segunda-feira, abril 09, 2007

PORTUGAL: LÍDER EUROPEU DA FUGA DE CÉREBROS!...

... Precariedade de emprego, Desemprego, Recibos Verdes, Contratos a Prazo, eis as grandes vertentes do drama em que vivem os jovens portugueses e que, naturalmente, os impedem de fazerem projectos para o FUTURO...

Portanto, uma geração de jovens que, hoje, se afirma sem perspectivas de poderem construir o seu próprio futuro, constituindo um verdadeiro drama que, desde há muito, se instalou em muitas famílias e lares de Portugal.

E porquê?

Pela ausência sistemática de políticas sérias, correctas e coerentes para a nossa juventude.

De relance sobre a História...

E tudo começou, imediatamente, após o 25 de Abril de 1974, com os despedimentos selvagens, resultantes das “atitudes revolucionárias” de então, provocadas por um sindicalismo de cariz selvagem e de “terra queimada” e das políticas e estratégias “golpistas” dos vários protagonistas da nossa então jovem democracia.

O tudo ou nada!

Tratou-se de uma iniciativa agressiva e aterrorizadora, promovida pelo PCP - Partido Comunista Português, materializada pela Intersindical, com os apoios explícitos do Conselho da Revolução, cabendo a intervenção operacional ao COPCON e à 5ª. Divisão, de má memória.

Foram momentos dramáticos os que então se viveram, com as pressões e perseguições dos sindicatos e sindicalistas afectos à Intersindical e seus satélites, as ocupações das empresas pelos trabalhadores, as fugas dos patrões para o estrangeiro, inclusive, alguns levando consigo o capital da empresa e não só, enquanto a economia portuguesa começava a despencar e a paralisar, numa espiral profunda...

A institucionalização dos contratos a prazo...

Depois de muitas “aventuras revolucionárias”, muitos dramas vividos, muitas perseguições, muitas detenções e prisões confirmadas, eis que surge um “salvador da Pátria”, o então Primeiro-Ministro, Mário Soares, acolitado pelo Ministro do Trabalho, Marcelo Curto, do 1º. Governo Constitucional, com a “ideia luminosa e genial” da institucionalização dos Contratos a Prazo em Portugal, revelando uma clara e inequívoca cedência às pressões do patronato activo e resistente, destacando-se, de entre eles as organizações mais fortes e organizadas, na época, a CIP - Confederação da Indústria Portuguesa e a CCP - Confederação do Comércio Português.

O Primeiro-Ministro Mário Soares, primeiro responsável pela política do Governo, com as políticas laborais do seu governo, havia conseguido hipotecar, definitivamente, o presente e o futuro dos trabalhadores portugueses, com a institucionalização dos Contratos a Prazo!...

Hoje, esta é uma questão que, generalizadamente, se pretende branquear e, sobretudo, manter no mais profundo silêncio, quanto às suas origens, mas que os anais da História nunca calarão, mesmo que pretendam arrancar essas páginas...

De então para cá, é o drama a que temos vindo a assistir, pois o que, à primeira vista, parecia ser provisório, temporário, até que a economia portuguesa normalizasse o seu ritmo de desenvolvimento, acabou por se tornar DEFINITIVO e, sempre com tendências cada vez mais gravosas, culminando, agora, com a imposição da flexibilização a que agora, mais pomposamente, já chamam de “flexisegurança”...

Em abono da verdade...

Obviamente, diga-se em abono da verdade, não é justo que se atribua a culpa deste estado de coisas ao actual governo, do Primeiro-Ministro, José Sócrates, pois trata-se de um problema que já vem de longe e atravessou três décadas, cada vez mais, a avolumar-se e com tendência para se agravar ainda muito mais... dada a “sofreguidão” do patronato portguês...

Em boa verdade, convenhamos, os sucessivos governos constitucionais não tiveram a coragem, a competência e a seriedade política de, pelo menos, tentar inverter a marcha da situação, antes pelo contrário, cada um ao seu modo e ao seu jeito, têm vindo a ajudar e a contribuir, decisivamente, para ao seu imparável agravamento.

Uma promessa vã...
A criação de 150 000 novos postos de trabalho

Mas, nos tempos que correm, há mais de dois anos a esta parte, deparámo-nos com o então candidato do PS - Partido Socialista, a Primeiro-Ministro, José Sócrates, a anunciar e a prometer à boca cheia e aos quatro ventos, durante a sua campanha eleitoral e não só, a criação de mais 150 000 (cento e cinquenta mil) novos postos de trabalho...

Produzir este tipo de “afirmação-promessa eleitoralista”, nos tempos actuais, no mínimo, só pode revelar e confirmar o seu profundo desconhecimento dos problemas económicos e sociais de Portugal e da União Europeia, bem como dos dossiers da governação portuguesa.

