quarta-feira, junho 04, 2008

Alerta! Querem fechar a Escola de uma das maiores aldeias do distrito de Vila Real!../ Há mil e uma razões para que Vilar de Perdizes não morra

Apelamos, pois ao presidente da Câmara Municipal de Montalegre que seja compreensivo e indulgente no sentido de respeitar uma excepção à regra deixando até 2009 data limite a possibilidade de ser criado um agrupamento com as populações de Vilar de Perdizes, Santo André, Solveira e Meixide. Seria um crime histórico ligado à esquerda uma população tão importante (4 aldeias – 1.300 pessoas) não possuir um agrupamento de escolas.
Vilar de Perdizes é uma das históricas aldeias barrosãs (uma das seis honras de Barroso) junto à fronteira nordeste do país barrosão, rodeada por Meixide, Solveira e Santo André, onde o povo sempre sobreviveu abraçado à Galiza e ao sol nascente.
Como todas as aldeias, vilas e cidades deste país, Vilar, sofreu e sofre os efeitos da desertificação devido à fuga dos seus filhos para outras paragens onde o destino é menos rude e mais promissor. Emigraram e continuam a emigrar. A Espanha, a França, os USA e o Canadá são os lugares preferenciais de trabalho, de residência ou de passagem dos vilarenses. Sabemos, porém, que hoje a emigração via Europa revestiu-se de outras características já que difere dos surtos anteriores, pelo facto de esta ser, na maioria dos casos, apenas temporária e pendular ou seja, o emigrante europeu, proveniente de Vilar de Perdizes, Meixide, Solveira e Santo André e mesmo de outros lugares, vai e vem quando assim o entende sem ter, forçosamente, de se sedentarizar no lugar de trabalho temporário ou sazonal graças, por um lado à existência do espaço Schengen, e por outro à facilidade que dá Andorra e a Suiça em trabalhos periodicos. Apesar de tudo isto, Vilar de Perdizes, possui mesmo assim 730 votantes inscritos e cerca de 850 pessoas das quais cerca de uma centena de jovens entre os 20 e 30 anos, com residência fixa e permanente o que lhe confere o título da aldeia mais populosa do concelho e uma das maiores do distrito de Vila Real. Não é uma aldeia endogamica nem homozigote. A natalidade alcançou un índice baixíssimo em todo o país, e Vilar não foi poupado, mas também isso é um ciclo tempórário na teoria de Sprengler. Possui um dos mais invejáveis patrimónios imobiliários escolares edificado nos tempos de Salazar com uma quarta sala resultante do Plano Centenário. Salazar para colmatar o analfabetismo incentivava as populações a fixarem-se nas suas terras construindo-lhes escolas sem olhar a número de alunos, doou colonatos e proibiu a emigração. Infelizmente nada fez pelo seu povo. Ora por estranho que pareça aos olhos do nosso leitor, foi posto em execução um plano de Carta Educativa de fecho de escolas com menos de 10 alunos pelo governo socialista actual, e na sequência disso vem agora a Câmara de Montalegre outorgar-se o direito de fazer cumprir tal plano sem esperar o suficiente para que se construam soluções melhores mesmo sem os números imediatamente exigíveis. Claro que a minha terra não é mais do que as outras. Mas defendo e sustento que há melhores alternativas se houver da parte do nosso autarca a vontade política necessária. Assim sendo, a dita escola de quatro salas de Vilar que atrás falava, vai passar a ser um museu de teias de aranha, como já é o edifício da telescola.
