Quando se fala em sobretreino, normalmente associa-se o termo a desporto de alto rendimento, quando, na procura de uma melhor performance, treinadores e atletas seguem programas de treino intenso, com um desequilíbrio evidente entre o treino e a recuperação.
Neste momento, no nosso país temos uma classe profissional em sobretreino, a dos professores. Mas, contrariamente aos atletas que, quando entram em sobretreino, o fazem na modalidade em que são especialistas, os professores fazem-no em áreas que não beneficiam em nada a sua especialidade, ensinar os alunos.
Os professores, actualmente, dedicam muitas das suas horas não lectivas semanais (que, neste momento, equivalem a todas as horas possíveis do dia…e da noite em que não estejam a leccionar…ou a dormir) a reunir: em comissões de avaliadores; conselhos gerais transitórios; conselhos pedagógicos; departamentos e grupos disciplinares. Também elaboram grelhas de avaliação de colegas, objectivos individuais, regulamentos internos, recebem encarregados de educação, fazem formação em avaliação de professores das 19h às 22h00m, enfim toda uma panóplia de situações que sai do essencial da função na escola, ensinar os alunos.
Mas o pior é que depois do referido acima, ainda falta aos professores nestas horas não lectivas (como este termo é abrangente) organizar testes diagnósticos, corrigi-los e preparar as aulas em função desses resultados e da necessidade de cumprimento dos programas, o que muitas vezes é...inconciliável.
Já repararam onde aparecem as aulas? Exactamente, no final de tudo o resto. Pois é isto que está a acontecer em centenas de escolas do nosso país, por causa da avaliação dos professores, que mais não é do que uma imensa panóplia de fichas e documentos a realizar e preencher por todos, mas que no final se resumem a um só resultado: pior ensino, por falta de tempo para o preparar, piores alunos, com a “ajuda” do novo estatuto, mas, surpresa das surpresas, melhores resultados. Como? Muito simples: os professores também vão ser avaliados pelos resultados dos seus alunos.
Ah, já me esquecia, a maioria do nosso corpo docente é do sexo feminino. Sabem o que isso implica em termos familiares, dadas as inúmeras funções de donas de casa e mães de família?
Para terminar gostaria de voltar ao sobretreino. Normalmente “os atletas” que entram em sobretreino, nunca mais voltam a atingir os seus níveis de performance. Será necessário acrescentar mais alguma coisa?
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