sexta-feira, março 28, 2008

Um placebo balsâmico

A aluna que agrediu a professora na Escola Carolina Michaelis e o colega que filmou o incidente vão ser transferidos para outro estabelecimento de ensino, lê-se na imprensa de hoje. Depois da Justiça, é a vez do sector da educação aparecer a reboque dos media. Aparece no jornal ou na televisão e lá surge, o mais rapidamente possível, o bálsamo apaziguador da opinião pública. E é impossível resolver o que quer que seja desta forma, esquecendo as causas que trouxeram a Educação até à lástima que é hoje e fingindo que os outros milhares de casos de violência e indisciplina das escolas de todo o país, por não serem filmados, não existem. E existem. Porque se promoveu a desautorização dos professores. Porque se deixou que a exigência abandonasse as nossas escolas. E porque se prostituiu o sucesso e o abandono escolar a números bonitos a apresentar à comunicação social. Agora anuncia-se a transferência de dois alunos. Não chega. Há milhares de alunos do mesmo quilate por todo o país e é impossível transferi-los todos, para além de que isso não resolveria nada.
O problema está lá, continua lá, na exigência que não se promove e na estratégia que não existe. E num Estatuto do Aluno que, ao retirar a assiduidade dos critérios de avaliação, acelera o passo de toda uma geração no caminho da inevitável estupidificação natural. Haveria que fazê-la dar meia volta e inverter-lhe o sentido. Nem pensar. Para além de fazer subir o “insucesso” escolar, seria um sinal de fraqueza de uma ministra forte de um governo forte e “de sucesso”. E transfiram-se os meninos! O país não pode esperar mais. O caminho certo, se algum dia houver caminho certo, vai ser bastante mais longo.

http://opaisdoburro.blogspot.com/2008/03/um-placebo-balsmico.html

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