quinta-feira, maio 29, 2008

Relatório Anual 2008 da Amnistia Internacional: a situação de Direitos Humanos no mundo = 60 anos de fracassos

Para ler o Relatório Anual da Amnistia Internacional de 2008:
http://thereport.amnesty.org/prt/Homepage
http://thereport.amnesty.org/prt/download-report

A Amnistia Internacional desafiou hoje os líderes mundiais a pedirem desculpa por seis décadas de fracassos em matéria de direitos humanos e a voltarem a assumir o compromisso de fazer melhorias concretas.

"As zonas mais críticas para os direitos humanos exigem uma acção imediata como é o caso do Darfur, do Zimbabué, de Gaza, do Iraque e do Myanmar", afirmou Irene Khan, secretária-geral da organização, no lançamento do relatório de 2008 da Amnistia Internacional: o estado dos direitos humanos no mundo.

"Injustiça, desigualdade e impunidade são as marcas do mundo de hoje. Os governos devem agir agora para diminuir a distância que separa as suas promessas do seu desempenho”.

O relatório de 2008 da Amnistia Internacional mostra que, 60 anos depois da Declaração Universal dos Direitos Humanos ter sido adoptada pelas Nações Unidas, as pessoas ainda são torturadas ou maltratadas em pelo menos 81 países, enfrentam julgamentos injustos em, pelo menos, 54 países e são proibidas de se expressar livremente em, pelo menos, 77 países.

"O ano de 2007 caracterizou-se pela impotência dos governos ocidentais e pela ambivalência ou relutância das potências emergentes para enfrentar algumas das piores crises de direitos humanos do mundo, desde os conflitos enraizados até às crescentes desigualdades que estão a deixar milhões de pessoas para trás", afirmou Irene Khan.

A Amnistia Internacional alerta para a maior ameaça ao futuro dos direitos humanos que é a ausência de uma visão partilhada e de uma liderança colectiva.

"O ano de 2008 apresenta oportunidades sem precedentes para que os novos líderes que estão a assumir o poder e para que os países que estão a emergir no cenário mundial tomem um rumo novo e rejeitem as políticas e as práticas míopes que ultimamente têm feito do mundo um lugar mais perigoso e mais dividido", declarou a secretária-geral.

A Amnistia Internacional desafia os governos a criarem um novo paradigma de liderança colectiva baseada nos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

"Os mais poderosos devem liderar com exemplos", afirmou Irene Khan.

- A China deve cumprir as promessas que fez em torno dos Jogos Olímpicos, permitindo a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa e acabando com a "reeducação pelo trabalho".

- Os Estados Unidos devem fechar o campo de detenção de Guantánamo e os centros de detenção secretos. Devem julgar os seus detidos segundo as normas e padrões internacionais para julgamentos justos ou, então, libertá-los; devem ainda rejeitar, de modo inequívoco, o uso da tortura e dos maus-tratos.

- A Rússia deve mostrar maior tolerância com as divergências políticas e não deve ser tolerante com a impunidade para os abusos de direitos humanos cometidos na Chechénia.

- A União Europeia deve investigar a cumplicidade de seus Estados-membros com as transferências extrajudiciais (rendições) de pessoas suspeitas de terrorismo e deve estabelecer para seus próprios membros os mesmos critérios de direitos humanos que estabelece para outros países.

A secretária-geral faz um alerta: "Os líderes mundiais estão em estado de negação, mas a sua inércia tem elevados custos. Como bem demonstram o Iraque e o Afeganistão, os problemas de direitos humanos não são tragédias isoladas, mas são como vírus, que podem infectar e espalhar-se rapidamente, tornando-se um risco para todos nós”.

"Os governos devem mostrar hoje o mesmo grau de visão, de coragem e de compromisso que levou as Nações Unidas a adoptar a Declaração Universal dos Direitos Humanos há sessenta anos atrás”.

"Há um movimento crescente por parte das pessoas exigindo justiça, liberdade e igualdade”.

Entre as imagens que mais marcaram 2007, estão os monges no Myanmar, os advogados no Paquistão e as mulheres activistas no Irão.

"As populações inquietas e indignadas não permanecerão silenciosas, e se os líderes mundiais as ignorarem, não será bom para eles.", declarou Irene Khan.

http://www.amnistia-internacional.pt/

http://www.amnesty.org/

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