Oito postos de abastecimento de combustível, localizados junto a hipermercados, constituíam uma ameaça ao quase monopólio da Galp. Não pelo seu volume de vendas, nada disso, mas sim pelos vários cêntimos abaixo do preço de monopólio fixado pela Galp a que aqueles postos vendem o combustível que, num contexto de suspeitas de cartelização de preços, são uma autêntica chatice, quer para quem lucra directamente com essa prática, quer para quem tem que manter as aparências de estar a assegurar a concorrência num “mercado” onde a lei da oferta e da procura assegura o benefício de todos.
Desta forma, a 14 de Fevereiro, foi anunciado que oito postos seriam engolidos pela petrolífera, que os adquiriria à Sonae com a complacência de uma Autoridade da Concorrência grata por ver desaparecer oito exemplos que contrariam a tese de que as margens de lucro praticadas no sector estão de tal maneira depenadas que nem mesmo a melhor boa vontade das distribuidoras e, claro, a feroz concorrência entre elas, salva os portugueses de contribuírem com cerca de 10 cêntimos para os seus lucros de cada vez que abastecem 1 litro de gasolina ou gasóleo.
Mas hoje, já depois de consumado, mais de seis meses depois, a Autoridade da Concorrência anuncia que decidiu abrir uma investigação aprofundada ao negócio “por considerar que a operação pode reforçar a posição dominante da petrolífera na distribuição de combustíveis”. “Pode reforçar”, ou seja, é ainda apenas uma possibilidade académica, tão remota ao ponto de justificar um inquérito. Falta a confirmação por parte dos mesmos especialistas que afastaram as suspeitas de concertação de preços elogiando as petrolíferas pelo seu profundo conhecimento do mercado e a conclusão poderá bem ser também a de que posição dominante da Galp saiu prejudicada com a aquisição de mais oito postos de venda. Nesta versão de concorrência, em que impera a incerteza, há é que saber brincar.
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