segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Portugal: pobres são os mais pobres, e quem mais sofre são as crianças.

Os relatórios e índices são todos coincidentes e devastadores: A população trabalhadora portuguesa tem sido sujeita a um regime de bárbaro recuo das condições mínimas de vida e subsistência.
Dentro da ordem mundial capitalista, Portugal tem o papel de fornecedor de mão de obra barata para os afluentes países do centro e norte da Europa.
Esta é a verdade, que dirigentes nacionais e europeus ocultam sistematicamente.
A pobreza dos trabalhadores portugueses nem sequer é noticiada nos grandes média, nem é perceptível, devido à ausência paradoxal de lutas sociais. Isto é devido ao estado comatoso das instâncias que deveriam estar na frente da luta contra a exploração: os sindicatos.
Devido a mais de trinta anos de controlo político-partidário, as centrais sindicais mais parecem anexos, para «o mundo do trabalho», dos partidos políticos que as controlam, do que organizações próprias dos trabalhadores, para lutar pelos seus direitos e melhoria da sua condição.
Manuel Baptista

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Notícia do «Expresso»:


Há mais a receber o subsídio social de desemprego


A CGTP considera que "não é surpreendente" que as crianças portuguesas sejam das mais pobres da União Europeia (UE), porque a pobreza das famílias, sobretudo das que têm rendimentos do trabalho, tem vindo a agravar-se, e isso, obviamente, reflecte-se nas crianças", disse à Lusa a dirigente da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), Maria do Carmo Tavares.

Para Maria do Carmo Tavares, isto é apenas o reflexo do que se está a passar com as famílias portuguesas, pois "as crianças não são independentes nem autónomas, reflectem o empobrecimento das respectivas famílias".

Para provar que os trabalhadores portugueses estão a empobrecer, a sindicalista referiu à Lusa que um terço dos beneficiários do Rendimento Mínimo de Inserção (RMI) - mais de 30.000 pessoas - tem rendimentos provenientes do trabalho.

"Isto acontece porque estas famílias têm rendimentos muito baixos e, por vezes, os agregados familiares são numerosos", afirmou.

A sindicalista salientou ainda que outro terço dos beneficiários do RMI é constituído por idosos com pensões muito baixas e que por vezes têm a seu cargo outros familiares, nomeadamente crianças.

Maria do Carmo Tavares referiu ainda outro indicador do agravamento de pobreza - o aumento do número de pessoas a receber o subsídio social de desemprego, que é inferior ao subsídio de desemprego, quer em montante, quer em tempo de atribuição.

"Actualmente há mais gente a receber o subsídio social de desemprego devido a situações de desemprego prolongado ou por não terem o prazo de garantia necessário (450 dias de trabalho com descontos) para receber o subsídio de desemprego", disse, acrescentando que isto também leva ao empobrecimento.



Famílias sem rendimentos para assegurar despesas básicas


A presidente do Banco Alimentar considerou hoje que o número de crianças afectadas pela pobreza tem vindo a aumentar nos últimos anos devido ao agravamento das condições de vida de muitas famílias, sobretudo das famílias desestruturadas e monoparentais.

"Nós temos vindo a alertar para este fenómeno, que está provado por dados estatísticos e estudos", disse Isabel Jonet à agência Lusa.

O Banco Alimentar faz campanhas anuais de recolha de alimentos que depois fornece a instituições de solidariedade que apoiam pessoas carenciadas.

Nos contactos que mantém com estas instituições o Banco alimentar tem tomado conhecimento da degradação das condições de vida de muitas famílias, que levam as crianças a viver em situação de pobreza.

"Muitas crianças apenas se alimentam com o que lhes é servido nas instituições de solidariedade social, nem sequer tomam pequeno almoço em casa", disse, referindo o caso de uma instituição que pesou as suas crianças antes e depois de elas irem de férias e verificou que elas regressaram mais magras porque não se alimentaram em condições.

Isabel Jonet reconhece que esta situação se tem vindo a agravar sobretudo nas famílias desestruturadas e monoparentais, cujo número também tem vindo a aumentar, que não têm rendimentos suficientes para assegurar as despesas básicas.

Isabel Jonet reconhece que esta situação se tem vindo a agravar sobretudo nas famílias desestruturadas e monoparentais, cujo número também tem vindo a aumentar, que não têm rendimentos suficientes para assegurar as despesas básicas.

A dirigente da central sindical lembrou o exemplo da região do Vale do Ave, onde a taxa de desemprego é de 14,4 por cento. "Nesta região, o empobrecimento das famílias está a agravar-se cada vez mais, devido ao elevado desemprego e aos baixos salários", disse.

O baixo nível salarial dos trabalhadores portugueses é outro dos factores de empobrecimento das famílias, segundo Maria do Carmo Tavares. "Antes, a pobreza estava associada à exclusão do mercado de trabalho, mas agora já não é assim", considerou.

A sindicalista salientou ainda o desequilíbrio que se tem vindo a acentuar na distribuição da riqueza.
http://www.luta-social.org/

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