Comecei como definido, o meu Luto pela Educação que, pessoalmente, já dura há bem mais tempo. Hoje chego à Escola vestido rigorosamente de negro e assim continuarei toda a semana pois, roupa preta é algo que não me falta. Dá para mim e mais 1/3 do professorado, se eles quiserem. Fico espantado quando entro na Sala de Professores às 08h05 da manhã, como todas as manhãs e verifico que, contrariamente às minhas expectativas, a maioria não estava vestido da cor definida ( como sempre, dominando o aborrecido azul de todos nós). Verifico também que só os participantes na manifestação se trajavam a rigor. Esbocei um desagrado instantâneo que não consegui conter e exigi que, no dia seguinte todos viessem como determinado. Aproveitei para comunicar e lamentar que a fraca adesão do professorado desta Escola à manifestação, deixou-me pessoalmente desiludido. Pouco mais de 20 docentes num universo de mais de 100, não corresponde nem de perto às percentagens observadas na mega manif. Muitos se desfizeram em mil desculpas, a família, os testes, as avaliações, o cão e o gato ... o c****** ... já nem os ouvi enquanto me retirava para a minha sala com a pasta e o livro de ponto. Uma tristeza total.
Convenhamos que neste momento crítico que se vive no ensino, apenas causas maiores, como estar hospitalizado ou ter de cuidar de alguém com uma qualquer incapacidade, justificaria a não presença nesta manifestação.
Amanhã estão todos avisados que não deverão apresentar-se nesta instituição sem roupa, pelo menos que seja escura. Uma colega de Ed. Física apressou-se em dizer que não tinha ... observei-a atentamente e aquele bordadinho na gola azul bebé quadrejada e casaquinho de malha rosa desmaiado confirmou que não estava a dizer inverdades como o faz gratuitamente a nossa Miluzeca. Ofereci-me para lhe emprestar um casaco preto mas ... deu para perceber que ficou assustada ... senti a pálpebra em leves tremeliques e optei por desistir ... não tem nada a ver, claro.
Esta semana vou estar de negro mas espero que novas, drásticas e corrosivas medidas se imponham com a máxima brevidade. Depois de ter presenciado ontem o cinismo do nosso Primeiro, minimizando a demonstração de total indignação da classe face à política educativa ... conclui que, da minha parte quero levar isto às últimas instâncias ... se tiver o apoio de todos os docentes, evidentemente. Sinto que um demónio me envenena as entranhas de ódio, de um ódio que já deixei de controlar ... agora só já me acalmo com algo absolutamente nocivo ... algo que faça doer e crie mossa. Vivo um tempo em que as boas regras sociais e de conduta não se impõem à mais natural violência humana ... anseio por algo feio, muito feio ...
Entretanto estas movidas permitiram-me perceber um pouco de como se vive toda esta polémica por algumas escolas dispersas por este rectângulo deseducativo. Por exemplo, numa escola de Olhão, um departamento opôs-se em bloco e de modo irascível a este modelo de avaliação ... simplesmente não o vão pôr em andamento. Tomaram esta posição conjuntamente e não cedem ... seguem os bons exemplos claro (o Governo também não cede, porque terão os docentes de ceder?!). Numa outra escola em São Brás de Alportel ... querendo mostrar muita competência, tinham tudo mais que preparado para avançar, com aulas marcadas para assistir e tudo mais ... pois, ao que parece tudo ficou suspenso pois um sindicato prontificou-se a comparecer na escola explicando que, caso avançassem, poderiam ter problemas pois estariam a ir contra a ordem de tribunal em suspender o processo avaliativo ( exactamente como está a fazer o nosso Governo, ilegalidade atrás de ilegalidade para conseguir os fins). Numa outra escola, Campo Maior, instalou-se o conflito entre os titulares a os apenas professores ... os primeiros querem à viva força planificações de todas ... sim, todas as aulas e querem assistir às aulas que bem lhes apetecer ... tsss. tsss. ele há mesmo gente triste que não pode ter um bocadinho de poder ... que tristeza ainda mais tratando-se de educadores.
Portanto, apenas estes três singelos exemplos espelham uma gota de água no imenso oceano da discórdia e da confusão ...
É este o ambiente de trabalho que a nossa Ministra espera nas escolas e para bem dos alunos e agradabilidade dos encarregados de educação? ... se repararam, nem me pronunciei relativamente aos professores, eles não constam desta agenda educativa.
Ainda ontem, Marcelo Rebelo de Sousa, classificando os vários professores, avaliou com a menção "Sofrível" a nossa Ministra. Apenas lhe apontou como aspecto positivo a capacidade de manter a sua política sem hesitações (leia-se: teimosia disparatada) ... mas não deixou de lamentar o facto de, tratando-se de uma Socióloga, manifestar tão pouca sensibilidade. E não se referia a sensibilidade em termos humanos ... essa também já nem faz parte dos pressupostos. Referiu-se mesmo a sensibilidade política, de que esta Ministra carece
ASSIM NÃO SE PODE SER PROFESSOR!
Amélia Maia
(recebido por mail)
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