Assim como, produzir uma “afirmação-promessa”, desta natureza, envergadura e impacto político, económico e social, só pode ser considerada por leviana e irresponsável, revelando uma profunda ignorância, oportunismo e, sobretudo, a caça ao voto...

E o resultado está bem patente, à vista, com o desemprego, nos últimos dois anos, a subir em flecha!...

Flexisegurança - A palavra de ordem!

Mas, como a nova palavra de ordem é “flexisegurança”, também nada impede ou impediu que, para “maior flexibilização e segurança dos portugueses”, possa ser eleito, democraticamente, primeiro-ministro um engenheiro sanitário, como se verificou, cujos resultados estão bem patentes e espelhados nos tecidos político, económico, social e cultural portugueses...

... fracturar, policiar, amordaçar...

Maior flexibilização e segurança dos portugueses, deve entender-se por “fracturar” a sociedade de alto a baixo e transversalmente...

É, por conseguinte, a “nova e eficaz” política socialista de “fracturar” adoptada pelo Primeiro-Ministro, José Sócrates, para Portugal...

E cabe questionar:

- Hoje, qual o sector de actividade económica ou o segmento social que ainda não tenha sido objecto de “fractura” cirúrgica?

Podemos afirmar, categoricamente, sem o perigo de errar ou mentir, que Portugal está a evoluir de sociedade “fracturada” para, um “estado policial e policiado” e, consequentemente, “amordaçado”, quanto à liberdade de expressão do pensamento, particularmente no que se refere e aplica aos jornalistas.

Em resumo, coisa que nenhum primeiro-ministro ousou anteriormente, eis as “três grandes vitórias prodigiosas” obtidas pelo actual Primeiro-Ministro, José Sócrates, quer no verbo quer na acção:

- fracturar, fracturando... [a sociedade portuguesa]
- policiar, policiando... [os cidadãos]
- amordaçar, amordaçando... [obrigatoriedade de os jornalistas passarem a divulgar as suas fontes de informação, e não só]
- faltando, apenas, o mais que estará para vir e se adivinha...

Retomar, retomando o tema...

A “grande presença de jovens na manifestação”, segundo Carvalho da Silva, da CGTP, “É um sinal positivo da sua confiança em relação ao futuro e de que será mantida a luta para garantir a continuidade dos direitos conseguidos”. Mas, importa não esquecer e sublinhar que, apesar de serem direitos conseguidos, adquiridos, ainda não foram alcançados...

CGTP “versus” PCP

É óbvio que a manifestação foi organizada e mobilizada pela CGTP, com o apoio do PCP - Partido Comunista Português, disso ninguém tem a menor dúvida! E, sobre esta afirmação, logo se projectam as mais variadas criticas e conjecturas e, sobretudo, desvalorização e branqueamento do acto que arrastou para as ruas de Lisboa alguns milhares de jovens...

E sobre isto, importa que se diga, em abono da verdade, que a iniciativa mobilizou milhares de jovens portugueses e não só, e, muitos deles, nada têm a ver ideologicamente, tal como eu, com os seus promotores.

SÃO JOVENS PORTUGUESES!

Enquanto outros jovens, para não serem mais tarde apontados e conotados com a CGTP e o PCP, optaram por não comparecer, nem participar, embora, provavelmente, vontade não lhes tivesse faltado...

A menos que, o universo dos jovens portugueses “angustiados”, que se manifestaram, pela situação instalada em Portugal, esteja circunscrito, exclusivamente, aos que se manifestaram, e quanto aos restantes, os ausentes, tudo está bem e a correr sobre rodas...

Se assim for, então, convenhamos que é caso para pensar seriamente, porque, quer a CGTP quer o PCP, estão a querer impor uma “mentira forçada”...

Mas, infelizmente, vistas bem as coisas, a situação parece ser bem mais grave e as estatísticas oficiais, claramente, assim o provam e denunciam...

Vejamos...

O número de trabalhadores precários, no final do ano passado, atingiu os 801,2 mil, dos quais 66 %, ou seja, mais de meio milhão, são jovens.

EVOLUÇÃO DO EMPREGO POR CONTRATO
(Em milhares de indivíduos)

EFECTIVO
2004 - 3031,8
2005 - 3070,5
2006 - 3096,8

A PRAZO
2004 - 570,4
2005 - 580,3
2006 - 634,1

OUTROS
(incluindo recibos verdes)

2004 - 180,1
2005 - 163
2006 - 167,1

EVOLUÇÃO DO DESEMPREGO
(em milhares de indivíduos)

DESEMPREGADOS
2005 - 447,3
2006 - 458,6

15 AOS 24 ANOS
2005 - 91,4
2006 - 96,2

25 AOS 34 ANOS
2005 - 141,1
2006 - 143,6

ENSINO SUPERIOR
2005 - 54,31
2006 - 56,5

Entretanto...
Os peritos prevêem mais desemprego entre jovens

A previsão dos peritos, constante do relatório final do Debate Nacional de Educação, que foi ontem, quinta-feira, discutido na Assembleia da República, aponta para o aumento do desemprego entre os jovens portugueses.

