sexta-feira, março 07, 2008

Em 2007, a OTAN matou pelo menos 500 civis: uma notícia coberta de silêncio

O relatório anual da Afghanistan Ngo Safety Office (ANSO), organização que monitoriza a segurança das ONG presentes no Afeganistão, informa que em 2007 a guerra no país asiático matou dois mil civis afegãos, um quarto dos quais – cerca de quinhentos – vítimas de bombardeamentos aéreos e operações terrestres da OTAN.

UM CLÁSSICO EXEMPLO DE CENSURA SOFT

A embaraçosa notícia foi difundida a 20 de Janeiro pela Associated Press [1] e a 4 de Fevereiro pela Reuters [2] com pequenas diferenças: as vítimas civis da OTAN foram 525 segundo a AP e 480 segundo a Reuters. Mas a técnica comunicativa adoptada foi idêntica: uma breve citação oculta entre as linhas de despachos relativos a acontecimentos. Obviamente, a notícia não foi retomada por jornais e televisões: morreu à nascença. Não foi censurada, mas fez se de maneira que ninguém se desse conta. Nós demo nos conta, por puro acaso, semanas depois.

EFEITO COLATERAL DA ESTRATÉGIA OTAN

No ano anterior, 2006, os civis mortos pela OTAN no Afeganistão tinham sido metade, cerca de 230 [3]. O drástico aumento é o “efeito colateral” da estratégica mais agressiva adoptada pela OTAN em 2007: forte aumento das tropas de combate mobilizadas, intensificação dos bombardeamentos aéreos e recurso a vastas ofensivas terrestres. Uma estratégia que, além de duplicar o número de vítimas civis, não teve nenhuma eficácia militar contra os talibãs, os quais, aliás, desfrutando do ressentimento popular pelas matanças de civis, ganharam consenso entre a população afegã. No entanto, o Pentágono e a OTAN não fazem um desvio e arremetem a direito pela sua via: mais tropas e mais guerra.

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[1] Associated Press, 11 afghans killed by militants; bombing, 20/01/2008.
[2] Sharafuddin Sharafyar, Afghan air strike kills civilians, taliban fighters, Reuters, 04/02/2008.
[3] Afghanistan: Civilians bear cost of escalating insurgent attacks. Rising civilian death toll points to taliban, Hezb e Islami war crimes, Human Rights Watch, 16/04/2007.
Enrico Piovesana
Peace Reporter
http://www.infoalternativa.org/asia/afeganistao006.htm

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