terça-feira, abril 01, 2008

Vasco Pulido Valente, na sua crónica do Público

Vasco Pulido Valente, na sua crónica do Público, realçada até por Marcelo R. Sousa na RTP/1, fala sucintamente sobre a Educação em Portugal, a propósito da noticiada fuga de “cérebros” do país. Diz a dado passo...

(…) perguntam como Portugal chegou ao que chegou. Chegou assim: com políticas de uma inimaginável estupidez, conduzidas por meia dúzia de indivíduos que ignoravam militantemente a história e a realidade do país e se aplicavam a imitar o que se fazia lá fora e, em particular, o que se fazia na “Europa”. Os responsáveis são conhecidos. Pela parte “técnica”, Veiga Simão, Fraústo da Silva, Roberto Carneiro e Marçal Grilo e, agora, Mariano Gago. Pela parte do governo, Cavaco e António Guterres, que envenenou tudo em que tocou. Infelizmente nem perante o desastre se aprendeu a lição. De Cavaco a Sócrates, com uma persistência que roça o patológico, o regime continua a repetir que Portugal precisa antes de mais nada de “qualificação” e “formação”. Já se percebeu há quase meio século que não vale a pena sobreeducar sociedades com um mercado de emprego semi-arcaico, porque as competências, sejam elas quais forem, de facto desnecessárias, desandam para onde as podem usar e, naturalmente, lhes pagam bem. (…) E a história não acaba aqui. O Estado criou ou permitiu que se criasse uma enorme e abstrusa máquina, que vai do pré-escolar ao ensino superior oficial ( hoje irremediavelmente degradado) e do colégio católico com subsídio por cabeça ao comércio vil de universidades privadas que são uma vergonha nacional. E como o produto dessa máquina é largamente inútil, o Estado, para disfarçar a calamidade que ele próprio promoveu, mete inúteis num funcionalismo público igualmente inútil, que nos levou à calamidade maior da crise orçamental e da estagnação económica. A moral a tirar desta comédia sem desculpa é a de que o dr. Cavaco tem razão: nós gostamos mesmo da moeda má.


Em tempos, coligi informação sobre os nossos ministros da Educação ao longo dos anos. Temos assim...

Roberto Carneiro, licenciado em Engenharia Química, acumulou cursos de formação na área da educação ! Foi ministro da dita entre 1987 e 1991, perfazendo a legislatura e é professor na UC. Antes dele, outro licenciado em Eng. Química, J. J. Fraústo da Silva, também foi o ministro da educação, entre 1982-83 e entre 1968 e 1973, foi presidente do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação. Veiga Simão, ministro da Educação no antigo regime, é formado em Física. Em 1978, mandou no Ministério da Educação, Carlos Lloyd Braga, eng. Químico. Antes de Vítor Pereira Cresco, engº químico, mandar, entre 1980 e 1982, estiveram lá, Valente de Oliveira e Veiga da Cunha, engenheiros. A seguir, em 1982, esteve lá Fraústo da Silva, eng.º químico e depois veio Diamantino Durão, catedrático de engenharia no Técnico. Só em 1993, até 1995, esteve lá um letrado - o falecido José Augusto Seabra, tendo sido substituido por João de Deus Pinheiro... eng.º químico! De 1992 a 1995, ocaso do cavaquismo, a batuta pertenceu ao engº Couto dos Santos e à inefável Ferreira Leite, versada em economia. Desde essa altura e até 1999, a pasta foi carregada pelo engº mecânico Marçal Grilo que fez a legislatura, sendo aliás o único, a par de Roberto Carneiro, antes dele, a cumprir a tarefa até ao fim e por isso a ter toda a margem de manobra para as mudanças. A seguir ao Grilo, veio Júlio Pedrosa, engº químico! E depois dele, a história já é contemporânea - um especialista em sociologia económica (David Justino) e uma engª mecânica (Graça Carvalho). Actualmente, Maria de Lurdes Rodrigues, é… socióloga!

Pode assim dizer-se que em Portugal, nas últimas décadas, à cabeça do ministério da Educação esteve quase sempre a engenharia, com predomínio da química!
(recebido por mail)

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