Em Portugal, são 96 mil os jovens (15-24 anos) desempregados. Em Dezembro último, este valor significou uma taxa de desemprego entre os mais jovens de 17,9 %, superior aos 16,4 % verificada em Dezembro de 2005.

Entre os licenciados, ao longo de 12 meses, houve um aumento de 2 500 desempregados, totalizando, em Dezembro último, 56 500.

Face a este cenário, o relatório desaconselha aos jovens, “como é frequente no nosso país, clamarem por menor esforço e exigência, na simples mira de obter facilmente um diploma que, não atestando competências efectivas para concorrer no mercado, perde credibilidade e se torna, de todo, inútil”.

Sobre os mais recentes esforços desenvolvidos, para actualizar o sistema de Ensino Superior ao Processo de Bolonha, o relatório é devastador, acusando-os de terem sido realizados “de modo apressado e superficial”, e o documento lança o alerta de que, “Os riscos inerentes a esta prática são muito elevados. Corremos hoje o risco grave de deixar fugir os melhores candidatos ao Ensino Superior para o estrangeiro e de condenar à mediania as nossas instituições de Ensino Superior”.

Tal risco é, contudo, já uma realidade. Pois, de acordo com o relatório “International Migration”, do Banco Mundial, Portugal lidera na Europa a chamada fuga de cérebros.

São 146 mil os licenciados portugueses que vivem no estrangeiro, ou seja, 19,5 % do total. Em Portugal há 782 mil licenciados, dos quais trinta mil são estrangeiros.

Veiga Simão
- Machadada “imbecil” no Ensino Técnico Profissional...

E perante tudo isto, que é um facto incontestável, curiosamente, ninguém ousa falar, muito menos abordar, sobre a “grande e decisiva machada “imbecil” que, o então ministro da Educação Nacional, Veiga Simão, deu no Ensino Técnico Profissional, extinguindo-o, pura e simplesmente...

Pois, por incrível que possa parecer, os prejuízos causados à Nação Portuguesa, de então para cá, se quantificados, ultrapassam largamente os custos com a manutenção de toda guerra nas ex-colónias portuguesas, ao longo de mais de uma década, hoje, nações livres, independentes, conduzindo os seus próprios destinos...

“Portugal precisa que se requalifiquem...”

Para concluir, embora muito houvesse ainda por dizer e equacionar, uma coisa é certa: Estamos perante um dado adquirido e incontestável.

Os problemas que Portugal e os seus jovens, hoje, enfrentam - sabe Deus ainda por quanto tempo mais vai durar? - são o somatório de todos os erros crassos e irresponsáveis cometidos pelos nossos GOVERNOS CONSTITUCIONAIS e POLÍTICOS, pois não souberam ou não quiseram olhar para o seu PAÍS REAL e trabalhar em cima das suas próprias realidades e especificidades.

Foi mais fácil, mais cómodo, olhar e copiar o que outros países fazem e fizeram, quer em matéria de Educação quer em matéria de Trabalho e Emprego, aplicando, cegamente, esses conhecimentos em cima de um outro tecido que não o original, como que se as realidades e as especificidades fossem as mesmas... Pois, não admira, não é para menos, estamos na era da GLOBALIZAÇÃO...

Para o Primeiro-Ministro, José Sócrates, e outros que, no passado recente e não só, já passaram pela cadeira do poder, é extraordinariamente fácil, em discursos de circunstância, provavelmente com a ajuda de um teleponto, produzir afirmações como:

"Portugal precisa que se requalifiquem, é a melhor forma de aumentar a riqueza do País" ;

“É preciso que regressem aos estudos para concluir o 12.º ano de escolaridade”.

Só que se esquece da realidade social, aliás dramática, em que vive a esmagadora maioria das famílias portuguesas e os apoios, esses, são os que estão à vista... Para não falar das sistemáticas e contínuas contrariedades e frustações que enfrentam no dia a dia...

... Certamente, não pertencem ao grupo dos privilegiados e bafejados pela sorte que vão para qualquer estância de Inverno na Europa fazer “sky”, ou participar num “safári” em África...

Perante a afirmação, do Primeiro-Ministro, José Sócrates, “Portugal precisa que se requalifiquem...”, urge, com toda a seriedade, questionar e obter respostas precisas e sérias:

- Quem?

- Os governantes?
- Os políticos?
- Os partidos políticos?
- O povo português?
- Ou, somente, os jovens portugueses?
- Ou o próprio Primeiro-Ministro?...

Sem mais comentários!...

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Paulo M. A. Martins
http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=115695&cidade=1

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