acontecer é o fim “formal”, “administrativo”, do abandono escolar porque a reprovação por faltas acaba por desaparecer graças a um malabarismo técnico que - aposto as minhas hipótese de titularização contra um bom prato de migas - irá siurgir nas próximas estatísticas oficiais.
O que vai acontecer é que, diferindo a reprovação (ou aprovação) dos alunos absentistas para um eventual exame final obrigatório, isso faz desaparecer artificialmente o abandono escolar durante o ano lectivo. E será fácil, muito fácil, transformar um malabarismo técnico-legislativo numa vitória de uma inexistente política educativa consequente.
Veremos como em 2009, a ser este sistema implementado já em 2007-08, alguém em nome do ME aparecerá a brandir gráficos, com escalas mais ou menos trabalhadas, a mostrar uma quebra na taxa de abandono escolar. Quebra essa porque, à boa e velha moda dos tempos do Estado Novo em que se afirmava que a prostituição não existia porque não era reconhecida como tal e não eram feitas estatísticas (este desvio justifica-ase em função de passadas investigações minhas nesta área, não se assustem…), o abandono escolar terá diminuído porque deixou de ser contabilizado como anteriormente.
Se tornamos impossível registar como abandono escolar o total absentismo escolar dos alunos, mantendo-os formalmente no sistema por via do tal exame no final do ano, claro que o abandono escolar deixará formalmente de existir. E o aproveitamento político e demagógico de tal ficção não se fará esperar.
Se estou errado, por favor expliquem-me, porque sinceramente espero mesmo estar errado
Porque acho que deveriam existir limites de decência quanto à manipulação dos dados sobre este tipo de fenómenos sociais, em especial aqueles que como o abandono escolar precoce são tão dramáticos e têm efeitos a longo prazo extremamente negativos para os indivíduos e toda a sociedade. E se nos preocupamos apenas com a cosmética estatística e nada com a substância, tudo isto não passa de mais hipocrisia retórica.
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