Leio, digiro e consumo de um só trago:
Plataforma Sindical e ME assinam Acta que inclui “Memorando de Entendimento”
Esgravato o memorando do impossível entendimento hoje protocolado entre Me e Sindicatos em busca de um grão de novidade. Nada! O ME teve brinde sindical e ganhou esta batalha.
Vasculho no lixo do entendimento um contentor que o albergue. Confundo-me. Entre dirigentes (sindicais ou ministeriais) não há separação de lixos (éticos, democráticos, políticos e profissionais) que distinga o discurso sindical do discurso do ME.
Pergunto-me: depois do sísmico abalo socio-profissional que levou 100.000 professores à rua ter-se-á encontrado nos esgotos da nossa primata democracia um consenso de porcaria que reconduzisse a razão do seu colectivo protesto a «zero»? Claro que sim!
As instaladas ratazanas do poder e os crónicos vermes da democracia corporativa assim o quiseram e também assim (des)agradecem. A delinquência política neo-liberal e o cigano liberalismo das convicções democráticas globais e globalizantes (não universais), tomaram conta da nossa feira de vaidades: tudo isto é mercado; todos nós, cidadãos, pais, alunos e/ou professores, temos, acima de tudo, um valor de mercado, transaccional e hipotecário. O resto – a democracia, os valores humanos, a educação, a cidadania,… – são coisas eticamente residuais, politicamente colaterais e civilizacionalmente abomináveis no socrático mundo que em nome da confraria mundial do neo-capitalismo financeiro (de Bush, do G-8 e dos seus súbtidos dirigentes regionais) nos governam a vida e nos traçam hipnóticas rotas de beligerante concórdia mundial.
Claro que o mundo e a vida não acabam aqui.
A verdade, porém, é que vida, mundo, educação, paz e democracia se vêem – quando menos se esperava – uma vez mais adiados, não num país anárquico sindical mas, ao invés , num País socrático-virtual.
Já ninguém parece poder confiar em alguém. A realidade é uma simulação. A política democrática ocidental é hoje uma encenação global. Educação e educadores têm de ser abatidos, ainda assim não vá o comum dos cidadãos, na sua gloriosa avidez competitiva, perceber que a ‘matrix’ está aí, bem dentro do seu/nosso idolatrado Ego circunstancial. Maquinal e maquiavélico, também.
Um abraço.
Fernando Cortes Leal
http://kosmografias.wordpress.com/
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