A tendência da mentira estatística .

"«How many fingers, Winston?»
«Four. I suppose there are four. I would see five if I could. I am trying to see five.»"

...........ORWELL, George, Nineteen Eighty-Four: A novel, London, 1949, Parte 3 - Cap. II


Como me dizia um amigo meu, sobre a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e outros índices importa aos cidadãos descontarem a táctica da revisão em baixa dos valores passados para conseguir crescimentos positivos onde houve negativos: basta para tal que se diminua, por exemplo, o valor do PIB do trimestre anterior para que se consiga depois um resultado positivo na taxa de crescimento. No caso de indicadores negativos como desemprego e inflação pode fazer-se precisamente o contrário: revê-se em alta o período anterior e passa a registar-se neste uma diminuição.

Na verdade, a falta de pudor dos governos e da administração agrava a tendência da mentira estatística, perdendo o cidadão a confiança prévia no rigor e honestidade do Estado. Por outro lado, torna difícil aos governos convencerem o cidadão, quando a situação se inverte e a recuperação começa - o que não é o caso actual -, que a economia entrou em novo período de crescimento, pois o empolamento/esvaziamento dos indicadores é tal que não se pode representar essa inversão. Não é fácil voltar a acreditar em quem mente por sistema.
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