Depois do regresso às aulas, hoje é dia de regresso ao Parlamento. Ser deputado não é um dos melhores empregos do mundo, mas é seguramente o melhor emprego em Portugal. Administrar empresas públicas também é fixe, mas uma coisa vai dar à outra.
Inscrevam-se por isso num partido. Escolham um grande se não quiserem sofrer. Falem ao pessoal lá na terra. Organizem logo um jantar de apoio ao líder do partido. Minem o campo dos vossos adversários. Mas atenção: se a direcção do partido estiver com alguma instabilidade, não se atravessem! Tenham calma e esperem até ver quem tem mais força. Depois, só com certezas nas mãos, comuniquem imediatamente o vosso apoio e aniquilem a outra facção nas reuniões.
Se chegarem a este ponto, o interesse agora é manter isto. Como? Muito simples: devem chamar para junto de vós, na liderança da estrutura local, apenas, sublinho, apenas imbecis, preferencialmente sem cérebro. Qualquer pessoa que vos possa ofuscar deve ser imediatamente banida, sem contemplações. Em política, idiotas com alguma capacidade de trabalho (fazer telefonemas, organizar jantares, prestar vassalagem) são ouro.
Bom, depois é esperar pelo cabeça de lista do respectivo círculo e namorá-lo. Juntar alguma chantagem se ele não estiver disposto a dar lugares. Nada que um jantar com poucos e cabisbaixos apoiantes não resolva.
É tão fácil chegar ao Parlamento. E não é preciso saber ler nem escrever.
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