domingo, março 16, 2008

o muro dos professores portugueses

Há muros por tantos lados que o seu porvir é tão diverso quanto as intenções que sustentam as suas edificações. Quando a liberdade dos homens esbarra num qualquer aglomerado, de tijolos ou de verdades incontestáveis, a resistência dessas humanas construções, e por muito consistente que seja a argamassa que as compõe, acaba por ceder e cair de modo drástico e estrondoso. O que mais impressiona nas quedas, e remeto-me para a do muro de Berlim, é a incredulidade dos que estiveram anos a fio do lado errado: em muitos casos, começaram por crer nas virtudes das dogmas; depois, sustentaram as suas vidas na acomodação aos manipulados e cinzentos privilégios dos funcionários médios e superiores dessas sociedades; por fim, acabaram como defensores acérrimos de burocracias monstruosas, repetitivas e desprovidas de qualquer sentido libertador da condição humana. Um logro difícil de aceitar.

A situação dos professores portugueses pode explicar-se do mesmo modo: imersos num tentacular assombro burocrático, que começa no "muro" da 5 de Outubro para alastrar-se aos restantes patamares da máquina administrativa, os professores, revoltados, saturados e exaustos, ecoam os seus protestos dos lugares mais recônditos do país até ao histórico Terreiro do Paço.

Incrédulos, os funcionários do chamado "eduquês", ("uma industria que move milhões", como alguém disse) estão atónitos, surpresos, mas ainda esperançosos: têm, na equipa que governa o ministério da Educação, uma força de vanguarda e um último e desesperado bastião. Não é fácil assistir a uma queda sem fim e presenciar a ruína das convicções mais profundas, trabalhadas árduamente durante décadas.

E tu professor? Qual é o teu lado do muro?
http://correntes.blogs.sapo.pt/110774.html

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