sexta-feira, setembro 05, 2008

"Playboy", sim... mas nada de terço!

Se virmos bem, em qualquer lugar e a qualquer hora, há sempre um padre, bispo ou cardeal de dedo espetado no ar, apontando a alguém terríveis pecados, ou por actos, ou por pensamentos, ou por um filme, ou por uma escultura, música, livro ou até, como neste caso, umas fotografias.
Infelizmente, estamos já tão habituados à arrogância de "certa" Igreja Católica, que vive convencida de que por direito divino pode exigir que o mundo se molde à sua vontade e aos seus gostos e crenças, que já nem reagimos.
Ainda se os sacerdotes e as suas eternas beatas se limitassem a lavrar os seus protesto, um direito que obviamente lhes assiste... mas não. Avançam sempre com exigências, chamas do inferno, pedidos de condenação em tribunal e desgraçadamente há sempre um juiz pronto para se pôr de gatas e lhes fazer a vontade, condenando, proibindo, apreendendo isto e aquilo, ao sabor dos fantasmas teológico-sexuais dos queixosos.
Este último caso é um bom exemplo. Uma jovem actriz brasileira, de nome Carol Castro, de que nunca ouvira falar, achou por bem espanejar os seus talentos até aí mais escondidos, numa sessão fotográfica para a revista “Playboy”, que eu nem sabia que publicava fotografias, tantas são as pessoas que lhe gabam os textos. A pretexto de vestir (???) umas personagens de “mulheres de Jorge Amado”, lembrou-se de numa ou duas das fotografias segurar entre os dedos... um terço. Danou-se!
“Ai a ofensa ao terço, ai a ofensa à Igreja Católica, ai a ofensa aos fiéis, ai...” Resumindo, ai a ofensa!
Resultado, a tal da “Playboy” do Brasil já está proibida por um juiz, o padre ficou famoso e o bem, mais uma vez, venceu o mal.
Poucas coisas devem interessar-me menos do que esta estória perfeitamente idiota com fotografias de gosto discutível e notória falta de guarda roupa.
O que eu gostava mesmo de saber, pegando numa velha ideia de Eça de Queiroz, é o que podemos nós embargar, apreender ou “cortar” à Igreja Católica, de todas as vezes que a sua hierarquia ofende (tantas vezes tão gravemente) os milhões de praticantes de outras religiões, os simplesmente não católicos, ateus, agnósticos e não poucas vezes, os seus próprios fieis.
Essa sim, seria uma grande informação!
http://samuel-cantigueiro.blogspot.com/

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