sexta-feira, março 07, 2008

As despesas militares do planeta estão ao mesmo nível do tempo da guerra fria

A maior parte dos países do planeta aumenta a olhos vistos as suas despesas militares. Todos, salvo os países da União Europeia, inclusive a França. Em 2006 elas elevaram-se a 1.204 mil milhões de dólares segundo o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), que é a referência no assunto. Isto equivale a 2,5% do PIB mundial. Este montante não era atingido desde 1988, época do fim da guerra fria. Representa uma alta das despesas de 3,5% em relação a 2005, e de 37% entre 1997 e 2006.

Na região Ásia-Pacífico, a Índia, a China, o Japão e a Austrália rivalizam nas suas despesas militares. No Médio Oriente, todos os países, com excepção do Qatar, aproveitam o maná petrolífero e gasista para reforçar suas forças armadas. É igualmente o caso do Magreb, onde a Argélia, a Líbia e o Marrocos são os principais actores da alta das despesas na região. Os países da América do Sul aumentam igualmente as suas despesas militares, ainda que de modo mais modesto.

Neste contexto de escalada, as vendas de armas dispararam. Entre 1996 e 2005, os fornecimentos mundiais de armas haviam-se estabilizado em torno dos 55 mil milhões de euros. Em 2006, o volume dos fornecimentos cresceu para 67 mil milhões, ou seja, um salto de 21,8%. "Esta progressão corresponde a aquisições de armamentos de novas gerações que são materiais mais refinados e portanto mais caros que anteriormente", explica-se em Paris [1] . Em 2006, o mercado ficou sem fôlego ao passo que no período 1996-2005 manteve-se constante". Para 2007, a tendência permanece sempre para a alta. A Thales confirma o grande retorno da exportação no domínio da defesa. "2007 foi um bom ano. Todas as regiões do mundo aumentaram o seu esforço, com excepção da Europa", afirmou Denis Ranque em Janeiro uúltimo.

Alta tecnologias

Actualmente, apenas um pequeno círculo de países partilha entre si o mercado do armamento para exportação. Entre 1996 e 2006, cinco grandes países exportadores realizavam 90% das vendas mundiais: Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e Israel. Em 2006 eles cobriram 88% das exportações mundiais. Os Estados Unidos ficaram com a parte do leão, com 55% das exportações mundiais, seguidos pelo seu fiel aliado do Reino Unido (14%) e pela Rússia (9,6% e 8% no período 1995-2006), cujas vendas de armas progridem regularmente desde 2000. Em quarto lugar a França (5,9%), seguida por Israel (5,3%). Muito presente do domínio da electrónica, dos aviões sem piloto (drones) e dos mísseis tácticos, a indústria israelense é um concorrente activo, em particular na Ásia, nomeadamente em Singapura e na Índia, onde é o segundo fornecedor das forças armadas locais, e na Europa do Leste. Mas recém-chegados como a África do Sul, o Brasil, a China, a Coreia do Sul, o Paquistão e a Índia começam a andar no palco e a mordiscar partes do mercado. Paralelamente, cinco países compraram um terço das armas exportadas (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Índia, Grécia e Turquia).

Todos os observadores prevêem que o mercado do armamento vai continuar numa rampa ascendente. Nomeadamente com a renovação de certos grandes equipamentos, como as frotas de aviões de combate. E também devido a novas estratégias: os estados-maiores repensaram seus equipamentos na sequência dos conflitos no Kosovo, no Afeganistão e no Iraque. Ao invés de tanques e dos helicópteros de ataque os estrategas privilegiam hoje "materiais muito mais móveis e aerotransportáveis".
[1] Este artigo está na página de negócios e estratégia de La Tribune, que não está aberta ao leitor da edição digital (só aos assinantes), parece ter sido produzido em resposta a um livro branco sobre a defesa a publicar em França. Este livro branco reflecte a nova posição do presidente, que estava na origem do seu conflito com Chirac. Sarkozy exige, desde a sua passagem em Bercy, economias orçamentais na defesa. O artigo de La Tribune destina-se a fazer entender que estamos num mundo perigoso onde conflitos de alta intensidade podem ocorrer. Assim, com o rigor orçamental previsto na próxima lei de programação, arriscamo-nos a perder definitivamente em relação ao Reino Unido e além disso há o risco de haver todo um novo material de alta eficiência que não poderíamos atingir. Apesar de este artigo insistir sobre certos aspectos perigosos do rigor orçamental para a indústria do armamento, ele não deixa de ser interessante. (Nota de Danielle Bleitrach)
Michel Cabrol

O original encontra-se em http://www.legrandsoir.info/spip.php?article6063

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

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