Tendo por tema central o quorum de discentes que ali existia (12 alunos no primeiro ciclo e 9 na pré-primária), realizou-se uma primeira reunião em 23 de Janeiro de 2007 para que o actual presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Montalegre viesse anunciar a triste decisão para ser aprovada a Carta Educativa a um punhado de pais de alunos ali presente e desprevenido por ignorar as consequências. No entanto, estes pais e mães, ainda sugeriram que se criassem mais agrupamentos no concelho e não apenas em Salto e em Montalegre, como se só as vilas fossem importantes. Sugeriram também que fosse tido em conta que à volta de Vilar há três localidades menos populosas que poderiam ser incluídas num possível agrupamento designado Agrupamento de Barroso Leste, em Vilar, como vinha acontecendo com Meixide e Solveira desde a criação da telescola em 1976 e que durou até aos anos 2000 com 1° e 2° ciclos, mas tais sugestões não foram ponderadas pelos decisores nem frutificaram. Nenhuma outra alternativa esperançosa lhes foi sugerida. A pouca gente de Vilar, presente na dita reunião, vendo o futuro perigar, mesmo assim, ordeiramente, solicitou à DREN para prolongar a data do possível encerramento na intenção de se congregarem esforços e dar tempo para inverter a tendência. Só que, nem o presidente da Junta de Freguesia se apercebeu atempadamente do perigo, nem mediu as consequências do crime histórico que está prestes a cometer-se na aldeia. Até hoje ninguém se compadeceu com o estado supostamente irreversível da situação já que não há crianças que cheguem(?) (há 12 locais nas estatísticas oficiais do 1° ciclo acrescidas de 9 na pré--primária, mais as de Solveira que manifestaram preferência em se deslocar a Vilar) para compensar o investimento do Estado num professor exclusivo ou de vários a vir à aldeia (como agrupamento) em vez de serem crianças de tenra idade a deslocarem-se no rodopio dos autocarros e a comerem em cantinas e sem terem tempo para fazerem os deveres de casa. Não sei mesmo qual dos investimentos é mais honeroso para o erário público (pagar a chofer, mais despesas em gasóleo, mais cantinas e autocarros?). A nós parece-nos, e reforçando o que diz Mário Soares, que o Estado deixou de se preocupar com muitas obrigações que são do seu foro. O Governo do Estado e da Nação prefere preterir os mais fracos e desprotegidos reforçando a desertificação do território e promovendo a desigualdade de direitos utilizando as autarquias como interme-diários para actuar. É que ao citadino dá tudo à porta e à mão e faz políticas de saúde e de educação de proximidade. Ao rural por ser pacífico, pouco reivindicativo e ignorante em matéria de direitos, fazem dele o bombo de todos os projectos políticos e cobaia de gente que nunca soube o que são valores familiares nem cidadania. Trocam os direitos mais elementares dessa mesma cidadania que são a saúde e a educação das polpulações, por números e sensos estatísticos medidos por orçamentos a conta-gotas que visam, segundo eles, o crescimento económico do país. Assim, iliminando as obrigações do Estado qualquer teoria política o faria. Agora que seja um Partido Socialista a fazê-lo é que é surpreendente. E eu a pensar que era socialista como aprendi nos livros... Ter-me-ei enganado ou entendido mal o peso semântico de tão nobre palavra?... Assim sendo Salazar fez melhor. Abriu escolas onde só havia 5 alunos e abri-las-ia onde só houvesse um, segundo o seu plano e mesmo com guerra colonial fez de Portugal um país com uma moeda das mais fortes da Europa. E o resto? Que fez pelo povo e pelo desenvolvimento sustentável do país? Pouco ou nada. A prova é que há hoje mais portugueses na diáspora que a própria população activa do território nacional. Ora estes, os políticos de hoje, tentam imitá-lo vangloriando-se em seguida dos feitos de crescimento colmatadas que estão ou quase, as contas públicas e o défice orçamental. Pudera! A que preço social isto acontece? Cortam aos orçamentos municipais, cortam o número de funcionários públicos de periferia, da saúde, da educação e de outros serviços para centralizar e dar tudo à cidade, incentivando a juventude a emigrar. Nós, por cá, no mundo rural, somos metecos… Que conclusão tirar?
Por: Hélder Alvar
(recebido por mail)

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