A maior parte dos modelos computacionais usados na Wall Street subestimam fortemente o risco das complexas operações hipotecárias, em parte porque o nível de exposição financeira estava próximo "de aplicações capitalizáveis por cem anos", disse o presidente do Capital Market Risk Advisor, Leslie Rahl. Rahl e outros disseram que as pessoas, que gerem as empresas financeiras, preferem programas de gestão de risco que se baseiem em parâmetros optimistas, aos quais são fornecidos dados excessivamente simplificados, desta forma dificultando a detecção atempada de problemas que acabam por se revelar apenas quando é demasiado tarde. Os principais banqueiros não podem simplesmente ignorar os modelos computacionais usados nos seus computadores, porque os reguladores exigem das instituições financeiras que monitorizem o risco das suas posições. Se o modelo indica que a firma comporta um risco crescente, essa firma tanto pode ser obrigada a ruduzir o risco da operação que pretenda efectuar, como a oferecer uma garantias adicionais em capital, como precaução caso as coisas não corram conforme esperado. "Houve um propósito deliberado de projectar os sistemas de medida de risco de forma tal que não fossem revelados todos os riscos apropriados", disse Gregg Berman, da RiskMetrics. "Pretendeu-se manter o capital tão estável quanto possível, de maneira que os limites impostos aos seus delegados se mantivessem estáveis". Berman acresentou que uma das formas utilizadas foi garantir que os modelos de computadores dispusessem de dados espraiados por muitos anos, em vez de os dos últimos meses, o que teve como consequência que os programas demorassem a detectar o crescimento súbito do risco, pois o mercado manteve-se plácido durante muitos anos.
Saul Hansell, How Wall Street Lied to Its Computers, 18 de Setembro de 2008
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