sexta-feira, outubro 24, 2008

A Algéria da «Visão» ou «os computadores já fazem esse trabalho…»

Quando há alguns anos os revisores começaram a ser dispensados pelas administrações dos jornais, ficou célebre um engenheiro que explicou: «Não é preciso revisor. Os computadores já fazem esse trabalho…»
A página 73 da Revista «Visão» desta semana apresenta um trabalho jornalístico assinado por Clara Teixeira e João Paulo Vieira o qual, numa caixa intitulada «Onde está o dinheiro», se refere à Argélia como se fosse Algéria. Claro que todos sabemos que em França se diz e se escreve Algerie e que os nosso simpáticos emigrantes dizem os algerianos tal como dizem (por lapso mais que óbvio) os romanos em vez de os romenos. É tudo uma questão de som.
Fazem lembrar um daqueles emigrantes portugueses do princípio (anos cinquenta) quando chegou de férias à sua terra e disse aos primos como era a França: «Oh Primo! Trabalha-se muito, ganha-se bem mas vai quase tudo para as ampolas». Só muitos anos depois é que a malta da aldeia descobriu que ele queria dizer impostos mas julgava que era só dar um arzinho português – ouvia dizer les ampô dizia as ampolas.
O engenheiro não tem razão nem nunca vai ter razão. Os computadores poderão ter programas para corrigir erros de ortografia no Word mas só o espírito e a vivacidade de um ser humano atento pode descobrir um problema de sentido. Algéria não faz sentido naquele texto porque a palavra portuguesa é Argélia. A capital é Argel e não Alger como dizem os franceses. Aqui não era um erro de ortografia. Era algo mais. Algo que não cabe em nenhum computador nem na cabeça de nenhum engenheiro administrador de jornais.
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