Se o critério da quantidade fosse determinante, os 100.000 professores que estiveram na capital, no dia 8 de Março, já teriam resolvido o problema e, hoje, não estaríamos aqui a discutir, a fazer apelos, a apontar indicadores, a fazer “juramentos”. Não tenhamos dúvidas: seja qual for o resultado de toda esta dialéctica — uma ou duas manifestações — nada vai ser resolvido, se, no dia seguinte, os professores forem para as escolas vergados como vírgulas, à espera de uma “intervenção divina”.
Penso não andar muito longe da verdade, se disser que o número de manifestantes é, nesta contenda, secundário. Estou convicto, aliás, de que, se algo temos a ganhar com estas acções, será o desgaste da imagem do governo na opinião pública: nesse sentido, duas manifestações “volumosas” serão mais eficazes do que uma gigantesca, como a de Março, desde que os sindicatos façam questão de mostrar que estão com todos os docentes. Garantimos mais “tempo de antena” nos meios de comunicação social, na medida em que prolongamos o enfoque na nossa causa por mais uma semana. Mas esse será apenas mais um pequeno passo, algo a que Sócrates e Lurdes Rodrigues já estão habituados e cujo antídoto conhecem bem: “deixemos tudo na mesma, que eles, amanhã, voltam para os seus lugares”. Foi o que aconteceu em Março e é o que sucederá em Outubro, se não nos unirmos todos, sem medo, sem cobardia, àqueles que vão à frente, com o seu denodo, dando probíssimos exemplos!
Seja qual for o “escaparate” escolhido, isso não passará de um estrondoso, um vistoso “Haka” destinado a atrair atenções e a intimidar. É preciso, é urgente que, no dia seguinte — no “campo de jogo” — saibamos ser dignos das atenções que vamos despertar, saibamos merecer a admiração dos nossos alunos, provemos à sociedade que não colaboramos em farsas, que não participamos neste ataque letal à escola pública, que a nossa dignidade não tem preço! E como? Com a arma mais eficaz contra a prepotência: a resistência passiva! É preciso que todas as escolas se juntem àquelas que já tomaram iniciativa, para paralisar este sistema de avaliação que envergonha o país: só então estarão criadas condições para ensinar e para negociar o Estatuto da Carreira Docente… com os partidos da oposição, de preferência! É preciso considerar, desde já, a séria possibilidade de uma greve “sine die”, ou seja, uma greve por tempo indeterminado! Se tivermos coragem para tais medidas, então eu tenho a certeza que a “vitória” será da educação. Caso contrário, quanto menos folclore… melhor!
Luís Costa
http://mobilizacaoeunidadedosprofessores.blogspot.com/
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