Contras:
1. Não me dou bem com o facilitismo – complica-me com o sistema nervoso, com os meus valores cimentados, ao longo de muitos anos, para além de o mesmo (facilitismo) ser de uma inutilidade tremenda! O país precisa de gente com sólida formação para vencer os desafios desta sociedade cada vez mais competitiva, de forma a melhorar o nível de vida da população em geral.
2. Não gosto destas aulas de substituição – não servem para nada, os alunos não as querem, não colaboram, até porque não são avaliados pelas mesmas!
3. Não quero ser burocrata – este ensino está carregado de tarefas marginais ao verdadeiro acto de ensinar, que deveria ser o fundamental da escola, mas já não é.
4. Não quero ser mais humilhado – este governo encarregou-se de tirar aos professores a pouca dignidade que ainda lhes restava, após a degradação a que temos vindo a assistir nos últimos anos: os alunos cada vez sabem menos, cada vez trabalham menos, a indisciplina tem grassado um pouco por todas as escolas (com a colaboração passiva do Ministério da Educação, fingindo que não existe), etc.
5. Já desci demasiado a minha ‘bitola’ – cada ano que passa, somos obrigados a colocar a fasquia cada vez mais baixa, como forma de sobrevivermos no sistema; não posso, não quero descer mais baixo.
6. Não vejo luz ao fundo do túnel – A Sra Ministra da Educação está convencida que está a melhorar o ensino e eu acredito que está a piorá-lo, porque não vê ou não quer ver o essencial. A escola é um lugar onde todos devem respeitar-se uns aos outros e ouvirem-se uns aos outros. Os alunos não respeitam os professores, perdeu-se o respeito pela autoridade!
7. Este ensino está a dar cabo da minha saúde – Ser professor, neste ensino, é cada vez mais uma actividade de alto risco. Dia após dia, ano após ano, as mazelas vão aumentando, multiplicando-se, o que não augura nada de bom. Vou sair enquanto consigo ligar dois pensamentos seguidos e com vontade de os desfrutar.
8. Sinto cada vez mais que a tutela é um factor de desestabilização do ensino, em vez de ser de união para a convergência de esforços no sentido de melhorar a qualidade do ensino. Deste Ministério da Educação, já não espero nada de bom para o ensino. Tudo poderia ser muito mais simples se tivesse havido verdadeiro diálogo desde o princípio, ouvindo quem está no terreno e atacando de imediato o problema da indisciplina. Não foi assim, perdeu-se uma excelente oportunidade!
9. Não quero ensinar para as estatísticas, quero ensinar sem constrangimentos deste tipo, dependentemente de objectivos traçados no princípio do ano, de acordo com os programas oficiais aprovados, função dos perfis de saída definidos, de forma a conseguirmos ter alunos com uma sólida formação técnica, científica e humana.
10. Não quero ser joguete de legislação, que tudo nos obriga, tudo nos impõe, sem julgamento criterioso, contra os mais elementares princípios da pedagogia, como senão tivéssemos quaisquer direitos.
11. Não quero esta avaliação – Não tenho medo da avaliação, todos devem ser avaliados, mas não quero ser avaliado condicionado pelo sucesso ou insucesso dos alunos, pelo abandono ou não abandono escolar dos mesmos, como se eu fosse culpado pelo facto de os alunos não estudarem, não quererem vir à escola, terem problemas familiares, terem dificuldades económicas, etc., etc..
Prós:
1. Continuo a gostar de ensinar, apesar de tudo. No entanto, não consigo que os alunos atinjam os objectivos traçados no início de cada ano. A realidade é sempre pior do que aquilo que prevemos ou imaginamos. O professor deve formar e informar; no entanto, neste momento, já não sei se o fazemos ou o que fazemos!
Portela, 12 de Abril de 2008
José Vagos Carreira Matias
http://www.professoresramiromarques.blogspot.com/
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