Um afanoso Vital Moreira, continua a sua tarefa de formigo no carreiro governamental, em prol da recolha de utilidades eleitorais.
O agregado de argumentos contra os funcionários privilegiados que sugam o Estado da essência socialmente repartida, continua a crescer a olhos vistos.
Ele é a ADSE, ele é a existência de benefícios fiscais, ele é a simples remuneração dos funcionários nas baixas por doença, ele é o ensino privado, ele são os juízes, os médicos, os enfermeiros, os notários, os jornalistas, enfim, todas as classes profissionais, albergam privilegiados de elite, para Vital Moreira.
Todas, menos uma, sitiada no reduto dos eleitos: a dos políticos no activo e da respectiva seita ideológica que defende sempre como poucos, em função da legitimidade democrática adquirida pelo voto. Esta legitimidade, suplanta sempre qualquer outra que se lhe anteponha. É a expressão da legitimidade absoluta e pelos vistos, sem compressão compreensível, mesmo vinda dos órgãos de controlo e supervisão.
E ainda outra: a dos apaniguados partidários que transitam e cirandam de empresa pública, para empresa pública, em prol do bem comum ao seu próprio bem-estar, muitas vezes pessoal e intransmissível.
Casos como o de Salter Cid, um gestor-funcionário, vindo da política e que passou da PT para a Marconi e desta para a gestão de dificuldades empresariais, e que aos 53 anos se reforma com a miséria de 18 mil euros por mês, levando-o directamente a uma reclamação, por injustiça laboral, exigindo mais 12 mil, não o incomodam minimamente.
Aliás, nenhum destes casos particulares de generosidade do Estado para com os sofridos gestores de bens públicos, o incomoda particularmente. Nestes casos, não há privilégios, mas simples direitos. Irrenunciáveis e sem ponta de escândalo que justifique duas linhas coerentes.
Nem sequer o incomoda, o facto de empresas de grande fôlego financeiro, como a EDP, pretenderem socializar custos de exploração, nem sequer deficitária, mas apenas de gestão corrente, quanto ás dívidas incobráveis de consumidores. Nem ponta de escândalo, nem sombra de privilégio lhe topa o supervisor antigo.
A EDP, onde abancou, penosamente obrigado, durante três anos, no respectivo Conselho de Supervisão, nunca achou qualquer réstia de privilégio, nas remunerações daqueles gestores de topo e topete. 18 mil euros por mês, é uma ninharia, no âmago dos lucros da empresa que aqueles gerem e que só pela respectiva acção e mérito, conseguem alcançar. Mais 12 mil, já atinge o dever, mas não restringe o direito e acção.
E não o incomoda, por uma razão singela e perfeitamente justificada: nenhum desses casos, diz respeito ao funcionalismo público.
Respeita apenas à vergonha pública que representam as empresas privatizadas com retenção de acções, pelo Estado- Administração, para opções douradas e reformas a condizer.
Adenda:
Torna-se sumamente interessante, clicar no Google, as palavras Vital Moreira privilégios. E por exemplo, vir parar aqui, à DORL do PCP.
O que se pode ler, no sítio do PCP, é muito simples e directo ( para além de ser elucidativo dos paradoxos que a política pode encontrar) : a argumentação tipo Vital Moreira, contra os privilégios da função pública, visa apenas nivelar por baixo, o funcionalismo público em geral e retirar regalias legítimas a uma certa classe média do funcionalismo do Estado, empobrecendo-os a todos por igual. É essa a razão e o motivo principal do ataque à ADSE e outras medidas do Estado -providência.
É esta classe média que através dos seus sindicatos e lutas laborais, contra o poder do Estado, logrou alcançar desse mesmo Estado, as regalias inerentes à função.
As lutas laborais de anos a fio, no seio de uma Administração Pública engordada pelos partidos, com destaque para os das correntes políticas que Vital Moreira defende, logrou alcançar, algumas vitualhas da mesa do Orçamento, suficientes para constituir os alicerces de uma classe média, com emprego no Estado. Dantes, esta luta, era considerada digna e relevante. Hoje, os mesmos de então, consideram-na inadmissível, injustificada e retinta de privilégios sem medida razoável.
Que não haja qualquer ilusão que é esta classe média que os vitais todos unidos, querem ver vencida. Porquê, perguntar-se-á?
Pela simples razão que o bolo não chega para todos e quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é burro ou não se inscreve em partidos de poder, com influência nas suas cúpulas. É essa a única explicação plausível para o viracasaquismo opinativo. O Estado esgotou os recursos, por obra directa e indirecta dos mesmos que agora lhe vituperam a prodigalidade que dantes defenderam e justificaram em leis. Ainda assim, conseguiram arranjar as palavras certas, para, mais uma vez, enganar as pessoas que votam e liderar sentido de opinião pública. Contam, acima de tudo, com a indigência mental de quem os lê e a distracção de quem vota.
Não há qualquer dúvida, a um qualquer modesto observador, que o ataque sistemático dos vitais do regime, a esta classe média, com o abuso notório de conceitos como o de "privilégio" e "privilegiados", ressuma inteiramente a métodos antigos, conhecidos e experimentados.
Primeiro, no PREC, depois nas lutas ideológicas e a seguir, no seio do poder político alcançado.
O uso especioso de certos termos e conceitos, foi sempre a palavra- passe, o abre-te sésamo, para a conservação dos verdadeiros privilégios de classe, neste caso políticos e de poder executivo ou de influência.
É essa a questão principal e é essa a suprema traição política e em certos casos pessoal, de indivíduos como Vital Moreira que se distinguiram socialmente, começando a sua luta em prol do povo em geral, na chamada Esquerda, com afirmação de ideias colectivistas, mais tarde adocidadas em social-democracia e acabam tristemente da defesa de interesses de classe restrita, pertencente toda ela, à então apodada, por eles mesmos, como a da super-estrutura do Estado. A classe dirigente. Da Administração e do poder político.
Isto não é apenas um drama em vários actos . É uma tragédia de costumes, com laivos de farsa triste.
http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/2008/06/sombra-dos-privilgios.html
Sem comentários:
Enviar um comentário