Os líderes do G7 têm estado a uivar quanto aos altos preços de petróleo. Foram a Jeddah a fim de implorar à OPEP que produzisse mais óleo. Tentaram culpar os especuladores por elevarem os preços. Parecem entender que os preços estão altos devido a um crescente desequilíbrio entre a oferta e a procura ao preço que gostariam de pagar. Mas nada fizeram para tentar resolver esta crise que se desdobra, além de tocar violino enquanto Roma arde.
A única parte desta equação que estes líderes podem controlar é a procura. É portanto imperioso que sejam tomadas acções para diminuir a procura por petróleo no interior do G7 – já!
Mas não. Ao invés de mostrar alguma forma de liderança, o rumo de acção preferido por todos é permitir que o mercado, via preço, racione os abastecimentos de petróleo entre países e dentro de países – e então, espantosamente, queixarem-se acerca dos altos preços que a sua política comum provocou.
A política do G7 de permitir que o mercado e os altos preços do petróleo racionem abastecimentos está a funcionar. O consumo de petróleo do G7 parece ter atingido o pico de 1681 milhões de toneladas em 2005. É improvável que este número seja alguma vez ultrapassado (embora tenha sido excedido nas décadas de 1970 e 1980).
Trata-se portanto da decisão consciente dos líderes do G7 de progressivamente negarem às pessoas pobres o acesso ao petróleo e à energia em geral. A criação de uma nova subclasse empobrecida dentro e fora do G7/OCDE terá consequências medonhas para a nossa sociedade. Isto é o resultado da política do G7 e os seus líderes devem arcar com a responsabilidade pelas consequências quando elas se verificarem.
Estão disponíveis meios mais equitativos de racionar abastecimentos de petróleo, mas estas opções foram até agora desprezadas pelos líderes do G7.
POBREZA ENERGÉTICA
Muitos que acompanharam este debate durante os últimos anos perguntaram-se como a história do Pico petrolífero poderia desdobrar-se. Os capítulos iniciais agora estão escritos, quando as contas de electricidade, de gás natural, de aquecimento, de gasolina e de alimentos estão todas em ascensão, quando o rendimento disponível dos grupos de rendimento mais baixo estão a ser esmagados. Para muitos imagino que isto já pode significar vender o carro, desligar o aquecimento, comer menos carne. Tudo isto naturalmente é lógico e leva à conservação.
Mas provavelmente já temos à vista muitos a passarem frio e fome durante o Inverno. E já estamos a testemunhar tumultos por parte de grupos que têm o seu sustento ameaçado com os aumentos dos preços dos combustíveis. Eu espero ver acções grevistas generalizadas este ano ou no próximo entre os trabalhadores de serviços públicos na Europa, onde ainda existem sindicatos fortes e com base sólida. Com o esmagamento na base de gastos arbitrários seguem-se dificuldades para um certo número de sectores de negócios – laser, linhas aéreas, aeroportos, pubs, restaurantes e lojas de retalho, para mencionar apenas uns poucos. O desemprego inevitavelmente começa a ascender – e como os recém desempregados arcarão com aquelas crescentes contas de energia?
Isto é apenas o princípio de uma Longa Emergência . Os líderes do G7 reunidos esta semana em Hokkaido não tratarão da mesma e não estão a fazer absolutamente nada para preveni-la.
A ESFAIMAR MILHÕES
Há um certo número de diferentes para os preços dos alimentos escalaram por todo o mundo. Mas dois dos mais importantes são a conversão de alimentos em combustíveis líquidos e altos preços de insumos energéticos para a agricultura. Os líderes do G7, a OCDE e seus anexos devem ser culpados por isto. Eles sozinhos têm o poder para mudar as políticas que levaram a este ponto.
A CIMEIRA G7 (8)
A cimeira tem três temas principais :
- A economia mundial
- Ambiente e alteração climática
- Desenvolvimento e África
A leitura da orientação japonesa acerca da resolução destas questões deixa-me uma sensação de desespero.
A discussão incluirá o crescimento sustentável da economia mundial, comércio e investimento, protecção de direitos de propriedade intelectual e energia e recursos naturais. O Japão pretende atingir um resultado específico, incluindo as medidas respeitantes ao aumento dos preços do petróleo e rumo a nova liberalização do comércio e do investimento.
A referida orientação ainda está demasiado focada no crescimento e em mercados livres. Estes objectivos podem certamente ajudar o Japão a continuar a assegurar a sua fatia dos recursos globais mas eles certamente não reduzirão os preços da energia e nem trabalharão para uma distribuição mais equitativa de recursos.
SOLUÇÕES
Não há soluções simples e indolores para a maior crise que alguma vez já foi enfrentada pela civilização industrial. A estrada para a sustentabilidade deve começar em algum lugar mas duvido muito que o caminho venha a começar em Hokkaido. Aqui estão uns poucos indicadores do que considero como sendo as acções urgentes necessárias para tratar dos primeiros anos desta crise:
Reconhecer e publicar os enormes problemas associados com o futuro declínio da produção de combustíveis fósseis de modo que a população entenda as razões por trás das acções a serem tomadas (imediata)
Introduzir e aplicar limites de velocidade mais baixos, de modo uniforme por toda a OCDE (imediata)
Introduzir regulamentos sobre a dimensão e eficiência de motores de veículos, uniformes para toda a OCDE (introdução faseada a partir de 2009)
Banir a produção ineficiente de combustíveis líquidos a partir de alimentos nas latitudes temperadas da OCDE (efectiva em 2009)
Introduzir regulamentos sobre a eficiência de centrais geradoras de electricidade (introdução faseada a partir de 2009)
Abandonar planos para a captura e armazenagem de carbono a menos que isto seja feito no contexto de injecção de gás em velhos campos de petróleo que levem à recuperação acrescido de petróleo (enhanced oil recovery, EOR)
Abandonar todos os planos para a expansão de transportes e produção eléctrica com base em combustíveis fósseis.
Isto é uma lista de acções de emergência necessárias para reduzir a procura por petróleo e energia de forma imediata. A redução voluntária da procura deveria baixar preços, reduzir pressões inflacionários e proporcionar uns poucos anos de espaço para respirar. Isto deve então abrir caminho para um plano estruturado a longo prazo para a reconstrução de sistemas de produção de energia e redes de transporte construídas sobre electricidade sustentável.
Euan Mearns
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
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