sexta-feira, setembro 05, 2008

Arrogância autocrática em relação ao desemprego docente

Discurso do Primeiro Ministro mostra a sua falta de vergonha e a sua arrogância, devendo pensar que o povo é «estúpido»!
Um primeiro ministro que diz que os professores não colocados são desnecessários, além de desonesto é arrogante, pois o estado impulsionou durante duas décadas, nomeadamente quando Sócrates era ministro do ambiente do governo Guterres, a abertura de cursos com exclusiva ou predominante saída profissional para o ensino. Quer nas ESE (Escolas Superiores de Educação) quer nas escolas superiores privadas e cooperativas, houve uma enorme multiplicação de oferta de cursos vocacionados para a área do ensino, nestes últimos vinte anos.
O desemprego neste domínio é largamente fabricado pelo governo, pois
a) tem vindo a desenvolver um programa de encerramento de escolas do interior, sob pretexto destas terem um número pequeno de alunos (aumentando e acelerando assim a desertificação e despovoamento do interior do país e a acumulação da enorme maioria numa estreita faixa de território a menos de 100 das costas oeste e sul)
b) é responsável pela total desregulação na abertura de novos cursos na área da formação de docentes
c) tem ignorado todos os pedidos (não apenas de sindicatos, como de associações de pais) para baixar o rácio/professor aluno, nomeadamente tem recusado diminuir em muitos casos (e ao arrepio das próprias determinações legais em vigor) o número máximo de alunos nas turmas onde existam casos de alunos com dificuldades e necessidades educativas especiais (vai agora sobrecarregar as escolas com deficientes profundos, sob pretexto hipócrita de integração, quando nada fez para as preparar humana, técnica e fisicamente para receber tais casos!!!)
d) promove uma desresponsabilização do «estado central» em relação às mal-nomeadas áreas de enriquecimento curricular, pois essas deveriam estar integradas no currículo e não serem «servidas» como extra, caso da música, educação física e inglês, como se fosse aceitável numa escola moderna que alunos do primeiro ciclo não tenham quaisquer destas áreas, como se fossem menos essenciais que as outras.
e) Querem estreitar o leque de disciplinas e docentes no 2º ciclo, pretendem que uma parte importante do curriculo seja indiferentemente leccionado por docentes com as mais díspares formações, o que - além da previsível descida de qualidade - vai no sentido de diminuir o número de professores recrutáveis em cada escola.
Se a política educacional fosse sinceramente destinada a melhorar o fraco desempenho do nosso país e aumentar a qualidade das aprendizagens dos nossoas alunos, os 40 mil docentes agora no desemprego, teriam com certeza lugar no sistema e m lugar de grande importãncia, tanto mais que são pessoas jovens com muita energia e cheios da motivação e de idealismo. Desperdiçar e desprezar esta geração de jovens docentes é criminoso, é bárbaro, é a prova mais acabada de reaccionarismo, sob cores demagógicas de «modernidade» e de «preocupações sociais».
Vamos à luta!
O ensino e a educação não é primariamente um problema de «docentes», tal como a questão da saúde não é primariamente uma «questão dos médicos»!
Manuel Baptista
http://www.luta-social.org/

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