sexta-feira, março 21, 2008

Emídio Rangel, o vendedor de presidentes

É tão fácil vender um presidente como vender um sabonete. Nesta forma lapidar, com este cinismo, resume Emídio Rangel a sua maneira de estar na vida. Gosta de sentir o respeito e mesmo o medo de uma classe política impreparada e demagógica, carente dos seus serviços. Faz-se pagar regiamente e tem no sector público os seus principais clientes. Pelo êxito que tem tido, tenderia a concordar, pelo menos em parte, com ele. Só que alguns acontecimentos recentes vieram perturbar, certamente contra sua a vontade, o desempenho das suas artes de feitiçaria.
Na véspera da marcha da indignação, eis que Emídio Rangel perde as estribeiras. Olá! Pensei para comigo. Quando alguém se zanga, já deixou ficar a razão algures pelo caminho. Bastou um pouco de efervescência social, a subida de uns poucos graus da temperatura, um pequeno ajuste de contas de um sector profissional para com a tutela, para que Emídio Rangel reconhecesse que nesse ambiente, nada feito: nem sabonetes, nem presidentes. Sobra um Emídio Rangel desfeito, sem glória, incapaz de raciocinar, presa dos seus próprios fantasmas, exibindo um verdadeiro terror de existir. Como tudo era diferente quando parecia que todos dançavam ao mavioso som do seu canto de sereia. Pessoas que pareciam ajustadas ao seu figurino de embrutecimento, em lamento contínuo, incapazes de distinguir a fonte dos seus próprios males, necessitadas urgentemente de evasão ou, pelo menos, da ilusão da evasão.
Caro Emídio Rangel: o seu acto irreflectido fê-lo baixar uns pontos a cotação na bolsa. Com essa precipitação, permitiu que entrasse na cabeça dos seus hipotéticos clientes uma dúvida terrível sobre a sua capacidade e eficiência profissional, sobre a sua mensagem de confiança domesticadora. Não é legítimo pedir aos Rasputines deste mundo que salvem governantes incapazes, mas escusava de mostrar os seus medos de forma tão prematura quanto desastrada.
http://ferrao.org/2008/03/emdio-rangel-o-vendedor-de-presidentes.html

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