Hocus pocus
Um dos jornais mais lidos do país (acreditando-se que surge espontaneamente em todos os cafés e barbearias como uma espécie de bolor) noticiou em edição recente a formação de uma Liga de Feiticeiros Portugueses em várias localidades dos arredores de Lisboa. A notícia fundamenta-se no site da LFP e nos vídeos colocados no Youtube, em que os seus membros, com idades entre os 8 e os 14 anos, surgem envolvidos em recitação de encantamentos e posando com varinhas mágicas. No site, existem ainda testemunhos escritos de acções do grupo, relatando combates contra bandos rivais liderados por um tal Valdemar (erroneamente referido com a grafia incorrecta "Voldemort", um alerta para os erros cometidos pelos nossos jovens na escrita do português) e em defesa de alguém referido pelas iniciais HP, que os repórteres do Correio da Manhã julgam significar Homicida Paranormal. Para Leonel de Carvalho, responsável pelo Gabinete Coordenador de Segurança, não há motivo para alarmes e só por "delírio" poderá alguém comparar a situação das artes mágicas em Portugal com a que se verifica noutros países, mas admitiu aumento ligeiro no ilícito sobrenatural. "Passámos de uma taxa de queixas por ocorrência mística de 0.00001% em 2006 para 0.00002% em 2007 e isso poderá dever-se à entrada no nosso país de imigrantes que vêm de uma cultura feiticeira a que não estamos habituados," explica, enfiando esferográficas nas narinas para imitar uma morsa. Depois de transformar uma brincadeira de miúdos numa "máfia das favelas", o Correio da Manhã volta a prestar mais um grande serviço ao país. Para Eduardo Dâmaso, director-adjunto, "é responsabilidade dos jornalistas alertar os cidadãos para todas as ameaças, sejam reais ou fictícias." Confrontado com o facto de não ser essa a responsabilidade dos jornalistas, não fez mais comentários, desculpando-se com a investigação de práticas satânicas na claque benfiquista dos Diabos Vermelhos .
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