sexta-feira, março 28, 2008

Os Professores, violência e stress



Algumas profissões estão mais expostas do que outras à violência. Os efeitos desta exposição às agressões por parte dos professores são mal conhecidos mas resultam frequentemente no que pode ser enquadrado como stress ou trauma.
Um estudo, realizado pela doutora Anne Jolly em que foram entrevistados clinicamente 21 professores do secundário com o objectivo de identificar e compreender o impacto e as especificidades dessas agressões permitiu chegar a um conjunto de conclusões das quais destaco:
1. os professores não reagem à agressão de forma muito diferente das outras vítimas;
2. a única diferença è que o agressor faz parte do grupo a quem o professor se dedica profissionalmente. Ou seja, no quadro de uma relação que se pretende de afectividade e proximidade;
3. é frequente o professor desculpabilizar o agressor culpando a sociedade, os pais, a escola;
4. por vezes, os professores culpam-se a si próprios por não terem sido capazes de evitar a agressão e de não terem estado à altura da situação;
5. os professores desenvolvem uma visão do aluno que lhes permite englobar um conjunto de factores sobre os quais eles não têm responsabilidade directa e que os fazem compreender a agressão;
6. mesmo após a agressão eles continuam a sentir-se responsáveis pelos alunos;
7. as punições são apresentadas como parte do “pacote” educativo o que corresponde a uma visão socialmente aceitável das sanções;
8. o estudo realça a importância crucial da actuação da direcção de escola no apoio ao professor. Os sentimentos de injustiça, incompreensão ou indiferença podem causar mais danos que a agressão em si. Devido ao sentimento de pertença social, o professor espera que a direcção da escola lhe ofereça um apoio que lhe permita fazer face à situação;
9. se esse apoio falha podem surgir desordens que correspondem ao conjunto dos critérios da patologia crónica (síndrome psico-traumático);
10. os professores que sofreram as agressões mais graves não são aqueles que apresentam mais perturbações do foro psicológico;
11. A invisibilidade do trauma devido à ausência de lesões corporais não pode fazer esquecer a gravidade do traumatismo. É a essência do indivíduo que é posta em causa. As desordens são apenas a face visível do traumatismo e podem arrastar-se por meses ou anos.

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