Inês Serra Lopes hoje na Sic-Notícias colocou o dedo em algumas das feridas óbvias da situação do momento e que transcende em muito um caso particular e uma única Universidade.
O ruído propriamente político da Oposição neste momento é nulo, não porque sejam todos muito politicamente correctos e não se queiram aproveitar da situação, mas sim porque há por aí muita licenciatura “oferecida” [sic] e em muitos quadrantes, pois Universidades houve que se especializaram nisso.
E é essa é uma enorme verdade: apesar de todos os seus defeitos, manipulações e distorções a generalidade das Universidades públicas são faróis de excelência e transparência perante o funcionamento de grande parte das privadas. E não se trata só dos favorecimentos ou não favorecimentos a alunos, acrescentaria eu. Trata-se igualmente dos corpos docentes, onde muito boa gente ganha dinheiro só por dar o nome e nunca leccionar, enquanto outros leccionam na base da colocação puramente clientelar.
E que dizer da coincidência do novo reitor (embora exista quem afirme desconhecer o facto) da Universidade Independente ser Jorge Roberto, um quadro de topo da Caixa Geral de Depósitos, que exerceu funções sobre a tutela de Armando Vara, um recém-licenciado da Independente e outrora governante que nomeou António José Morais - o tal que assinou as pautas de quatro disciplinas - para centralizar as adjudicações de empreitadas do Ministério da Administração Interna, sendo que este, enquanto docente, está neste momento sob processo disciplinar na Universidade Técnica, tendo já sido punido devido a absentismo.
Se ligarmos todos estes nomes, juntando-lhe eventualmente outro, relacionarmos os lugares por onde passaram e as curiosas ocorrências que foram acontecendo, encontramos o Portugal Político Provinciano Chico-Esperto no seu melhor. E mais não vale a penas adiantar senão que, por exemplo, apesar de trabalhar há 25 anos, na CGD, Jorge Roberto omitiu esse facto do currículo enviado à imprensa, no qual consta, porém, que tem gosto na prática da horticultura e do yoga. Porquê? Prioridades, certamente.
Dirão alguns que venha o primeiro impoluto nesta matéria atirar pedregulho aos telhados do vizinho sem medo de levar pela mesma medida.
Pois, minhas amigas e amigos, o problema maior é exactamente esse.
E o outro problema -nada menor - é que são estas figuras que parecem exactamente como vestais ingénuas a rasgar as tristes vestes e a clamar por rigor e a exigir mérito aos outros.
E não vale a pena alegar que em Portugal há a obsessão dos canudos e dos senhores doutores. Isso já foi mais do que é. E se agora é mais isso resulta exactamente de certas parolices inscritas na mentalidade daqueles que deveriam ser exemplares nessa matéria, mas que optam por retocar - à boa e velha moda estalinista - as fotos do passado.
Só que como no filme do Woody Allen o objectivo não é apagar um qualquer Trotsky incómodo é colocar um Zelig onde nunca esteve.
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